Bruce Dickinson: 31 anos de “Balls to Picasso”

Há exatos 31 anos, em 3 de junho de 1994, Bruce Dickinson lançava  “Balls to Picasso“, o segundo e provavelmente o mais importante álbum de sua carreira solo, que é tema do nosso bate-papo desta terça-feira.

Durante a década de 1990, o Heavy Metal sofria de uma crise de criatividade. Apenas o Metallica com seu “álbum preto” conseguiu algum destaque, antes de Sepultura e Pantera dominarem a vertente mais pesada do Rock. Mas Bruce Dickinson atraia as atenções de todos, pois havia decidido sair do Iron Maiden e apostava em sua carreira solo. E o momento foi bem oportuno, uma vez que o Grunge, movimento que esteve em evidência nos últimos três anos, estaca em decadência e o Poppy Punk começava a fazer sucesso, tendo bandas como Green Day, The Offspring, Rancid e Pennywise catapultando tal sucesso. Bruce, claro, queria a sua fatia. E conseguiu com este “Balls to Picasso“.

O primeiro álbum passou quase que despercebido, então, Bruce iniciou os trabalhos para este segundo álbum antes mesmo de deixar a Donzela de ferro. Ele se juntou a banda britânica chamada Skin e iniciou os trabalhos, porém, não ficou satisfeito com os resultados alcançados. Ele fez uma segunda tentativa, desta feita com o produtor Keith Olsen, no qual muitas músicas foram gravadas, inclusive uma versão para “Tears of the Dragon” e “Man of Sorrows“, que entraria anos mais tarde, no álbum “Accident of Birth” (1997). Bruce também abortou esse projeto e se juntou ao guitarrista Roy Z e sua banda, o Tribe of Gypses e finalmente, essa versão de “Balls to Picasso” que conhecemos foi concebida.

Com a banda certa no momento certo, eles foram gravar as versões definitivas das dez faixas que estão presentes no aniversariante do dia. Para isso, eles se juntaram ao produtor Shay Baby e alguns estúdios foram utilizadas para o registro: o Metropolis Studios, em Londres foi utilizado para o registro dos vocais e guitarras; a bateria foi gravada no Townhouse & Battersea, também em Londres. O baixo foi gravado no Westside Studios, em Londres. A exceção é a faixa “Shooot All the Clowns“, que foi gravada em Los Angeles, mais precisamente no Silvercloud. A masterização aconteceu no Masterdisk, em Nova Iorque.

O álbum deveria se chamar “Laughing in the Hide Bush“, segundo entrevista que Bruce Dickinson concedeu anos mais tarde. E ele se arrependeu de não ter dado esse título ao álbum. Para a capa do álbum, Storm Thorgeson foi chamado para desenhar, porém, a arte final acabou virando capa do álbum “Stomp 442“, do Anthrax. A razão para tal fato foi a falta de dinheiro para pagar pela obra. Então, o resultado é aquela capa bem simples que a gente vê, com a foto de um Bruce Dickinson ainda cabeludo e ao fundo, dois quadrados desenhados em uma parede de banheiro.

Embora bem pesado em grande parte do tempo, Bruce Dickinson admitiu tempos depois em uma entrevista que ele e Roy Z foram convencidos a gravar o álbum menos pesado do que ele realmente deveria ser. Imaginemos como seria ainda mais impactante se o peso original tivesse sido mantido. Uma curiosidade sobre a música “Change of Heart” é que ela foi composta para um outro projeto de Roy Z, em parceria com o vocalista Rob Rock e a banda Driver. Bruce alterou a letra e a gravou.

O álbum tem dez canções e duração de 51 minutos. O grande hit aqui foi a música “Tears of the Dragon“, que tocou inclusive, em rádios que dedicavam sua programação à música Pop, mas o play tem outros grandes momentos, como em “Cyclops“, “Hell no“, “Gods of War“, “10.000 Points of Light“, “Laughing in a Hide Bush“, “Shoot All the Clowns“, “Fire” e “Sacred Cowboys“, ou seja, o álbum é quase perfeito do seu início ao fim.

Balls to Picasso“, refletiu o trabalho duro de Bruce e o restante da banda, além das três tentativas que deram um resultado mais que positivo. É uma audição mais que agradável, um disco honesto e que mostrava que o mundo do Rock ganhava mais uma estrela. Nosso aniversariante foi bem recebido por crítica e público e nos charts a redor do mundo, o álbum teve relativo sucesso: 6° na Finlândia, 8° na Suécia, 21° no Reino Unido, 26° na Áustria, 29° na Suíça, 46° na Alemanha e Hungria, 82° na Holanda. Até na “Billboard 200” o álbum surgiu, ocupando a 185ª posição. Os singles “Tears of the Dragon” e “Shooot All the Clowns“, obtiveram certo sucesso também, tendo o primeiro obtido um 6° lugar na Finlândia e um 20° no Reino Unido, enquanto que o segundo conseguiu um 20° na Finlândia e um 27° no Reino Unido.

Era só o começo da carreira solo de Bruce, que lançaria outros álbuns, se superando a cada um deles. Mas a parceria com Roy Z acabaria temporariamente, sendo retomada anos depois, em “Accident of Birth“. Entretanto, no ano passado Bruce rompeu de vez com seu ex-guitarrista e parece que essa separação será definitiva. O frontman segue em plena atividade, conciliando seu tempo entre o Iron Maiden e sua carreira solo. No ano passado, ele lançou seu mais recente álbum, “The Mandrake Project“, e fez turnê, inclusive tendo o Brasil como um de seus destinos. Ele tocou por aqui e até deu entrevista para Pedro Bial, na TV Globo. Hoje é dia de celebrar esse discaço, deste que é um dos maiores vocalistas que o mundo já viu. Longa vida à Bruce Dickinson.

Balls to Picasso – Bruce Dickinson
Data de lançamento – 03/06/1994
Gravadora – EMI/ Mercury

Faixas:
01 – Cyclops
02 – Hell no
03 – Gods of War
04 – 10.000 Points of Lights
05 – Laughing in a Hide Bush
06 – Change of Heart
07 – Shooot All the Clowns
08 – Fire
09 – Sacred Cowboys
10 – Tears of the Dragon

Formação:
Bruce Dickinson – vocal
Roy Z – guitarra
Eddie Casillas – baixo
Dave Inghram – bateria

Participações especiais:
Dough Van Booven – percussão
Dean Ortega – vocal adicional
Mario Aguillar – percussão em “Shooot All the Clowns
Dickie Fliszar – bateria em “Tears of the Dragon
Richard Baker – piano

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

2 thoughts on “Bruce Dickinson: 31 anos de “Balls to Picasso”

  • junho 4, 2025 em 9:19 pm
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    Legal esse vídeo, época do Skol Rock e Caderno Teen da Tv cultura…nessa época o Bruce foi lá e deu uma entrevista no programa, bons tempos de antigamente!!!! Ouvia ¨Balls¨em uma fita cassete que eu tinha, era o ¨Napster¨ da época essa de compartilhamento de fitas e gravações, saudades da minha caixa de sapatos cheita de fitas de aúdio e cartuchos de Atari!!!! Destaque para ¨Cyclops¨ e as baladas ¨Change of Heart¨e ¨Tears of the Dragon¨…que também são as minhas preferidas do album, valeu!!!!

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