Destruction – “Birth of Malice” (2025)

Quarenta anos depois de seu disco de estreia, Destruction chega a 2025 com seu 16º álbum de estúdio, “Birth of Malice”, lançado pela Napalm Records e distribuído pea Shinigami Records, celebrando quatro décadas de thrash metal ininterrupto — ou quase isso. Ainda que apenas Schmier permaneça como integrante original desde a saída de Mike Sifringer em 2021, a banda alemã continua firme no compromisso de entregar um novo trabalho a cada três anos, mantendo uma regularidade rara dentro do estilo.

Lançado no simbólico ano do aniversário de “Infernal Overkill”, o novo álbum traz a fúria e a energia de sempre, com a produção afiada, timbres cortantes e a bateria certeira de Randy Black, que se firma como uma das grandes forças motrizes do som atual da banda. A dupla de guitarristas Damir Eskic e Martin Furia também entrega riffs coesos e harmonias interessantes em faixas como “Evil Never Sleeps” e “Chains of Sorrow”, mostrando entrosamento e técnica. No entanto, a boa performance técnica não é suficiente para mascarar o maior problema do disco: a previsibilidade.

“Birth of Malice” sofre da mesma síndrome que assola os lançamentos mais recentes da banda — uma fórmula repetida à exaustão, com letras datadas, temáticas recicladas e composições que se embaralham na memória após a primeira audição. Exceções pontuais surgem no primeiro bloco do álbum, com faixas mais fortes como “Scumbag Human Race”, “No Kings, No Masters” e “God of Gore”, onde os riffs principais sustentam o peso e oferecem alguma diferenciação. Mas, na segunda metade, o álbum perde fôlego e acaba se arrastando sem grande impacto.

O maior tropeço talvez esteja nas letras. Quando Schmier se volta aos temas sociais, políticos e religiosos, a abordagem ainda tem algum valor — mas quando recai nas autorreferências ao “estilo thrash”, o resultado soa forçado, quase paródico. A faixa “Destruction” é o exemplo mais gritante: uma ode caricata à própria banda, que repete clichês e citações de letras antigas como quem tenta reviver glórias passadas sem qualquer senso de ironia. É difícil levar a sério versos exaltando o “estilo thrash” em pleno 2025, especialmente vindos de um artista prestes a completar 60 anos.

Apesar de tudo, não dá para ignorar a importância histórica de Destruction. Discos como “Infernal Overkill”, “Eternal Devastation”, “Release from Agony” e “The Antichrist” são pilares do thrash europeu e continuam a influenciar gerações. O problema é que, hoje, a banda parece travar uma batalha contra si mesma — mais especificamente, contra o próprio líder e suas limitações criativas.

“Birth of Malice” não é um desastre, mas também não marca um renascimento. É um disco que mostra uma banda com muita energia no palco, mas pouca chama criativa no estúdio. Para os fãs mais fiéis, ainda há momentos de prazer e nostalgia, mas para quem busca algo novo ou ousado, o álbum dificilmente deixará marca. Se esse for o último lançamento da banda, será um fim morno, mas não indigno. E se não for, que venha o próximo — com menos zona de conforto e mais vontade de romper com o passado.

NOTA: 6 

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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