Felipe Andreoli fala sobre convite de shows com Sons of Apollo, seu disco solo e o futuro do Angra
Felipe Andreoli, baixista do Angra, um dos maiores nomes do heavy metal nacional, e que recentemente passou pelo desafio de estar tocando com um time de peso no Sons of Apollo, conversou comigo, Marcio Machado, sobre a tarefa. Ele ainda falou também sobre seu disco solo “Resonance”, os shows de divulgação e sobre o futuro do Angra. Confere só esse bate papo.
FELIPE ANDREOLI: Fazendo entrevista aqui para o Confere Só, então primeiro lugar Marcio, obrigado pela entrevista.
MARCIO MACHADO: Como foi receber o convite para tocar no Sons of Apollo?
FELIPE ANDREOLI: Cara, foi um convite que me pegou de surpresa totalmente, né? A notícia me chegou pelo Paulo Baron que é o empresário do Angra e que estava fazendo também essa turnê do Sons of Apollo e que já tinha sido cancelado duas vezes durante a pandemia. E aí ele me falou dessa possibilidade, depois eu conversei com o Jeff Scott Soto também, e no começo tudo isso me pareceu meio surreal, a possibilidade de trocar os caras! E aí conforme foi passando o tempo e a coisa foi se concretizando para acontecer dessa maneira, aí eu fui caindo a ficha, putz, parece que vai rolar mesmo de tocar com meus ídolos! Especialmente Mike Portnoy, que eu ouvi tanto e tanto e tanto no Dream Theater, então foi um convite que me deixou bastante ansioso, e muito feliz também por ter sido considerado por caras desse nível para substituir um dos meus heróis que é o Billy Sheehan.
MM: Como foi o processo de tirar as músicas em tão pouco tempo?
FA: O meu processo ele funciona assim, eu ouço muito as músicas, o máximo que eu consigo para que eu possa decorar as estruturas, para que eu possa internalizar o clima de cada música e como é que são os arranjos e etc, isso antes mesmo de começar a tentar tocar no instrumento. Por que quando você tem um ouvido bem treinado se você ouvir o suficiente a música, você já meio que sabe o que tá acontecendo, então na hora que você for pegar um instrumento, você já sabe para onde ir, né? Vou dizer assim que 50/60% está resolvido só de ouvir. E aí depois a gente vai resolver os detalhes no instrumento. Mas foi um processo, claro super difícil! Porque são músicas complicadas músicas difíceis, mas ao mesmo tempo o estilo que eu gosto muito e me identifico muito então foi um prazer também.
MM: Você ainda seguiu com mais uma parte da tour fora da América do Sul, se já esperar por este convite?
FA: Não esperava por esse convite. Eu fiz um show na verdade, a mais além da América do Sul que foi o festival na Armênia. É um festival que eles já tinham marcado. E aí eles basicamente me disseram assim, ‘você já vai estar ensaiado, já vai estar entrosado com a banda depois de seis shows, faz sentido que você vá com a gente para esse festival também. Você topa?’ Eu falei, claro que eu topo. Eu nunca fui para Armênia e que oportunidade né? E nesse festival tinha o Brian May, o Rick Wakeman, Serj Tankian, o Tigran hamasyan, então foi uma oportunidade muito bacana, apesar de ter sido uma viagem super-rápida! Foi muito legal ter ido.
MM: Será que teremos mais um membro do Angra em uma banda internacional?
FA: Olha, a banda tem baixista ainda! Que é o Billy Sheehan, por mais que ele não tenha feito essa turnê, eu fui o substituto no Sons of Apollo, então o Angra continua tendo um baixista, né? Porque o Angra é a minha banda. Eu fui convidado para substituir o Billy Sheehan nesses shows, mas a minha banda continua sendo o Angra. Agora, fazer outras participações com esses caras que tem tantos projetos, isso é uma coisa que eu acho bem possível acontecer! Mas só o tempo dirá.
MM: Agora falando um pouco sobre seu disco solo, “Resonance”, esse já era um material que você trabalhava ou a ideia foi durante os bloqueios da pandemia?
FA: Eu não tinha nenhuma composição ainda específica para o “Resonance”. Fiz basicamente tudo novo, algumas ideias de músicas foram ideias antigas que eu revisitei e acabei desenvolvendo músicas novas a partir dessas ideias antigas e muitas vezes a própria ideia antiga acabou saindo da música, e restou só que era novo, né? Então dá para dizer que eu compus muito focado no disco, e que todas as ideias, ou a grande maioria delas foi composta para o disco agora nessa fase durante a pandemia.
MM: Não é algo muito comum por aqui um baixista liderar um disco solo, e talvez essas ideias não se encaixassem no Angra. Você se desligou completamente do Felipe do Angra?
FA: Cara, não é que eu desliguei do Felipe do Angra, eu estava compondo completamente livre! Então assim, as ideias que eu coloquei o disco são as ideias que saem de mim naturalmente. Quando eu componho para o Angra, é que eu acho que as minhas ideias são mais direcionadas para Angra. Agora no meu disco solo, são as ideias que eu mais gosto das coisas que eu mais me identifico, né? E então não teve nenhum tipo de direcionamento faça isso não faça aquilo, eu me deixei completamente livre para compor o que eu queria. Agora, tem ideias do disco que eu ouço e que eu acho que poderia estar no Angra também! Mas isso é natural, sendo que eu sou um compositor, que também compõem no Angra, e que componho para o meu disco. Então o que é claro que vai assistir um ponto de interseção entre os dois trabalhos.
MM: Você reuniu um grande time para as gravações e também nos shows, chamado Alexandre Aposan e Bruno Faglioni do Rosa de Saron. Como surgiu esse convite além do grande talento deles?
FA: Bom todos os convites que eu fiz eu procurei fazer sempre através de contatos que eu já tinha né? Então já tinha o contato do Simon Phillips, contato do Virgil Donatti, no caso do Guthrie Govan, eu tinha um amigo em comum que facilitou o contato, e outros claro que eu acabei entrando em contato diretamente e sem não conhecer antes, como o Brett Garsed. Mas a grande maioria dos músicos que tocou no meu disco eu já tinha algum tipo de conexão. E aí quando foi a hora de tocar ao vivo, o Bruno Valverde que é quem gravou a maioria da bateria do disco, mora nos Estados Unidos e aí eu tive esse show de lançamento para fazer em fevereiro e eu chamei o Alexandre Aposan que já toca comigo na Four Action, a gente já junta há muitos anos! Quase 10 anos. Então é um cara que eu conheço muito bem, tanto tocando, quanto no nível pessoal e sabia que ia dar perfeita conta de tocar o som do disco e que faria isso também com a cara dele, que é super legal. Eu não tenho nenhuma necessidade, esse sendo um trabalho instrumental que é mais solto, que o cara toque as linhas exatamente como elas foram gravadas. O que eu quero é que o groove esteja lá e seja respeitado, né? Mas, detalhes de arranjo que são peculiaridades de cada músico, isso eu não tenho nenhum tipo de ciúme que o cara mude eu faça diferente. E no caso do Bruno Faglioni, eu acabei conhecendo ele quando a gente fez o trabalho do Adriano, que é o guitarrista que toca no Rosa de Saron também, Adriano Mota, e aí a gente se conheceu e acho que tipo, umas duas semanas depois, eu pensei em convidá-lo para o show. Porque, existe uma música no disco que é a “Thorn in Our Side, que ela nasceu instrumetal e aí o Dino Jelusick, eu chamei ele para cantar uma faixa e ele colocou vocal em cima da música que já existia. E aí eu queria fazer essa versão com vocal ao vivo e eu gostei muito do vocal do Bruno quando eu vi ele cantando essa música do Adriano Mota, e resolvi convidá-lo foi assim que a coisa se desenrolou.
MM: Para finalizarmos, Feilpe, para o Angra, o que os fãs podem esperar do próximo álbum e já existe uma pista para o período de lançamento e se algo do “Resonance” pode ser um indício do que virá.
FA: Bom, o Angra tá no processo de composição! A gente vai gravar o disco em novembro, a partir de novembro, mas a grande parte das músicas, do bojo, que a gente vai gravar, vai ser gravado em fim de outubro, novembro, que é quando o Denis Ward, nosso produtor vem para o Brasil e a gente vai gravar o disco no Brasil. E a gente ainda não sabe data de lançamento. Algumas coisas mudaram no mercado fonográfico durante esses anos de pandemia. E então a gente vai ter que se adaptar a essa nova realidade, a gente não sabe ainda quando é, assim que soubermos a gente vai, evidentemente, divulgar isso aí e musicalmente eu acho que o Angra é uma soma né, é as somas de ideias de cinco pessoas, de cinco compositores que que se reúnem para criar o disco. E é claro que a minha contribuição também vai tá lá e o “Resonance”, me representa bem como compositor, então é bem possível que alguma coisa naquela onda! Naquela cara possa estar nas músicas do Angra, mas isso a gente vai saber só quando as músicas estiverem compostas, por que mais do que música de fulano ciclano que a gente quer ser um grande músicas, né? Independente do compositor. Então tem um longo processo pela frente ainda até a gente chegar nesse ponto de definir repertório e até lá, a gente faz um processo bem aberto assim se tentar experimentar com várias ideias.
FELIPE ANDREOLI:
“É isso aí Marcio, valeu pela entrevista, grande abraço!”
Ótima entrevista