Sepultura é acusado de “satanismo” em Macapá

No último domingo (13), o Sepultura se apresentou em Macapá, durante o festival Macapá Verão, mas por um pouco, o show não aconteceria. O motivo, seria que algumas pessoas do local acusaram a banda de “promover o satanismo”.

O programa 90 Minutos da Rádio 94FM, exibiu um episódio onde falou sobre a contratação do Sepultura e a sua suposta temática. Um dos apresentadores disse, conforme transcrito pelo Confere Rock:

“Uma questão religiosa envolvendo o Macapá, que muita gente está criticando a contratação da banda Sepultura por parte do governo Furlan, né?

E as pessoas estão se perguntando: será que foi boa a escolha da banda Sepultura? Principalmente os evangélicos.

Então, está circulando nas redes sociais essa questão, essa crítica que a gente vai abordar com mais tempo durante os próximos dias no programa, ouvindo a opinião de lideranças religiosas sobre essa situação envolvendo o prefeito Furlan e a contratação dessa banda.

Uma banda que, segundo as informações, faz apologia ao satanismo, né? A letra da banda, né… Apesar da gente viver num Estado laico — e quem quiser seguir Deus, segue, quem quiser seguir o Capeta também pode seguir — mas aí é a opção de cada um.

No entanto, a gente vive num Estado laico, mas a maioria esmagadora — eu acho que 99% da população amapaense e brasileira — é católica, cristã, evangélica ou de outra denominação que não seja o satanismo, né?”

Em seguida, o outro apresentador do programa disse:

Eu andei estudando a trajetória da banda brasileira, que tem uma repercussão lá fora tremenda, faz sucesso. Inclusive, alguns países se posicionam acerca do show dessa banda, que é uma banda satânica — ou seja, que faz apologia ao capeta, né? Então, eles proíbem, evidentemente, qualquer indício de possibilidade de realização de shows dessa banda naqueles países.

Eu vou citar um: o Líbano, né? Um desses países… na Turquia, né? Turquia. Então, tem outros países católicos também que não permitem esse tipo de show porque faz apologia ao capeta, né? Ao Satanás, ao Demo.

E aqui o prefeito Furlan contrata essa banda e, de alguma forma ou de outra, na medida em que ele contrata essa banda que faz apologia… Eu não tô aqui me referindo — não tô sendo contra manifestações culturais, muito pelo contrário. Veja: estou me referindo aqui ao que prega esta, entre parênteses, “agente de cultura”. Pode ser uma banda, pode ser um grupo teatral, pode ser de qualquer ordem for, desde que o cerne, a mensagem que passe, seja coerente com o que se discute aqui.

A banda Sepultura é uma banda satânica. E a gente tem várias outras bandas no mundo que tocam esse tipo de música, são metaleiros e fazem apologia ao capeta, né? E o prefeito Furlan trouxe — e esse é o grande problema — essa banda para cá.

O primeiro apresentador diz:

“Não tenho nada contra o rock. Curto bandas de rock, curto Legião Urbana, curto Mamonas Assassinas. Inclusive, tem um especial dos Mamonas Assassinas — quero até indicar, para quem gosta de rock, lá na Netflix — pra assistir o filme dos Mamonas, que fala um pouco da trajetória da banda.

Mas eu não concordo. Eu não contrataria, né? Não dou a permissão, né, para um político que recebe os meus impostos contratar uma banda que faz apologia ao capeta, ao diabo, ao Satanás, aos demônios, né?

Então… e quer acender duas velas: uma pra Deus e outra pro diabo, né? Essa é a gestão do prefeito Furlan.

E aí, eu não sei se é alguma maldição que se abateu em Macapá. Parece que, depois que ele decidiu contratar essa banda e anunciou as atrações… tudo vem dando errado…Será que Deus está se agradando, né? Eu, que sou cristão, sou crente e acredito em Deus — acredito em Jesus Cristo como salvador, né? Como alguém que veio pregar uma nova filosofia de mundo e trazer orientação espiritual para as pessoas — fico desconfiado.

Me pergunto, muitas vezes, se os governos, ao fazerem esse tipo de coisa, não estão, inclusive, amaldiçoando a cidade e a população.”

Em sequência, é dito o seguinte:

Que eu vou traduzir aqui o que diz, né, a letra. Na verdade, ninguém consegue entender o que o Sepultura canta. Quem é brasileiro não vai entender o que ele canta, né? Ele fala gritando, né? Ninguém consegue entender.

Sabe, né? É o metal.

Dizem que ele está imitando… E o que diz a letra, que é cantada em outro idioma? A letra diz o seguinte…” – Logo após, o apresentador cita trechos da letra de “Bestial Devastation”.

Por fim, é tido:

Vamos levá-lo para uma casa do pessoal do rock doido. É o pessoal do rock doido, do rock doido! Geralmente, desse tipo de rock…

O que é que vai se ver nesse show? Drogas, álcool — tudo aquilo que quer destruir a família, que quer destruir a juventude. Violência. O povo evangélico, o que vai ver nesse tipo de show, né?

Essa é a tese: dizem que é cultura… Mas numa banda dessa aí, vai ter gente lá que vai usar droga, cocaína, maconha, álcool — tudo aquilo que não presta, que pode destruir a família brasileira, a família amapaense, né? As tradições familiares, né?

Tudo isso vai ser visto num show desse. Entendeu?”

O show do Sepultura como dito aconteceu sem nenhuma interrupção. O episódio do programa de rádio pode ser visto aqui.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

4 thoughts on “Sepultura é acusado de “satanismo” em Macapá

  • Pingback: Ghost tem religiosos protestando em show que aconteceu nos Estados Unidos - Confere Rock

  • julho 17, 2025 em 2:40 pm
    Permalink

    agressivo, letras pesadas e referências sombrias que a banda usava especialmente nos seus primeiros discos — o que é comum no estilo metal extremo (como o death metal e thrash metal), onde se usam imagens fortes para criticar a sociedade, a religião institucionalizada ou expressar revolta. Mas isso não significa adoração ao satanismo.

    Alguns pontos importantes:

    Temas das músicas: O Sepultura já abordou temas como guerra, violência, opressão, desigualdade social, meio ambiente, racismo e espiritualidade, mas sempre com uma postura crítica e reflexiva.

    Álbuns como “Roots” (1996): Incorporam ritmos indígenas brasileiros e letras que falam da identidade cultural e ancestralidade, não de satanismo.

    Religião: Os integrantes da banda, ao longo do tempo, já deram entrevistas deixando claro que não são satanistas, embora tenham feito críticas a instituições religiosas — o que é diferente de adorar o diabo.

    Em resumo:

    Sepultura é uma banda de heavy metal brasileira, com forte carga política e social nas letras. A estética pesada é parte da linguagem do estilo, mas não tem relação direta com satanismo real ou culto religioso.

    Resposta
  • julho 17, 2025 em 2:45 pm
    Permalink

    Essa ideia surgiu por causa do visual agressivo, letras pesadas e referências sombrias que a banda usava especialmente nos seus primeiros discos — o que é comum no estilo metal extremo (como o death metal e thrash metal), onde se usam imagens fortes para criticar a sociedade, a religião institucionalizada ou expressar revolta. Mas isso não significa adoração ao satanismo.

    Alguns pontos importantes:

    Temas das músicas: O Sepultura já abordou temas como guerra, violência, opressão, desigualdade social, meio ambiente, racismo e espiritualidade, mas sempre com uma postura crítica e reflexiva.

    Álbuns como “Roots” (1996): Incorporam ritmos indígenas brasileiros e letras que falam da identidade cultural e ancestralidade, não de satanismo.

    Religião: Os integrantes da banda, ao longo do tempo, já deram entrevistas deixando claro que não são satanistas, embora tenham feito críticas a instituições religiosas — o que é diferente de adorar o diabo.

    Em resumo:

    Sepultura é uma banda de heavy metal brasileira, com forte carga política e social nas letras. A estética pesada é parte da linguagem do estilo, mas não tem relação direta com satanismo real ou culto religioso.

    Resposta
  • julho 17, 2025 em 2:53 pm
    Permalink

    Ainda bem que curto o som do ¨capeta¨!!!! Hoje mesmo passou na televisão que prenderam um Pastor Tarado pedófilo em uma cidade de Brasília, engraçado que não falaram o nome da Igreja a que ele pertence…estranho isso!!!!???? Tanta coisa ruin acontecendo na televisão, guerra, corrupção, motoqueiro assaltando direto e outras coisas malignas felita pelo próprio homem!!!! Vc questiona essa coisa do capeta, pior mesmo é ver Deus assistindo a tudo isso e não está fazendo nada, essa é a verdade!!!! O ser Humano é o próprio capeta e a música em si ajuda a esquecer um pouco dessa loucura humana e toda essa hipocresia de todos os dias!!!! Ouvindo um Sepultura agora, valeu!!!!

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *