Rush: 35 anos do álbum “Presto”
Há pouco mais de 35 anos, em 17 de novembro de 1989, o Rush lançava “Presto”, o 13° álbum do maior power-trio da história da música e sobre o qual iremos tratar em nosso papo, ainda que com alguns dias de atraso.
Em maio de 1988, após o término da turnê do álbum “Hold Your Fire“, Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart concordaram em tirar os próximos seis meses para descansar antes de começarem os trabalhos de composição do novo álbum. Neste meio tempo, eles lançaram o álbum ao vivo “A Show of Hands“, que saiu em LP e VHS, que acabou sendo muito bem recebido pelos fãs. Em dezembro de 1988, todos se reuniram na casa de Neil Peart para começar a discutir o direcionamento das novas canções.
O trio começou a escrever novas canções, seguindo a mesma prática usual, com Geddy Lee e Alex Lifeson escrevendo as partituras e Neil Peart escrevendo as letras. Entre junho e agosto de 1989, eles se dividiram entre o Le Studio, em Quebec, e o McClear Place, em Toronto. A própria banda assinou a produção, sendo auxiliada por Rupert Hine. Eles fizeram uma proposta para que Peter Collins continuasse a produzir, mas ele recusou. A banda gravava de segunda à sexta e passava os finais de semana em suas casas. Neil Peart escreveu sobre o período em estúdio. Aspas para o baterista imortal:
“No final do dia, eu poderia vagar pelo estúdio, com cubos de gelo tilintando, e ouvir o que eles estavam fazendo, e se eu tivesse sorte, mostraria algo novo a eles.”
“Presto” foi o primeiro álbum a ser lançado internacionalmente pela Atlantic, depois que o contrato com a Mercury se encerrou. Eles gravaram o play antes mesmo de fechar com o selo. O álbum marca também uma mudança gradativa na sonoridade que a banda havia estabelecido nos anos 1980, baseada nos sintetizadores. As guitarras voltavam a ter o protagonismo, ainda que de maneira bem tímida. O ápice das guitarras seria nos álbuns “Counterparts” e “Test for Echo“, mas no nosso homenageado do dia já tínhamos um breve rascunho dessa mudança sonora. O resultado agradou a Alex Lifeson, pois nos álbuns anteriores, as guitarras eram preteridas. Geddy Lee também explicou sobre as mudanças no álbum:
“(Presto seria) mais um álbum de cantores, e acho que você notará que os arranjos musicalmente apoiam os vocais. […] As letras de Neil para mim são muito mais sinceras. […] Este álbum foi uma reação real contra a tecnologia em certo sentido. Eu estava ficando doente e cansado de trabalhar com computadores e sintetizadores. […] Fizemos um pacto para ficar longe de cordas, pianos e órgãos – para ficar longe da tecnologia digital. No final, não conseguimos resistir a usá-los para dar cor.”
O título usado no nosso homenageado foi cogitado para ser utilizado no já citado álbum ao vivo “A Show of Hands“. Mas Neil Peart acabou escrevendo uma canção chamada “Presto” e o trio acabou escolhendo a canção para batizar o álbum. Alex Lifeson falou que a faixa-título o fez “sentir-se mais ativo em seu coração do que em sua cabeça, não ter as respostas para os problemas”.
A capa foi mais uma vez desenhada pelo colaborador de longa data, Hugh Syme. Ele apresentou um desenho em preto e branco, trazendo um chapéu mágico levitando em uma colina e um coelho emergindo dele, tendo ainda outros coelhos em primeiro plano. Lifeson certa vez relembrou quando todos viram o resultado final:
“Todos nós começamos a rir histericamente, ‘Isso é ótimo, é perfeito!'”
O álbum tem onze canções divididas em 52 minutos de duração. A banda produziu vídeos para as faixas “Show Don’t Tell“, “The Pass” e “Superconductor“, sendo estas as canções que mais se destacaram no álbum e fizeram parte do repertório do Rush durante algum tempo. Era o Rush voltando a fazer com que as guitarras ganhassem o destaque.
O álbum frequentou algumas paradas de sucesso pelo mundo: foi 7° no Canadá, 16° nos Estados Unidos, 17° na Finlândia, 27° no Reino Unido, 60° na Alemanha e 70° nos Países Baixos. “Presto” foi certificado com Disco de Prata no Reino Unido, Ouro nos Estados Unidos e Platina no Canadá. Entre fevereiro e junho de 1990, o trio esteve na estrada para divulgar o play, que ganhou três versões remasterizadas no futuro: em 2004, 2013 e 2015, sendo esta última, feita no lendário Abbey Road Studios, quando o Rush fez uma releitura de todos os seus lançamentos.
Se o Rush não está mais em atividade nos dias atuais, temos ao menos a expectativa de que Geddy Lee e Alex Lifeson, os remanescentes, voltem a tocar juntos. E há rumores de que isso irá acontecer em um futuro breve, só não sabemos se será sob o nome Rush. Óbvio que todos nós gostaríamos que isso acontecesse, ainda que a ausência de Neil Peart seja lastimável. Vamos celebrar os 35 anos deste play que envelhece muito bem, obrigado.
Presto – Rush
Data de lançamento – 17/11/1989
Gravadora – Anthem
Faixas:
01 – Show Don’t Tell
02 – Chain Lightning
03 – The Pass
04 – War Paint
05 – Scars
06 – Presto
07 – Superconductor
08 – Anagram (for Mongo)
09 – Red Tide
10 – Hand over Fist
11 – Available Light
Formação:
Geddy Lee – baixo/ vocal/ sintetizadores
Alex Lifeson – guitarra/ violão
Neil Peart – bateria/ percussão eletrônica
Participações especiais:
Rupert Hine – teclados adicionais/ backing vocais
Jason Sniderman – teclados adicionais