Soundgarden: 30 anos do multipremiado “Superunknown”

O ano de 1994 foi bastante importante em diversos setores: tivemos no esporte a perda do tricampeão Ayrton Senna e o tetra da seleção brasileira, dos tempos que os jogadores atuavam por amor a camisa; o Plano Real entrava em vigor, em igualdade de condições com o dólar, nos dando a falsa expectativa de que, enfim, teríamos uma moeda forte; na música, o Poppy Punk emergia, se aproveitando da decadência do movimento Grunge, onde o Pearl Jam brigava com a mídia e com a Ticketmaster, empresa que detinha o monopólio de vendas dos ingressos das casas de shows estadunidenses; o Alice in Chains abortava uma tour com o Metallica, enquanto que o Nirvana encerrava suas atividades e teria no suicídio de Kurt Cobain o doloroso capítulo final. A vida precisava seguir e o Soundgarden lançava neste 8 de março, “Superunknown“, o quarto álbum de sua discografia e que é tema do nosso bate-papo por aqui neste Dia Internacional da Mulher.

A banda vinha do sucesso de “Badmotorfinger” e precisava fazer um novo disco que fosse à altura, até então, o play mais bem sucedido. “Superunknown” não somente esteve à altura em temos musicais, como bateu o antecessor nas paradas, estreando de cara na primeira posição da “Billboard 200”, fazendo com que a banda alcançasse o status de supergrupo, tal qual seus conterrâneos Pearl Jam e Nirvana.

O quarteto começou a trabalhar no novo álbum tão logo se findou a turnê do ótimo “Badmotorfinger“. Eles se reuniram no “Bad Animals Studio”, em Seattle, entre os meses de julho e setembro de 1993, com a produção de Michael Beinhorn, com a banda atuando na co- produção, além da mixagem, que ficou a cargo de Brendan O’Brien.

A sonoridade de “Superunknown” tem uma sutil diferença em relação aos álbuns anteriores, pois o peso foi deixado um pouco de lado. Então tem momentos do álbum que o Soundgarden ainda soa como Black Sabbath, mas em outros, como por exemplo, na bela “Head Down”, podemos perceber muito do Led Zeppelin. Mas também tem algo bem visceral como em “Kickstand“, uma canção quase Punk Rock. Eles arriscaram diversas afinações em diferentes canções e o resultado foi mais do que satisfatório.

O álbum é um tanto quanto extenso, são 16 músicas em 73 minutos de duração, que em alguns momentos, principalmente mais para o final do play, sejam de um pouco de monotonia. Nada que torne o álbum chato ou algo do gênero, até porque se trata do maior sucesso comercial da banda e alguns de seus maiores hits estão por aqui, como “Black Hole Sun” e “Spoonman“, por exemplo. Temos outras ótimas canções como a grooveada “Let me Drown“, que abre o play, a Hard “My Wave“, a clássica  “Fell on a Black Days” ou a densa “Mailman“. Também temos a faixa-título que garante ótimos momentos durante a audição e a melancólica e pesada “The Day I Tried to Live“.

Como dissemos acima, foi o disco que trouxe o maior êxito comercial ao Soundgarden: alcançou o 1º lugar na “Billboard 200”, mesma posição alcançada na Austrália e da Nova Zelândia; no Canadá, ficou em 2º, na Suécia ficou em 3º, no Reino Unido ficou em 4º e chegou ao 5º lugar na Noruega. “Black Hole Sun” foi um dos cinco singles lançados para a divulgação de “Superunknown” e alcançou o primeiro lugar nas paradas, além de ter tido seu videoclipe veiculado à exaustão na época pela MTV, se tornou o maior hit da carreira da banda.

Nosso trintão foi certificado com Disco de Ouro na Itália, Reino Unido e nos Países Baixos, Duplo Platina na Suécia, Triplo Platina na Austrália e Canadá, além de 5 vezes Platina nos Estados Unidos. A revista estadunidense “Pause & Play”, classificou o álbum na 11ª posição dentre os cem melhores discos dos anos 1990; a “Rolling Stone” classificou o álbum na 336ª posição em sua lista dos “500 Melhores Álbuns de Todos os Tempos”; a “Spin” deu à “Superunknown” a 70ª posição em sua lista dos cem melhores álbuns dos anos 1990 e por fim, a “Kerrang” fez uma lista com os cem álbuns que você deve escutar antes de morrer e nosso aniversariante entrou na 70ª posição.

A cereja do bolo, foi a quantidade de prêmios que a banda ganhou por conta do álbum: em 1995, o Soundgarden levou dois prêmios no Grammy Awards: a canção “Black Hole Sun” ganhou na categoria “Melhor Performance Hard Rock” , enquanto que “Spoonman” levou na categoria “Melhor Performance Metal”.

Hoje não temos mais o Soundgarden, que se foi quando Chris Cornell resolveu tirar a sua própria vida. Mas sua obra e seu legado estão aí vivos. Hoje é dia de celebrar e escutar no volume máximo o mais novo trintão do Rock. “Superunknown” é merecedor de todos os elogios e confetes. Eu ouço gente morta!

Superunknown Soundgarden

Data de lançamento: 08/03/1994

Gravadora: A&M

Faixas:

01 – Let me Drown

02 – My Wave

03 – Fell on Black Days

04 – Mailman

05 – Superunknown

06 – Head Down

07 – Black Hole Sun

08 – Spoonman

09 – Limo Wreck

10- The Day I Tried to Live

11 – Kickstand

12 – Fresh Tendrils

13 – 4th of July

14 – Half

15 – Like Suicide

16 – She Likes Surprise (Bônus Track)

Formação:

Chris Cornell – vocal/guitarra

Kim Thayik – guitarra

Ben Shephred – baixo

Matt Cameron – bateria

Participações especiais:

April Acevez – Viola em “Half”

Artis the Spoonman – Colheres em “Spoonman”

Michael Beinhorn – Piano em “Let me Drown”

Justine Foy – Violoncelo em “Half”

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

One thought on “Soundgarden: 30 anos do multipremiado “Superunknown”

  • maio 28, 2024 em 10:30 pm
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    Clássico, bons tempos!!!! Black Hole Sun passava demais na MTV de antigamente, Valeu!!!!

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