Resenha: Soen – “Memorial” (2023)
Os suecos do SOEN lançaram, no dia 1º de setembro de 2023, o seu sexto álbum de estúdio e mostraram qual é a tendência que a banda está seguindo com sua música. A banda, liderada pelos membros fundadores Martin Lopez (bateria) e Joel Ekelöf (vocal), brindou seus fãs com um álbum de qualidade inegável em termos de execução e produção e o nomeou de “Memorial”. Após o lançamento do excelente álbum “Imperial” (2021), este novo álbum chegou repleto de expectativas, mas será que conseguiram se superar?
O SOEN tem um som que mescla peso com boa fluidez quando transitam para melodias suaves, o que cativa de forma interessante os ouvintes. Neste novo álbum, foram incorporadas algumas abordagens mais agressivas em meio a passagens bem melódicas, e o resultado é um disco que segue por um caminho mais acessível, mas sempre equilibrando o peso, contando ainda com algumas das suas canções mais emotivas já lançadas. Na parte lírica, são abordados temas sociais como a guerra na Ucrânia, por exemplo, trazendo alguns bons momentos de reflexão. É inegável o quanto eles têm o poder de nos levar em uma jornada musical contemplativa, oferecendo ao mesmo tempo uma experiência auditiva irresistível. Mas, mesmo dito tudo isso, algo ainda deixou a desejar em meio a toda essa experiência.
Após o lançamento dos singles “Unbreakable”, “Memorial” e “Violence”, já era possível perceber a nova direção que a banda iria seguir. Embora a entrega vocal de Joel Ekelöf esteja mais áspera e as melodias de guitarra mais afiadas quando comparadas ao último álbum, passagens mais radiofônicas podem ser encontradas. “Unbreakable” possui um refrão envolvente e um belo solo de guitarra de Cody Ford que contrastam muito bem com os riffs pesados e as linhas de baixo mais densas. Esta música mostra o quanto o SOEN pode ser bastante pesado mas ainda assim manter sua base melódica. O single “Memorial” ajuda a solidificar essa ideia, mesmo que seja mais crua e intensa, com um refrão dramático que enfatiza os males da guerra, enquanto a linha melódica começa como uma batida marchante que dá lugar a um groove feroz. Essa talvez seja uma das faixas que mais nos remetem ao som praticado no “Imperial”.
“Violence”, o terceiro single lançado, chega cheio de raiva, brutal em alguns momentos, apresentando uma atmosfera sinistra, com um baixo marcante. Isso representa bem os novos caminhos que devem seguir daqui pra frente, caindo em um território que agradará os fãs mais fiéis ao Heavy Metal e também aqueles adeptos de outros estilos. “Violence” traz um contraste bem interessante do peso com a suavidade que o SOEN consegue transmitir nas suas músicas, entrando no território das músicas mais emocionantes que já fizeram.
O trabalho musical feito em faixas como “Hollowed” e “Tragedian” é impressionante e adiciona boas camadas emotivas ao álbum e acrescenta uma boa dose de diversidade, embora o caminho mais “luxuoso” tenha feito com que o peso tenha ficado um pouco de lado. “Sincere”, que abre o álbum, e “Incendiary” se destacam por apresentarem músicas mais rápidas com trabalhos de guitarras mais dinâmicos e vocais imponentes, trazendo a fórmula anterior que foi muito testada por eles, trazendo resultados impressionantes.
“Memorial” é sem dúvida uma boa fusão de técnica, musicalidade e emoção, trazendo passagens bem distintas em alguns momentos e muito belas na maioria do tempo, mas que no fim parece soar como uma tentativa da banda de alcançar um mercado ainda não explorado. O resultado final não poderia ser diferente, e ficamos diante de um trabalho primoroso e de muito bom gosto, mas talvez não muito empolgante. Estamos diante de dez músicas que brilham de forma individual, mas que durante uma audição menos apurada do álbum podem soar mornas e ser facilmente esquecíveis.
NOTA: 8