Rage Against the Machine: há 29 anos, banda dava mais uma aula de consciência de classe com “Evil Empire”

Aproveitando o hype, onde alguns artistas tem usado do seu direito legítimo se expor suas ideologias, estamos trazendo uma ode a “Evil Empire“, o segundo álbum do Rage Against the Machine, lançado há 29 anos, em 16 de abril de 1996. Vamos falar um pouco desta banda que é a que melhor entendeu o que é o Rock ‘n’ Roll, com seu discurso anti-imperialista e em favor das causas sociais.

A banda vinha do aclamado disco de estreia, autointitulado, que rendeu notoriedade imediata ao quarteto, além de explodir em vendas, sendo certificado com Discos de Ouro, Prata e Platina em diversos países mundo afora. Era uma difícil missão superar o primeiro lançamento, eles tinham ciência disso. Assim sendo, todos se reuniram no Cole Rehesal Studios, em Los Angeles, Califórnia, na companhia do produtor Brendan O’ Brien, que vinha de ótimos trabalhos com o Pearl Jam e Rush. Eles ficaram trancafiados por lá entre março de 1995 e fevereiro de 1996 para sair com esse petardo.

O título do álbum é uma referência ao discurso que o presidente estadunidense Ronald Reagan fez para a Associação Nacional dos Evangélicos, no ano de 1983. Ele usou o termo “Evil Empire” para se referir à antiga União Soviética e também afirmar que o país era “o foco do mal no mundo moderno”. Precisamos lembrar que na ocasião, vivíamos a Guerra Fria, onde o mundo se dividiu em dois blocos, o capitalista, liderado pelos Estados Unidos e o socialista, liderado pela então União Soviética, que era composto pela Rússia e os países que hoje são “independentes” como por exemplo, Ucrânia, Azerbaijão, Moldávia, Belarus, Turcomenistão, entre outros adjacentes.

O Rage Against the Machine apostava em uma sonoridade diferente de suas bandas contemporâneas. Na década de 1990, o Heavy Metal entrou em um ocaso, assim como as bandas de Hard Rock. Nos primeiros anos, as bandas do chamado movimento grunge emergiram com força, mas a banda de Tom Morello e Zack de la Rocha atacavam na vertente alternativa, com vocais de rap e alguma influência mais pesada. E na época do lançamento do aniversariante do dia, eram as bandas pós-grunge e Poppy Punk quem mandavam. Mas o RATM por fazer diferente, se consolidou. Muito ajudou também a temática da banda e a consciência de classe dos caras. Uma das músicas, “Without a Face“, inclusive, tem uma história contada por Zack de la Rocha falou sobre a letra, durante uma apresentação ao vivo em 1996. Aspas para o líder da banda:

“Parece que assim que o muro na Alemanha caiu, o governo dos EUA estava ocupado construindo outro na fronteira entre os EUA e o México. Desde 1986, como resultado de muito discurso de ódio e histeria que o governo dos Estados Unidos tem falado, 1.500 corpos foram encontrados na fronteira. Nós escrevemos essa música em resposta a ela.”

Para escutar o Rage Against the Machine, é preciso estar em sintonia com as ideias pregadas pelo grupo, pois se o ouvinte vive em um mundo paralelo, além de não entender nada da mensagem dos caras, vai discordar, usando argumentos rasos como os dos defensores do atual inelegível, e em breve, preso, porque não apoiamos anistia para golpistas. Não dá para ouvir a banda que nem as pessoas que vão aos shows do Ira!, achando que eles não vão manifestar suas opiniões políticas.

O álbum é composto por onze faixas e tem duração de 46 minutos. Os grandes destaques aqui ficam por conta de “People of The Sun“, “Bulls on Parade“, “Vietnow” “Revolver” (vamos explicar para os que defendem anistia, que a letra não é uma apologia ao armamento, que fique bem claro), “Tire me“, “Snakecharmer” e “Year of The Boomerang“, que faz deste álbum um verdadeiro petardo, além de, claro, uma aula de consciência de classe, tão necessária em tantos fãs de Rock atualmente. O álbum foi bem recebido pela crítica e público. A banda saiu em turnê pelos Estados Unidos entre os meses de julho e agosto de 1996.

É um disco que foi super premiado e com todo o merecimento. Estreou em 1° na “Billboard 200“, mesma posição alcançada na Suécia, França e na categoria Rock e Metal Álbuns do Reino Unido. Ficou em 2° na Austrália, Áustria, Alemanha e Noruega; 3° na Nova Zelândia, 4° na Suiça, Reino Unido, Holanda e Dinamarca: 5° na Finlândia, 6° na Bélgica e 10° Escócia e na Espanha. Não somente isso, o álbum foi certificado com Disco de Ouro na Austrália, Bélgica, Espanha e Reino Unido,  Platina no Canadá e triplo Platina nos Estados Unidos. Em 1997, a banda ganhou o Grammy Awards na categoria Melhor Performance de Metal com a música “Tire me“. Na mesma edição do Grammy, as faixas “Bulls on Parade” e “People of the Sun” foram indicadas na categoria Melhor Performance de Hard Rock, mas não levaram, uma pena, pois são duas músicas sensacionais.

Enfim, hoje é dia de celebrar esse baita disco e de agradecer por termos uma banda como o RATM que é nota 10 no som e nota 1000 no seu ativismo. Seria tão bom se existissem mais bandas como estes quatro gênios. Vamos escutar esse disco no volume máximo, porque a resistência a esse sistema opressor precisa continuar. Uma pena que a situação da banda esteja indefinida e não sabemos se a banda vai continuar em atividade ou não. Precisamos de mais bandas como o Rage Against The Machine. Para desespero de quem sofre do mal impregnado em nossa sociedade desde 2018.

Evil Empire – Rage Against the Machine
Data de lançamento – 16/04/1996
Gravadora – Epic

Faixas:
01 – People of the Sun
02 – Bulls on Parade
03 – Vietnow
04 – Revolver
05 – Snakecharmer
06 – Tire me
07 – Down Rodeo
08 – Without a Face
09 – Wind Below
10 – Roll Right
11 – Year of the Boomerang

Formação:
Zack de la Rocha – vocal
Tom Morello – guitarra
Tim Commerford – baixo
Brad Wilk – bateria

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

One thought on “Rage Against the Machine: há 29 anos, banda dava mais uma aula de consciência de classe com “Evil Empire”

  • abril 16, 2025 em 11:53 pm
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    A capa desse disco me lembra o album do SylverChair(Freak Show)! Abraços!

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