28 anos da estreia do Korn e ninguém estava pronto!
Em 1994, a sensação da década na música pesada, o grunge, estava encontrando a sua derrocada. Kurt Cobain havia morrido em abril, o Alice in Chains já se encontrava desestabilizado e o Soundgarden anunciaria em breve o seu fim.
Mas no começo daquela mesma década, uma banda começava a dar seus primeiros em Bakersfield, porém, só foi aparecer ao mundo em meados dos 90, com um disco que mudaria os olhares das pessoas sobre o que vinha sendo produzido naquele período. Estou aqui falando do Korn, os conhecidos pais do famigerado new metal, como foi rotulado. A terminologia apareceu assim como o antecessor grunge, pois não se encaixava em nenhum padrão estipulado até ali.
Dentro de sua sonoridade, se encontrava elementos do gótico, do metal, do rap e letras que traziam a frustração de um momento breve passado, aliados agora a raiva e emoção de uma juventude que se via desencaminhada prestes a cair em um novo milênio e sem muita perspectiva em meio a essa revolução da sociedade que acontecia.
Voltando um pouco no tempo para entendermos o contexto de tudo, o rompimento entre os anos 80 e 90 foram bastante conturbados. A nação norte americana saía do padrão Reagan, em que o modelo de ‘american dream’ se tratava da família constituída por pai, mãe e filhos, a casa e o carro próprio, com o pai sendo o provedor e a mãe a dona de casa. Esse fato acabou virando sátira no filme Poltergeist, em que a casa é uma espécie de inimiga da família e vira o terror deles.
Na mudança de décadas, as famílias se racham, a então dona de casa começa a ter um maior êxodo para o trabalho fora de casa e passa também a ser a provedora de casa, muitas vezes a única, pois o modelo da família perfeita se esfacela e casamentos se desmancham, deixando inúmeros filhos sendo criados por um dos lados somente.
E é aí que o disco de estreia do Korn cai como uma bomba na cabeça desses mesmos jovens. Jonathan Davis, compositor da banda, transforma toda a sua angústia e sofrimento, que vão de abuso sexual, bullying, violência e outros mais casos, em uma música densa e tão sombria, que isso reverbera a diversos cantos do mundo sem que alguns dos ouvintes sequer soubessem o que estava sendo cantado, mas a densidade de gritos e até choro do vocalista, aliados a um instrumental atmosférico que serve de fundo para todo esse cenário exposto, acaba impactando além da linguagem. O cenário é palpável na mente de quem se arrisca a escutar o álbum.
“Korn” abre com a seguinte frase gritada por Davis, “Are You Ready?” na faixa “Blind”, porém ninguém estava de fato pronto para o que aconteceria dali em diante, nem mesmo a própria banda ou o público, que anos depois criou uma verdadeira base de seguidores que mesmo tantos anos após o fato e tantos outros discos lançados, ainda se sentem impactados pelas músicas que a banda faz. Quantos são os relatos de pessoas que se dizem identificados nos versos cantados ali e dessa forma encontraram algum conforto em um mundo que parecia não lhes abraçar de nenhuma forma.
No fim, ‘Korn’ recebeu 2x platina, atingiu o topo da para Heatseeker da Billboard, e a posição 72 da Billboard 200. Mas além de números, o disco moldou uma forma de se fazer música naquela época, servindo de inspirações a outros nomes como o Coal Chamber, Limp Bizkit, e futuramente a outros nomes conhecidos e até fora do gênero, como o Evanescence e o Lacuna Coil. Cristina Scabbia e Amy Lee são duas fãs assumidas do grupo.
Seja com qual olhos você enxergue a banda ou o disco em questão, é inegável o que foi construído e como mesmo após esses 28 anos de seu lançamento ele ainda ecoa na mente de muitos e ainda consegue chocar ao que se propõe ter sua primeira experiência.