Rush: 49 anos de “Fly by Night”

Há 49 anos, em 15 de fevereiro de 1975, o Rush lançava “Fly by Night“, o álbum de número dois da carreira deste adorável power-trio. Esse discaço é assunto do nosso bate-papo por aqui. Vamos contar um pouco da história deste play. Venha conosco.

Fly by Night” representaria o marco zero de uma sutil mudança na formação que impactaria na história da banda e começava a se tornar uma das gigantes do Rock Progressivo. Após o primeiro álbum da banda, lançado um ano antes, o baterista John Rutsey viu-se obrigado a sair da banda por problemas de saúde. O cara sofria de diabetes e não tinha condições físicas de aguentar a batida de viajar e fazer turnês. Para seu lugar, entrou um sujeito do qual Alex Lifeson e Geddy Lee não botaram muita fé no começo.

Esse cara era o gênio Neil Peart. Um sujeito alto, magro e desengonçado, mas que surpreendeu com suas habilidades atrás de seu kit de bateria. Mais tarde, ele também seria responsável por passar a escrever as letras, uma vez que os seus dois novos parceiros não eram tão familiarizados com a escrita, e Neil, consumidor voraz de livros, acabou se incumbindo da função de letrista, o que deu à banda uma característica mais literária na forma de abordar suas letras. O futuro nos diria que a troca foi mais do que acertada. Porém, aqui em “Fly by Night“, ele dividiria as letras com Geddy Lee.

Fly By Night” marca uma outra mudança: a de direcionamento sonoro. Aqui o Rush tirou muito de suas influências do Led Zeppelin, que marcava seu álbum de estreia e assim ia moldando o seu som progressivo. Além disso, a entrada de Neil Peart na banda deu um up, uma vez que o saudoso baterista que nos deixou há dois anos, tinha muito mais técnica que seu antecessor, o que ajudou a enriquecer ainda mais a sonoridade do trio canadense.

Então a nova formação se reuniu no “Toronto Sound Studios“, sob a batuta do produtor Terry Brown, que co-produziu a bolacha junto com a banda e assim concebeu-se um dos álbuns mais clássicos da banda. Eles ficaram trancafiados no estúdio durante o mês de dezembro de 1974 e a mixagem e masterização foram realizadas em janeiro de 1975. Vamos então destrinchar faixa por faixa dessa belezura?

A abertura se dá com a não menos que impactante e sensacional “Anthem“. Do alto de sua quebradeira, já mostra que os caras chegaram chegando. Essa é uma música que eu conheci quando escutei o tributo ao Rush chamado “Working Man“, capitaneado pelo baterista Mike Portnoy. “Best I Can” chega com viradas fantásticas de Neil Peart e uma levada hipnótica dos três músicos durante sua extensão. A sonoridade extraída por estes canadenses aqui é surreal.

Beneath, Between & Behind” tem todo um psicodelismo em sua duração, com belos riffs de guitarra que se repetem de forma que grudam em sua cabeça. Essa foi a primeira letra que Neil Peart escreveu para o Rush. Em seguida chegamos a outra das minhas favoritas de sempre na carreira do Rush: “By-Thor & Snow Dog“. Carregada de feeling e nem mesmo o fato de ter mais de oito minutos de duração, divididas em quatro partes, faz dela uma música pedante, pelo contrário, é de uma magia que nos contagia. Essa é outra faixa que eu conheci através do “Working Man“, o já mencionado tributo.

Fly By Night“, a faixa que dá o nome ao homenageado de hoje é a mais simples de todo o play, mas é um clássico sem precedentes. Me arrisco a dizer que a música foi o maior clássico da banda até a chegada de uma certa “Tom Sawyer“. Neil Peart dá outro show, com mais viradas fantásticas em seu kit de bateria. Peart escreveu essa música baseado na sua experiência de se mudar do Canadá para Londres, antes de ele entrar no Rush. “Making Memories” mantém a simplicidade da faixa anterior e aqui a guitarra só dá as caras durante os solos, pois em sua execução Alex Lifeson deu preferência ao violão, que caiu muito bem.

Rivendell” é uma baladinha em que apenas a voz de Geddy Lee e novamente o violão de Alex Lifeson conduzem a canção de maneira calma do início ao fim. Neil Peart homenageou o livro “O Senhor dos Anéis“, de JRR Tolkien. Anos antes de o Blind Guardian se inspirar no autor para fazer seus discos, o Rush já fazia isso. “In the End” começa com um violão, dando a impressão de que a música assim será conduzida, mas logo a guitarra assume tudo e junto com a voz esganiçada de Lee, são os destaques do último capítulo desta verdadeira obra-prima, que emociona o ouvinte em seus pouco mais de 37 minutos de duração.

Assim “Fly by Night” nasceu como um grande clássico e até hoje é idolatrado pelos fãs, não só da banda, mas quem aprecia um Rock bem feito, visceral, setentista. O álbum estreou na nona posição nos charts canadenses e em centésimo décimo-terceiro lugar na “Billboard 200”. Recebeu certificações de Disco de Platina nos Estados Unidos e no Canadá. Foi relançado por duas oportunidades, com novas remasterizações, sendo a primeira vez no ano de 1997 e a outra em 2015, esta última, para comemorar os 40 anos do lançamento original.

Após o lançamento, a banda saiu em turnê pelos Estados Unidos e Canadá entre os meses de fevereiro e junho de 1975. As apresentações incluíram shows de abertura para o Kiss e o Aerosmith, além de ter começado a ficar gigante em seu país natal, onde culminou com uma apresentação no Massey Hall, em Toronto, com todos os ingressos esgotados. Um público de 4000 pessoas estava lá para ovacionar o trio.

Infelizmente perdemos nossa fera Neil Peart e a banda havia se aposentado antes desta triste notícia, mas é um disco que merece ser comemorado, escutado e reverenciado não só na presente data, mas por todos os dias. Vamos ouvir no volume máximo. O Rush é mais do que uma banda, é uma instituição e deveria ser ensinado nas escolas.

Fly by Night – Rush

Data de lançamento: 15/02/1975

Gravadoras: Anthem (Canadá) e Mercury Records (resto do mundo)

Faixas:

01 – Anthem

02 – Best I Can

03 – Beneath, Between & Behind

04 – By- Thor and Snow Dog

I – At the Tobes of Hates

II – Across the Styx

III – Of the Battle

IV – Epilogue

05 – Fly by Night

06 – Making Memories

07 – Rivendell

08 – In the End

Formação:

Geddy Lee – vocal/baixo

Alex Lifeson – Guitarra/ violão

Neil Peart – bateria

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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