Com plateia na mão, Bruce Dickinson passeia pelo repertório solo em show empolgante no Rio
Texto por: Carlos Monteiro
Eram 22h15 de uma véspera de feriado quando o baixinho mais querido do heavy metal entrou no palco do Qualistage, no Rio de Janeiro, para cerca de duas horas de um show competente e empolgante, quando desfilou alguns dos seus principais sucessos na carreira solo paralela ao Iron Maiden.
Comandando a plateia a seu dispor, e amparada por uma incrível banda, Bruce Dickinson, o homem de muitos talentos, cantou, pulou, fez caras e gestos e até abençoou um pedido de casamento nesta sua quinta apresentação para promover, no Brasil, o álbum solo “The Mandrake Project”. O show desta terça-feira (30/04) foi a quinta parada de sua turnê brasileira. após passagens por Curitiba (24/04), Porto Alegre (25/04), Brasília (27/04) e Belo Horizonte (28/04), e ainda com mais dois shows previstos em Ribeirão Preto (02/05) e São Paulo (04/05).
No caso do Rio, estava completa a receita composta por fãs dedicados, bom som da casa, setlist poderoso e visual interessante. É fato que a capacidade de mais de 8 mil pessoas não foi atingida, situação comprovada pelos fatídicos panos pretos limitando o uso da parte de trás da pista. Porém, a pista premium encheu bem mais rápido que a comum, embora os outros espaços tenham sido ocupados em boa parte até o início do show.
Como em qualquer show do Iron Maiden, o aspecto visual é parte importante e foi composto pelos vídeos com filmes de terror antigos no telão, figurinos da banda e presença de palco de todos os integrantes. Bruce por si só era o principal garoto propaganda de si mesmo, ostentando uma camiseta de seu merchandising, jaqueta também com ilustração do novo álbum e gorro com o “M” do “The Mandrake Project”. Visual que, no seu conjunto, remete à histórica apresentação no Rock in Rio em 2001.
A banda, composta pelos guitarristas Philip Näslund e Chris Declercq, a baixista Tanya O’Callaghan, o baterista Dave Moreno e o tecladista Maestro Mistheria era um show à parte, garantindo a parede sonora necessária para o capitão comandar sua tropa e executar as canções.
Por falar nelas, o seguro setlist que vem apresentando na turnê brasileira tem algumas trocas e com o Rio não foi diferente. A inserção de “Laghing in the ?Hiding Bush” no local de “Starchildren”, a retirada de “Gods of War” e a colocação de “Jerusalem” na volta do bis foram algumas dessas escolhas.
O já previsto áudio da introdução da série de TV americana “The Invaders” é o início de tudo, seguido de “Toltec 7 Arrival”, tema instrumental presente no álbum “Accident of Birth” ainda apenas no som mecânico.
Ao entrar no palco com sua banda de apoio já presente, o que falta em estatura a Bruce é compensado pelo impacto da sua presença ali, à frente de todos em uma casa pequena para os padrões Maiden. A expectativa em relação a “Accident of Birth” é atingida e mostra que, sim, foi de fato dado o pontapé inicial do show, seguida por “Abduction” e a já citada “Laughing in the Hiding Bush”, com uma performance saltitante do anfitrião.
Chega então a primeira canção de “The Mandrake Project”, “Afterglow of Ragnarok”, muito bem recebida pelo público, bastante diverso, com idades entre 10 e 70, e mostrando que fã de Iron Maiden é dedicado mesmo. E o ritmo não para com as potentes “Chemical Wedding” e “Many Doors to Hell”. Entre elas, a primeira conversa de Bruce diretamente com a plateia, quando revelou que o Brasil era um “lugar especial” para ele.
E lá vem “Gates of Urizen”, iniciada após Bruce comentar que havia inserido ela recentemente no set e que gostou do resultado, para então ouvirmos mais uma canção do álbum mais recente: “Resurrection Men”, seguida da impressionante “Rain on the Graves”.
Chega a primeira “pausa” da noite para o senhor de 65 anos poupar um pouco a voz. Pausa mais ou menos porque Bruce assume a percussão ao longo de “Frankstein”, cover do Edgar Winter Group que só evidencia que banda incrível o está acompanhando. O blues rock preenche a casa de shows e mantém o pique da plateia.
Mas o destaque da faixa instrumental não é só esse. Aparece uma mensagem no telão, no estilo de filme mudo, atestando: “Oh, Meu Deus! Isso é um teremim!”. E Bruce se vira para tocar o inusitado instrumento em que as mãos não o tocam, com aquele característico som de filme de terror antigo, com o qual aliás a imagem de Bruce interage no telão, em um efeito bem interessante.
Voltamos então para os temas próprios, com “The Alchemist”, cantada a plenos pulmões pela plateia, para chegarmos ao ápice de participação do público no show: a execução catártica de “Tears of the Dragon”, muito esperada por todos.
O impacto da canção foi tanto que até pedido de casamento na plateia houve, fato comentado por Bruce na volta do intervalo para o bis logo após “Darkside of Aquarius”, que fechou a primeira parte do set. “Foi você que fez o pedido? Parabéns!”, congratulou Bruce ao fã, para logo esclarecer à plateia que o pedido não foi feito à baixista Tanya, arrancando risadas da plateia e da própria musicista.
Daí em diante, foi só empolgação, com o público cantando a plenos pulmões e sabendo que o fim se aproximava, na sequência arrebatadora de “Jerusalem”, “Book of Thel” e “The Tower”. Ao final, não podiam faltar os gritos tradicionais de “Olê, olê, olê, Brucê, Brucê” e a lembrança do vocalista do Iron Maiden que estará de volta ainda esse ano, conforme os shows agendados para a banda em dezembro, em São Paulo.
A noite foi iniciada com os brasileiros do Noturnall, que acompanharão Bruce nos próximos shows após a banda Clash Bulldog´s precisar cancelar a turnê por conta do problema de saúde, não revelado, de um dos integrantes. Liderada pelo vocalista Thiago Bianchi, a Notturnal foi bem recebida, muito em função da simpatia de seu líder, sempre interagindo com a plateia e mostrando-se muito grato por estar ali, valorizando a equipe pelo fato da banda ter “caído de para-quedas” e terem organizado tudo “em menos de 24 horas” .
O show teve um pouco menos de uma hora, a bordo do álbum mais recente “Cosmic Redemption”, trazendo “Try Harder” e a faixa título, além de “Wake Up”, do álbum “9”, que segundo Thiago busca inspirar as pessoas a superarem obstáculos e realizarem seus sonhos. Completaram a banda Saulo Xakol (baixo), Henrique Pucci (bateria) e Victor Franco (guitarra). O guitarrista americano Mike Orlando, com quem a banda se apresentou no Summer Breeze, não pôde estar presente a este show.
-
Accident of Birth
-
Abduction
-
Laughing in the Hiding Bush
-
Afterglow of Ragnarok
-
Chemical Wedding
-
Many Doors to Hell
-
Gates of Urizen
-
Resurrection Men
-
Rain on the Graves
-
Frankenstein
-
The Alchemist
-
Tears of the Dragon
-
Darkside of Aquarius
Encore:
-
Jerusalem
-
Book of Thel
-
The Tower
Que baita resenha!
Melhor do que isso, somente estando lá.