Rsenha: Gatecreeper – “Dark Superstition” (2024)
Gatecreeper pode muito bem reivindicar o trono do desert death metal. Isso se justifica pelo fato de que o grupo de death metal do Arizona compartilha a mesma crueza e intensidade que caracterizam as lendárias bandas nórdicas das quais se inspiram. Enquanto essas bandas operam em climas gelidamente estáticos, o Gatecreeper emerge do calor infernal do deserto, trazendo uma energia abrasadora que se reflete em sua música.
Cada álbum do Gatecreeper combina elementos do death metal sueco e da Flórida, integrando o deserto de Sonora como parte essencial de sua identidade. No seu mais recente lançamento, Superstitious Vision, lançado pela Nuclear Blast Records e trazido ao Brasil pela Shinigami Records, a banda parece ter encontrado a fórmula perfeita para a composição e a identidade do death metal old school, enraizada na vastidão do deserto do death metal.
A simplicidade dos riffs movidos a motosserra e dos grooves primitivos é o que distingue o Gatecreeper de outros atos contemporâneos pesados. Talvez isso se deva às influências hardcore da banda, mas o talento evidente do Gatecreeper para amalgamar riffs pesados e cativantes, mantendo a composição relativamente simples, brilha intensamente neste disco. Faixas como “Superstitious Vision”, “The Black Curtain” e o hino contorcido “Flesh Habit” exemplificam essa abordagem única e caracterizam a versão do death metal que o Gatecreeper entrega.
Isso não significa que Superstitious Vision careça de complexidade. A banda equilibra os hinos de groove lento com músicas freneticamente intrincadas, criando uma experiência de álbum dinâmica. Especificamente, “Oblivion”, “A Chilling Aura” e “Mistaken For Dead” destacam as performances mais intensas e elaboradas da banda, enquanto “Tears Fall From The Sky” encerra o álbum com uma nota doomy-death, reminiscentes do EP de 2021, An Unexpected Reality.
O Gatecreeper, portanto, não apenas continua a evoluir, mas também consolida sua posição como uma força distinta no cenário do death metal, mesclando a brutalidade do gênero com a implacável paisagem sonora do deserto.