Bruno Valverde conta como foi tocar com o Sepultura substituindo Eloy Casagrande
Em 2o22, o Sepultura teve como baterista, Bruno Valverde. O fato se deu após Eloy Casagrande quebrar a perna e ele próprio escolher o baterista do Angra para completar a então turnê do Sepultura.
Quando participou do Canal Amplifica, o podcast de Rafael Bittencourt, Valverde detalhou como foi receber a ligação do amigo e a preparação para conseguir realizar o show, tendo somente um dia e meio para praticar e conhecer as músicas do setlist. Ele diz:
“Eu e o Eloi tivemos o mesmo professor, e era o professor Lenilson Silva. Excelente baterista, excelente professor. Então, a gente sempre conversava, conhecia a família, aquela coisa toda. Então, ele me ligou: Mano, preciso falar com você urgente. Eu pensei: “Ah, deve ser equipamento que ele quebra, né? Vinte pratos por show, assim, quebra tudo, né? Não, ele falou, preciso ligar para você. Então, quebrei minha perna. Mas pera aí, a gente precisa falar dos shows, vai ter problema, queria que você…Eu disse, não, pera, vamos falar da sua perna primeiro, né, cara? Mas, enfim, tinha que ir para o assunto. Aí ele falou, o Sepultura precisa terminar essa turnê. Eu pensei em você para fazer os shows. Eu ri, claro. Isso foi na segunda. Então, na quarta-feira, tem o primeiro show em San Diego. Peguei na segunda-feira ali, fiquei umas 5, 6 horas na bateria só estudando resistência. E aí, na terça-feira, eu fiquei, cara, umas 11 horas para tirar as músicas.
Porque, sem contar o Sepultura, não precisa nem falar da honra que é subir no palco com o Sepultura e tal. Por essa questão toda, eu falei: ‘Eu não posso subir no palco do Sepultura e fazer qualquer coisa, cara.’Como a gente estava falando, peguei na segunda-feira ali, fiz um trabalho de atleta, fiquei umas cinco, seis horas na batera só estudando resistência para pegar a parada toda. Dois anos e pouco sem tocar o metal no palco, você sabe como é a vibe, né? Você sabe o ritmo de jogo. Estava tocando várias outras coisas que estão na mão, mas a vibe do show em si, apesar de estar no ritmo de jogo, é diferente. Aí eu falei: ‘Deixa eu pegar essas cinco horas para tentar o meu ritmo de jogo aqui.’ Na terça-feira, eu fiquei, cara, umas 11 horas, perto de 11 horas, tocando batera para tirar as músicas. A proposta era 15 músicas, mas eu falei assim: ‘Vou fazer redondo, treze músicas.’ Eu aprendi treze músicas mesmo em um dia .”
Andreas Kisser falou sobre a experiência de ter Bruno no Sepultura por esse tempo. Ele comenta em participação também no Amplifica:
“Bruno Valente! Cara, isso foi uma das coisas mais surreais do mundo. O Eloy quebrou a perna dele e, a gente tinha mais uma semana de tour, mais quatro shows, eu acho. Ele quebrou a perna, caiu do palco lá, enfim, já ficou no hospital, etc.
No dia seguinte, a gente já estava falando de possibilidades, não sei o quê, falando do Bruno, que o Eloy é amigo do Bruno. Eles já se conhecem. E, velho, a gente tinha quatro shows para fazer: Fênix, San Diego, Los Angeles e São Francisco. Pô, tudo ali na Califórnia. E onde mora o Valverde? Em Los Angeles. Ele foi para o primeiro show com o carro dele assim. Ele estava lá disponível e pronto para fazer o negócio.
E, cara, ele foi e pegou o carro dele, foi lá para San Diego. A gente fez uma passagem de som, não sei o quê. O Eloy escolheu o repertório com ele e tudo. Ele pegou inclusive três músicas novas do disco “Quadra”, que foi o interessante. Ele achou mais fácil pegar essas músicas do Eloy do que as músicas antigas, porque é uma outra cabeça. É aquela que a gente estava falando, sabe, do Click, não sei o quê, aquela coisa de mudar o ponto de vista, de tirar música antiga e achar: “Quem fez isso?”, e ver que foi você mesmo. É um outro conceito, é muito louco, de uma cabeça mais jovem, ver as estruturas e a maneira como o Igor via a música ou a gente vê a música, né?
Mas, pô, o Bruno fez um trabalho excepcional, cara, de uma turnê foda, uma turnê importante. Ele ajudou a gente demais a terminar aquele processo, a terminar a tour. O Eloy veio para o Brasil, fez a cirurgia, hoje ele está 100% recuperado, etc. Ele gostou muito. O Bruno foi demais, mano, foi demais. E ele fez um trabalho magistral. Eternamente grato. No terceiro show ele já estava bem mais solto. A gente já estava mais tranquilo, porque o primeiro show foi tenso demais. Aquela coisa assim. Funcionou, foi bem legal. Foi bom.
Mas no terceiro a gente já estava mais confiante, né? Um com o outro, mais solto, mais tranquilo. Muito bom. E o nível, o Bruno, tanto o Bruno quanto o Eloy, têm um nível, cara, uma finesse, sabe? De tocar tanto com vocês quanto… Faz um trabalho lá também muito foda!”
O cara é músico…e, músico toca de tudo e todos os estilos!!!! Me surpreendeu na época esse relato e atitude, saiu da zona de conforto e assim foi!!!! Valeu!!!!