52 anos de “Paranoid” e a revolução “Sabbathiana” no heavy metal

Se o Black Sabbath é o pai do heavy metal ou não, é uma questão que irá atormentar a humanidade até o seu fim. O fato é que em 1970 o mundo da música pesada não foi mais o mesmo após o lançamento do seu disco homônimo de estreia. Naquele mesmo ano, a banda ainda tinha bala na agulha para mandar ao público, “Paranoid”, a sequência que tinha a difícil tarefa de continuar o que foi iniciado, somente quatro meses antes.

Paranoid - Album by Black Sabbath | Spotify

As coisas estavam tão afloradas naquele momento, que faixa título foi escrita em apenas cinco minutos, conforme o baixista Geezer Butler escreveu a letra em apenas cinco minutos e em pouco tempo, estava criada a faixa principal que levaria o Black Sabbath a causar de vez uma revolução “Sabbathiana” no mundo do heavy metal.

Muitas das suas músicas foram escritas durante shows da turnê do álbum anterior, em improvisos que a banda registrava e deixava como ideias prontas, para a tarefa que viria pela frente.

O disco discorre sobre diversos temas, entre depressão, guerra, temas sociais, entre outros. Emblemático e cheio de significados, uma de suas principais faixas, “War Pigs“, que antes deveria batizar o disco, mas a gravador os impediu por achar “satânico” demais, chamava-se “Walpurgis”, e Butler explica: “Eu queria escrever uma música chamada ‘Walpurgis’ – você sabe, a versão satânica do Natal – escrever sobre que Satanás não é uma coisa espiritual, é belicista. Isso é quem são os verdadeiros satanistas, todas essas pessoas que estão correndo os bancos e o mundo e tentando fazer com que a classe trabalhadora lutasse as guerras por eles. Enviamos para a gravadora e eles disseram: ‘Não, não vamos chamar assim. Satânico demais!’ Então eu mudei para ‘War Pigs’.” 

E Butler ainda adicionou em 2010: “Era eu e cinco crianças morando em uma casa de dois quartos. Meu pai trabalhava à noite, minha mãe trabalhava de dia, não tínhamos dinheiro, nunca tivemos um carro, muito raramente saímos de férias… E de repente, você sabe, ouvimos sobre ‘Se você for para San Francisco, certifique-se de usar uma flor no cabelo’. São Francisco? Onde está isso? O que é toda essa merda de flor? Eu não tenho sapatos nos pés.’ Você podia ver que muitas coisas estavam dando errado no mundo, e ninguém estava dizendo nada sobre isso. Bob Dylan há muito desapareceu da memória atual e não havia ninguém falando sobre as coisas que eu queria falar – coisas políticas – então foi isso que me inspirou.”

Quando lançado, os críticos se renderam ao poderio do registro, apontando como a banda tinha poder para criar um disco tão fabuloso como o anterior, e assim. Com isso, o álbum alcançou a 12ª posição na Billboard 200, ganhando disco de ouro e platina em diversos países.

Mas mais importante do que qualquer outro prêmio, o fato é que “Paranoid” foi algo tão forte, que como apontado, bandas nas três décadas seguintes usaram riffs vindo do trabalho. Nomes como o Metallica, Slipknot, Alice in Chains, entre outras tantas e de diversos gêneros e épocas diferentes, se inspiraram no trabalho. A partir deste ponto, o Sabbath cravou uma fórmula de se fazer música, criou um legado de diversos pontos marcantes e colocou Iommi como o “riffgod” que atravessa gerações e traz influência até hoje.

O culto é renovado e ampliado. Seus fieis continuam seguindo a cartilha que rende os frutos até os dias atuais. A revolução estava instaurada e todos saúdam os ensinamentos.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

One thought on “52 anos de “Paranoid” e a revolução “Sabbathiana” no heavy metal

  • junho 22, 2024 em 11:18 pm
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    Black Sabbath é uma verdadeira religião, vida, filosofia de vida…faz bem ouvir para a saúde!!!! Valeu!!!!

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