Cult of Fire e seu ritual épico em única apresentação em São Paulo
TEXTO E FOTO: Eladia Natali
A banda tcheca/eslovaca Cult of Fire, formada em 2010 pelo “one man band” Vladmir Pavelka retornou ao Brasil e novamente em São Paulo, após 5 anos sem se apresentarem por aqui. Trazidos mais uma vez pela Storm Productions, de Robson Arulac no dia 17/06/2023, sábado. O lugar escolhido foi o Hangar 110, no bairro Bom Retiro, próximo ao Metrô Armênia – SP.
Além de Vladmir que assume a posição de guitarrista com codinome de Infernal Vlad, outros integrantes fazem parte da banda quando se apresentam ao vivo, são eles:
Marek Opatrny: Guitarra (Nekromancer)
Vojtech Holub: Vocal/Ritualista (Devillish)
Peter Hates: Bateria (Tom Coroner)
Sim, você não leu errado, eles não possuem um baixista. Porém não sente-se falta do baixo, já que são utilizados por exemplo, cítaras e outros instrumentos primitivos, além de vocalizações de mantras que preenchem perfeitamente e tornam a apresentação uma verdadeira cerimônia mística.
O grupo retornou às terras brasileiras para o encerramento da Turnê: “Mantras Sobre Latino América 2023”. Trouxeram um novo cenário e novas indumentárias.
Pontualmente às 21:00hs estavam à postos no palco, com as cortinas fechadas e já víamos os “chifres” de Vojtech como parte de sua vestimenta para essa Turnê. Eles são conhecidos por mesclar o Black Metal épico, com influência de músicas e cultura asiática meridional, hindu, védica entre outros elementos esotéricos.
No palco haviam muitas bandeiras, tapetes, flores, frutas e um altar com velas e muitos incensos de sândalo, que trouxe um aroma muito agradável e uma atmosfera misteriosa. Isso foi totalmente inusitado para os fãs desse gênero, já que não estão habituados a esse tipo de apresentação.
“Om Kali Maha Kali” foi a primeira música e assim as cortinas foram se abrindo, nos mostrando um palco ricamente decorado, hipnótico e surpreendente. O público estava participativo e a casa cheia. Algumas pessoas faziam gestos hindus em posição de meditação e dançando, e outros entoavam os mantras, junto com a banda.
Seguindo com “Zrození Výjimečného” e “Nečistý”, deram continuidade ao Culto, deixando a platéia extasiada com o que estavam presenciando. A concentração deles para esse show ritualístico é tanta, que eles ficam completamente focados e isso passa muita seriedade, a ponto deles não interagirem com o público.
Os guitarristas estavam sentados com as pernas cruzadas, sob as imponentes Najas, que já fazem parte do cenário das apresentações da banda. Eles ficavam quase imóveis, entretanto, a execução das músicas foram magistrais. Destaque positivo para a Casa Hangar 110 pela qualidade sonora e iluminação, juntamente com a equipe de organização e produção do show, todos impecáveis!
Prosseguindo com “Jai Maa”, “Har Har Mahaden” e a “Kali Ma” que é bem progressiva, o vocalista fez oferendas às deidades despejando um líquido na estatueta da divindade hindu. Qual líquido seria esse? Essa que vos escreve desconhece.
Logo após “Untitled 1” com suas bases de teclado pré-gravadas, que foram perfeitamente executadas mesmo não possuindo tecladista. “Khanda Manda Yoga” com os guturais impressionantes de Vojtech e “Závět Světu” com sua velocidade incrível, mostrou todo o entrosamento dos guitarristas e baterista, seguidas de “Buddah 1”, na qual tem um mantra no final e “Buddah 5”.
A música final foi a “Burned By The Flame of Divine Love” e então se despediram e agradeceram a interação do público que estava completamente enfeitiçado pela apresentação da banda. Depois de alguns momentos o grupo descaracterizado de sua indumentária, desceram na pista para atender os fãs.
Cult of Fire – Setlist:
- Om Kali Maha Kali
- Zrození Výjimečného
- Nečistý
- Jai Maa!
- Har Har Mahadev
- Kali Ma
- Untitled 1
- Khanda Manda Yoga
- Závět Světu
- Buddha 1
- Buddha 5
- Burned By The Flame Of Divine Love
Mais uma vez o Cult of Fire demonstrou não ser apenas um gênero musical, eles transcendem as fronteiras do estilo, mesclando sua sonoridade e toda a riqueza cultural hindu e tantos outros elementos místicos. Quem teve a sorte de estar lá, presenciou um momento inesquecível e totalmente mágico. Cult of Fire, voltem logo!