Horizon Ignited – “Tides” (2025)

Veteranos da cena finlandesa de death metal melódico, a Horizon Ignited está prestes a inaugurar um novo e ousado capítulo em sua trajetória com o lançamento de “Tides”, terceiro álbum de estúdio da banda, marcado para o dia 21 de fevereiro de 2025 pela Reaper Entertainment e distribuído pela Shinigami Records. A julgar pelos quatro singles já divulgados, o grupo liderado pelo vocalista Okko Solanterä está determinado a expandir os próprios limites, entregando um trabalho que alia agressividade, sensibilidade melódica e uma produção mais ambiciosa.

Abrindo o disco e também a primeira amostra divulgada ao público, “Beneath the Dark Waters” é uma faixa melancólica e densa que combina riffs melódicos com vocais variados — guturais, screams e trechos limpos — enquanto o uso da língua finlandesa na ponte adiciona uma camada de emoção genuína. O peso das guitarras em afinações mais baixas reforça o clima sombrio e introspectivo da canção.

Na sequência, a banda muda o tom com “Welcome to This House of Hate”, uma faixa de estrutura mais direta e brutal, com riffs ganchudos e refrão grudento que promete incendiar os palcos. É o tipo de som que convida ao mosh e mostra o lado mais explosivo do grupo. Já em “Prison of My Mind”, a banda toca em um tema delicado: o Alzheimer. A música equilibra peso e melodia com lirismo tocante — destaque para o devastador verso “Remember me”, que não deixa ninguém ileso.

Um dos momentos mais densos do disco é “Ashes”, colaboração com Jaakko Mäntymaa, da Marianas Rest. A canção tem uma pegada mais doom, arrastada e pesada, onde os vocais se entrelaçam com intensidade emocional impressionante. Mais adiante, “Baptism of Fire” surpreende ao flertar com o power metal, unindo velocidade e melodias épicas a vocais agressivos, em uma combinação tão inusitada quanto eficaz.

Na segunda metade, “Tides” amplia ainda mais o espectro musical da banda. A grandiosa “My Grave Shall Be the Sea (Leviathan pt. II)” é um ponto de virada: dramática, envolvente e emocionalmente carregada, com cordas que elevam a atmosfera sem perder o peso do metal. A melodia se torna mais presente em faixas como “Fraction of Eternity” e “Aurora’s Dance”, onde os vocais limpos ganham mais espaço sem abrir mão da contundência dos riffs e dos guturais.

A faixa-título, “Tides”, funciona como um resumo da proposta do álbum: alternância de vozes suaves e berros cortantes, riffs densos e um solo cheio de lirismo. E, para fechar, “Fragments” entrega um clímax à altura — melódica, atmosférica e grandiosa, com uso de cordas, sussurros e variações vocais que amplificam a carga emocional da letra. É uma faixa que eleva o death metal melódico a patamares sinfônicos sem soar exagerada ou fora de contexto.

“Tides” é, acima de tudo, um disco maduro. A Horizon Ignited se mostra mais coesa e criativa do que nunca, incorporando novos elementos sem perder sua essência. Okko Solanterä brilha como um vocalista versátil e expressivo, enquanto o restante da banda entrega atuações afiadas que sustentam cada mudança de atmosfera ao longo das dez faixas.

Com este lançamento, a banda não apenas reafirma sua identidade no metal extremo, mas também amplia seu alcance criativo, oferecendo uma jornada intensa, sombria e emocional — um verdadeiro marco no catálogo do metal finlandês contemporâneo.

NOTA: 8

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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