Jinjer faz show impecável para público fiel em São Paulo

Texto: Tamira Ferreira
Fotos: André Tedim

É um fato que há um crescimento considerável de bandas do metal moderno com vocal feminino no mundo e bandas de diversos lugares estão surgindo com personalidade e dando um novo ar para a música. Uma dessas bandas que está dominando a cena participando de festivais e grandes shows são os ucranianos da Jinjer. E é claro que o Brasil é um público fiel para os músicos proporcionando turnês com casas cheias pelo país. Essa é a segunda passagem do Jinjer pelo Brasil que já marcou seus shows em diferentes estados fechando com São Paulo no último domingo (08) e o Confere Rock estava lá para prestigiar esse momento.

O local escolhido para esse evento foi o Terra SP que já se encontrava com uma grande fila do lado de fora por voltas das 17h. Os fãs estavam com camisetas da banda e muito animados para conseguir seu lugar em frente ao palco. Com um leve atraso para abertura dos portões por causa das passagens de som, os fãs entraram no espaço por volta das 17h30, mas isso não foi impedimento para colocar todos para dentro a tempo de ver a primeira banda da noite, o ‘Fim da Aurora‘.

Pontualmente às 18h, a banda de Jundiaí subiu ao palco e já encontrou uma casa cheia, o que é um pouco raro para bandas de abertura. Na maioria das vezes as pessoas chegam mais tarde para ver apenas a última atração. Porém, os paulistanos deram sorte ao encontrar, além do lugar cheio, vários fãs animados para ver a banda. Fato que foi muito valorizado pelo vocalista André Bairral que aproveitou para agradecer as pessoas que chegaram mais cedo e puderam ver o show deles.

Também foi possível ver uma grande roda se formando na pista premium, várias pessoas batendo cabeça e observando atentamente a primeira banda da noite. Em troca, seus músicos entregaram muita energia e animação para o show. O instrumental da ‘Fim da Aurora’, que conta com Lucas Castro – Guitarra, Nicolas Brando – Baixo e Rodolfo Conrado – Bateria, é o grande forte da banda que tem um som rápido, pesado e muito bem performado. Enquanto os vocais guturais e screams de André vêm para dar profundidade e intensidade ao som.

A banda apresentou um show curto, mas mostrou para todos ali sua personalidade e estilo, saindo do palco confiante de terem feito uma apresentação notável para quem estava ali.

‘Heaven Shall Burn’

A segunda apresentação da noite ficou por conta dos alemães do Heaven Shall Burn. Enquanto os roadies mudavam os instrumentos e preparavam tudo para o show, um burburinho de animação e ansiedade surgia. Era possível perceber que alguns fãs estavam ali especialmente para ver a banda. Com uma pequena introdução musical, a entrada do baterista Christian Bass já foi de grande comoção para o público que começou a gritar e bater palma. Mas o verdadeiro surto veio quando silenciosamente surgiu o vocalista Marcus Bischoff que segurava o microfone como se fosse uma joia rara. Ele aponta o objeto para os fãs e faz um sinal como se estivesse dividindo os vocais com o público.

 

Todos os membros sobem ao palco e é a hora de começar o show com ‘Bring The War Home‘. Essa não era a primeira passagem do Heaven Shall Burn no Brasil, o vocalista lembra os fãs que eles já estiveram aqui com o ‘Carcass’ e o ‘Lamb Of God‘. Mas ao ver a qualidade do show que eles entregam, a animação dos fãs que estavam ali cantando e vibrando com os músicos, era fácil perceber por que eles fazem tanto sucesso por aqui. Um show digno de banda principal, o Heaven Shall Burn entregou carisma, alegria e muita veemência para o público brasileiro. Seus membros, que também constam com Maik Weichert (guitarra), Alexander Dietz (guitarra), Eric Bischoff (baixo), sorriam para os fãs, olhavam atentamente para todos na plateia, faziam coração com a mão e batiam cabeça constantemente a cada batida das canções. Mas o grande maestro desse espetáculo foi Marcus, ele guiava os fãs como um hipnotizador que dita o que as pessoas precisam fazer e todos seguem. Ele pedia para os fãs baterem palmas, balançarem os braços de um lado para o outro, abrir roda, cantar junto e era atendido prontamente a seus desejos.

Outro sentimento que ele transmitia era o de intimidade, o vocalista olhava diretamente para cada fã, teve até um momento em que ele tirou sarro de algumas pessoas que estavam paradas no camarote e fez um gesto como se elas estivessem dormindo. Ele também fazia gestos de coração com a mão para os fãs e disse para os que estavam na pista comum: “Vocês no fundo, eu te amo”.

Um pouco antes de ‘My Heart and The Ocean‘, a guitarra deu um problema e eles tiveram que recomeçar a música. O guitarrista Maik fala para todos: “Isso é uma merda, vamos dizer caralho!”, ressaltando que o ‘caralho’ foi em português. Isso levou os fãs a caírem na risada e deu um clima descontraído para aquele problema técnico. Próximo ao fim do show, o vocalista diz aos fãs que eles têm duas opções: Se eles querem ouvir uma música ou duas. O público prontamente grita por duas e ele diz: “A escolha é de vocês, meus amigos”.

Fechando o show com ‘Profane Believers’ e ‘Corium’ pontualmente às 20h. Porém, eles ainda ficam um pouco em cima do palco jogando baquetas, garrafas de água, setlists e palhetas para os fãs.

Setlist ‘Heaven Shall Burn’

‘Endzeit’

‘Bring the War Home’

‘Übermacht’

‘Counterweight’

‘Hunters Will Be Hunted’

‘Voice of the Voiceless’

‘Behind a Wall of Silence’

‘My Heart and the Ocean’

‘Black Tears’ (Edge of Sanity cover)

‘Profane Believers’

‘Corium’

‘Jinjer’

Era hora da atração da noite e a casa estava ainda mais cheia à espera do Jinjer. Algumas pessoas se locomoviam para pegar bebidas ou ir ao banheiro, mas a grande concentração se encontrava à frente do palco e no meio para esperar pelo show. Perto das 20h30 começa uma música de introdução e o clima no ar já era de expectativa e antecipação. Todos os celulares a postos para filmar e a entrada de seus músicos Roman Ibramkhalilov (guitarra), Eugene Abdukhanov (baixo), Vlad Ulasevich (bateria) e da potência vocal Tatiana Shmayluk.

Eles começam a noite com ‘Just Another‘ que já leva o clima lá para cima e mostra a que a banda veio. O mais interessante dessa canção é que Tatiana entra ao palco cantando em gutural dando fervor para o show já na primeira canção. O show do Jinjer pode ser resumido em uma palavra: impecável. Tudo feito por seus músicos é exatamente perfeito e bem performado. As escolhas de canções levam o público a uma viagem pela história da banda como o mais recente lançamento ‘Green Serpent‘ e os clássicos ‘Someone’s Daughter‘ e ‘Pisces’. E todas as canções são acompanhadas por ilustrações e imagens belíssimas ao fundo que dão um toque a mais para a apresentação.

Como em ‘Copycat’ que aparece uma ilustração que se parecia com a bandeira da Ucrânia e em ‘Kafka’, estava passando ao fundo o lyric vídeo oficial da banda (um dos mais bonitos deles). O que não faltava naquela noite era com o que apreciar durante o show, além das imagens ao fundo, a banda entregava uma grande presença de palco cheia de poder e grandiosidade. E é claro que não podemos deixar de falar de Tatiana, a magnitude de sua voz que conseguia seduzir a todos ali se unia com suas danças e gestos. Era possível ficar horas sem cansar apreciando todo o charme e imponência de sua presença de palco.

Não teve muita conversa entre as canções, apenas alguns “obrigados”, mas perto do fim do show, Tatiana pega uma bandeira do Brasil e começa a agradecer a todos que estavam ali, pede para os fãs gritarem pelas bandas de abertura e diz que aquele show foi uma excelente forma de terminar a turnê brasileira. O show termina com o clássico ‘Pisces’ e entrega um sentimento de satisfação para todos os fãs que estavam ali prestigiando uma apresentação incrível e caprichada que é de praxe para um show do Jinjer.

Melhor forma de começar a semana!

Agradecimentos a Liberation e a Tedesco Comunicações pelo credenciamento.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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