28 anos do “MTV Unplugged” do Nirvana
A série Unplugged da MTV realmente fez história na música pesada, desde a sua estreia ainda nos anos 80, com a proposta de “desplugar” as bandas e levarem suas performances para algo mais intimista do que o normal.
Passaram pela série diversos nomes como Kiss, Roxette, Eric Clapton, Korn, Queensryche, Paul McCartney, Bob Dylan, e as peças do grunge, Alice in Chains, Pearl Jam, Stone Temple Pilots e claro, o Nirvana, passaram por ali. Este último foi talvez o registro da série de maior expressão mundial.
Foi lançado em disco em 1º de novembro de 1994, meses após a mortes de seu líder Kurt Cobain. Mas voltando no tempo, antes do lançamento físico, lembramos que o show aconteceu no dia quase um ano antes, em 18 de novembro de 1993, no Sony Music Studios.
O clima por ali não era dos melhores, havia muita tensão no ar, principalmente pela saúde de Cobain, que passava pelo processo de reabilitação naquele período e assim, vivia com picos emocionais. As negociações não foram fáceis para que o show acontecesse e começaram bastante tempo antes, com o vocalista relutando em fazer sua participação, mas finalmente, conseguiram, mas nada ainda estava resolvido.
Segundo o baterista Dave Grohl, o Nirvana queria algo diferente daquilo que sempre era apresentado no formato. Conforme ele relata em entrevista, “as bandas que se apresentaram antes propunham fazer exatamente o que faziam em grandes arenas, e não era isso que eles queriam“. Com isso, foi armado um embate com a emissora, que queria a todo custo que o Nirvana fizesse um set somente com seus maiores hits, decisão esta que foi totalmente negada pelo grupo, que optaria por trazer músicas não tão conhecidas, além de covers.
Além disso, a MTV também queria convidados com nomes conhecidos ao lado da banda, e chegou a ser sugerido o nome de Eddie Vedder do Pearl Jam, mas Kurt recusou a proposta, optando por trazer o Meat Puppets, banda com a qual o Nirvana excursionava na época, o que causou um grande desconforto nos bastidores.
Para a estética da apresentação, a inspiração foi o disco “The Widding Sheet” de Mark Lanegan, e segundo o diretor Beth McCarthy, quando Cobain relatou sua ideia de flores, velas e poucas luzes no palco, de imediato lhe veio a ideia de um velório, o qual o líder do grupo disse ser exatamente a imagem que gostaria de passar.
Aconteceram dois dias de ensaio, com certa dificuldade de acertar as faixas nesse formato. Diferente das outras bandas que já haviam participado da série, o Nirvana optou por usar alguns efeitos de guitarra nos violões. No terceiro dia dos ensaios, Kurt acabou não aparecendo, o que causou pânico na produção, pois os ingressos já estavam esgotados e o show aconteceria no dia seguinte.
O show foi um verdadeiro sucesso quando realizado, e a banda conseguiu realizar a gravação em um único take direto. Como dito, o registro só saiu em versão física um ano após e já com Kurt morto, mas foi um verdadeiro sucesso absoluto. Estreou em primeiro lugar na Billboard 200, recebeu a múltipla platina 8x, vendendo mais de 300 mil cópias na semana de lançamento, superando assim o disco “In Utero“. Os críticos ovacionaram o álbum, dizendo que essa é a segunda obra prima da banda, ficando só atrás de “Nevermind”.
Mais do que o sucesso, o Nirvana fez uma revolução dentro do cenário musical com esse formato, e como muitos a época disseram, caso vivo, Kurt poderia muito bem naquele momento ter inventado uma nova fórmula de se fazer grunge. E com certeza, ele conseguiu o feito de criar música sensível e profunda no meio do obscuro.