Em sábado frio, Eric Clapton esquenta público do Vibra com clássicos e “aula ao vivo” de guitarra
Texto: Renan Abbade
Após mais de uma década, Eric Clapton voltou a pisar em terras tupiniquins. Batendo na casa dos oitenta, mesmo discreto, guitarrista animou público que esteve no Vibra na noite de sábado (28).
O sábado um pouco mais frio em São Paulo já esquentou com a presença no palco de Gary Clarke Jr, convocado para abrir os shows de Clapton da atual turnê. O texano de 40 anos tentou interagir com a plateia e conseguiu conquistar boa parte dos que ali estavam.
Assim como logo mais se veria com a estrela da noite, toda banda de Clarke teve destaque. O apoio do trio de backing vocals femininos em algumas músicas dava um brilhantismo a mais ao talentoso músico.
Clapton apontou no palco exatamente às 21 horas, horário previsto para o início de sua performance, na primeira de suas duas noites na capital paulista.
A pista foi tomada por um mar de celulares, ávidos pela primeira nota de guitarra e pelas primeiras imagens no palco do Vibra.
E foi com a clássica “Sunshine of Your Love”, de sua fase no Cream, que tudo teve início. O baixista Nathan East de cara já mostrou que não estava ali apenas para tocar suas cordas. Mandou ver no vocal e, como pôde-se ouvir no meio do público, esbanjou simpatia.
Não precisa nem falar que logo no início o público já entrou no clima. Direto ao ponto e de poucas palavras, Clapton distribuiu uns e outros “obrigados”, além de sorrisos discretos.
Na sequência, vieram “Key to the Highway” de Charles Segar, “I’m your Hoochie Coochie Man” de Willie Dixon, fechando a primeira parte elétrica novamente com Cream: “Badge”.
A sessão acústica mexeu com o público que, logo na primeira canção, “Kind Hearted Woman Blues”, de Robert Johnson, acompanhava com palmas.
E então vieram “Running on Faith”, “Change the World” (Wynonna Judd), com seu refrão cantado a plenos pulmões pela galera, e “Nobody Knows You When You’re Down and Out” (Jimmy Cox).
Então Clapton abriu espaço e chamou ao palco o músico brasileiro Daniel Santiago. Com ele, apresentou “Lonely Stranger”, “Believe in Life” e fechou brilhantemente com “Tears in Heaven”, muito vibrado pelo público.
Na volta das guitarras, veio “Got to Get Better in a Little While” de Derek and the Dominos. A partir de “Old Love”, foi um desfile de solos; foi aí que Clapton deu sua aula. Mas a banda não ficou atrás, mostrando que é parte importante do show. Algumas dobradinhas com o guitarrista Doyle Bramhall II, e os responsáveis pelas teclas (Tim Caarmon – órgão, Chris Stainton – teclados) mostraram suas habilidades. Sem esquecer, é claro, da excelente dupla de backing vocals: Sharon White e Katie Kisson.
O espetáculo continuou com mais duas de Robert Johnson (“Cross Road Blues” e “Little Queen of Spades”). Já de boca aberta com o que presenciava, o público explodiu com a clássica “Cocaine”, com direito a um breve improviso “bossa nova”.
Para o bis, Clapton voltou com dois convidados: Gary e Santiago, que muito bem acompanharam a estrela da noite, mostrando que a geração mais nova está bem representada. A escolhida para fechar foi “Before You Accuse Me” (Bo Diddley).
Quem esteve no show certamente foi para casa satisfeito. Clapton interagiu pouco, mas mostrou-se ainda em forma e com boa voz para suas canções, dando uma verdadeira aula de guitarra em cima do palco.