Iron Maiden faz apoteose em noite de despedida em segundo dia em São Paulo
Foto capa: André Tedim
A expectativa dos fãs em assistir o último show da The Future Past Tour do Iron Maiden, neste sábado em São Paulo era grande, e isso foi potencializado na manhã do dia, quando de surpresa, Nicko McBrain anunciou que este seria a sua última apresentação com a banda.
Emoções afloradas, e filas imensas cercavam o Allianz Parque para a segunda noite na casa, lotada, e com expectativas a milhão.
Pontualmente as 19:10, as luzes do palco se acenderam e o Volbeat subiu ao palco aquecendo a plateia.
Diferente do show feito pelos dinamarqueses na sexta, os telões foram ligados durante a apresentação e o público parecia mais receptivo ao som da banda, que consegue misturar o metal, southern rock e country em um só lugar.
Trajado com uma camiseta do Sepultura, o vocalista Michael Poulsen e sua trupe desfilaram sucessos da carreira como, “Still Couting“, “The Devil Rages On“, “The Devil’s Bleeding Crown“, entre outras, foi um show de 14 músicas que deram um bom aquecimento para o prato principal, ainda que com alas bem espaçadas durante a apresentação. O Volbeat parece querer caminhar para um possível caminho de um show solo, cativando alguns rostos que parecem querer por um reencontro mais “intímo”.
Era então a hora de contar os minutos para o que viria a seguir. Pontualmente as 20;50hrs, as luzes se apagam e “Doctor Doctor” do UFO é entoada nos P.A’s, e na sequência, a música dos créditos finais do épico Blade Runner surge.
Em seguida, uma explosão e lá estão eles, o Iron Maiden com sua energia, um Bruce Dickinson insano, mantendo seu vigor aos 66 anos, e “Caught Somewhere in Time“, reverberou em cada milímetro de canto daquela arena. Nesse momento, próximo aonde eu estava, um leve princípio de confusão se deu quando um espectador subiu no ombro de outro, tampando a visão dos que estava atrás, causando uma certa movimentação que logo foi apartada, sem estragar a noite. “Stranger in a Strange Land” dá continuidade, em um palco lindamente equipado com telões remetendo ao disco “Somewhere in Time“, que é contemplado nesta tour. Após a segunda faixa, uma pequena pausa é feita e Bruce tenta falar sobre a despedida de Nicko, ele tenta. A voz do vocalista é abafada pelos gritos de “olê, olê, olê, Nicko, Nicko“. Dickinson então fala da noite especial para a história do Maiden, se separando do seu homem das baquetas após 42 anos juntos, e um emocionado Nicko saúda o seu público. Era hora então de voltarmos ao presente com “The Writing on the Wall“, do “Senjutsu”, faixa esta que é uma espécie de faroeste moderno e mostra que desde o seu lançamento, já caiu nas graças do público.
Dentre as músicas, tivemos as várias participações especiais do mascote Eddie, hora vestido como um cowboy futurista, outras, como o samurai empunhando sua katana e sempre “digladiando” com algum membro da banda.
(foto ilustrativa: créditos – André Tedim)
A sequência segue com momentos de mais ovações como “The Prisoner“, “The Time Machine“, e “Can I Play With Madness“, que teve os seus primeiros versos entoados em uníssono por Bruce e o público. “Alexander the Great” era um dos momentos mais aguardados pelos ali presentes, pois ambas as datas marcaram a estreia da música sendo tocada por aqui, e a espera valeu a pena. Desde o seu início, como um chamado para a guerra, até suas partes mais progressivas e o refrão ecoando pelos ares, os fãs ganharam um verdadeiro presente ao terem a oportunidade de ver tudo isso acontecendo ao vivo. E como cereja do bolo, Bruce finaliza com uma longa nota de cerca de 30 segundos e na cabeça. Simplesmente fantástico.
Em time que está ganhando, não se mexe, é o que dizem. A resposta disso veio com “Fear of the Dark” e o porque da música nunca sair do setlist da banda. Desde as primeiras notas, cantaroladas pelo público, e até mosh em suas partes mais rápidas, foi um momento de delírio coletivo. O calor do momento era palpável e denso, e colocou os presente em uma euforia contagiante que mesmo o fã mais chato do Maiden tem que dar o braço a torcer e admitir que mesmo clichê e batida, a música simplesmente, tem que estar em um show da banda. Presenciar isso é algo surreal para qualquer um. Ainda houve tempo para “Iron Maiden“, com Bruce e a eterna jaqueta de couro preto de épocas do agora saudodo Paul Di’Anno, encerrando a primeira parte.
O bis volta com “Hell on Earth“, a potente e dinâmica “The Troopers“, outra figurinha carimbada, mas que também mostra o porque, com o seu refrão fazendo o chão vibrar com todos cantando a plenos pulmões. O encerramento fica por conta de “Wasted Years“, que fecha a noite de apoteose e despedida.
Foi uma grande noite para os fãs do Maiden, uma grande apresentação, mas a figura central desta noite não poderia deixar de ser Nicko McBrain. Passando por um AVC e tendo enfrentando um câncer, é a hora da lenda se retirar de cena e ter o seu merecido descanso, com não só de dever mais do que cumprido, mas de deixar um legado de poucos e para poucos, sendo a referência de um trilhão de outros bateristas que vieram posteriormente e beberam de sua fonte, seja na forma de marcar o tempo na condução, nas viradas básicas mas certeiras e no ponto do que a música precisa, um trabalho de chimbal abrindo e fechando, ou seja lá em qual mais marca sua seja impressa em outros. Viva Nicko, vai ao Maiden, viva ao heavy metal e suas glórias e heróis!
(foto ilustrativa: créditos – André Tedim)
Queria estar lá, valeu!!!!