Resenha: Bleed From Within – “Zenith” (2025)

Com mais de uma década de estrada, o Bleed From Within segue como um dos pilares do metal escocês moderno. Desde o lançamento de “Humanity” em 2009, a banda vem refinando sua mescla potente de metalcore, groove metal e melodeath — e agora atinge um novo ápice criativo com “Zenith”, disco que faz jus ao nome e representa o ponto mais alto de sua jornada até aqui. Lançado pela parceria entre a Nuclear Blast e a Shinigami Records, o álbum não apenas mantém o nível de excelência, mas amplia os horizontes sonoros da banda com ousadia, técnica e emoção.

Segundo o baterista Ali Richardson, o título é uma metáfora clara: “estamos no ponto mais alto da nossa trajetória, mas sabemos que ainda há muito acima para alcançar”. Essa mentalidade se traduz perfeitamente na música do álbum — ao mesmo tempo em que celebram o que construíram, os músicos exploram novas texturas e direções, como se cada faixa fosse uma escalada em direção ao desconhecido.

Logo na abertura com “Violent Nature”, a banda mostra que ainda tem muita lenha para queimar. Com riffs agressivos, vocais de tirar o fôlego de Scott Kennedy e uma bateria que bate como uma marreta, a faixa é uma pancada certeira, digna de abrir um álbum que não tem tempo a perder. A precisão com que tudo é executado impressiona, e o peso não cede em nenhum momento.

Mas “Zenith” não é feito apenas de brutalidade. A inteligência da banda aparece nas camadas e nas escolhas criativas que pontuam o disco. “In Place of Your Halo”, por exemplo, incorpora gaitas de fole — uma sacada surpreendente, mas que funciona perfeitamente dentro do contexto. Já “Dying Sun” aposta em uma percussão quase marcial, com batidas eletrônicas e gritos tribais que dão uma cara única à faixa.

A versatilidade se confirma em momentos mais melódicos e atmosféricos, como em “Immortal Desire”, provavelmente a composição mais ambiciosa da banda até hoje. Com vocais limpos cortesia de Brann Dailor (Mastodon), arranjos de cordas discretos, guitarras arrepiantes e um refrão hipnótico, a faixa representa tudo o que o Bleed From Within tem de melhor: intensidade, musicalidade e emoção equilibradas com perfeição.

O encerramento com “Edge of Infinity” também merece destaque. Mesmo com ecos sutis de “The Unforgiven” do Metallica, a faixa se sustenta com personalidade. Seus arpejos acústicos, pianos sombrios e vocais inspiradores transformam o final do álbum em um clímax épico, digno de créditos finais de um filme grandioso.

Outros momentos como “A Hope in Hell”, a faixa-título “Zenith” e “Hands of Sin” também mantêm a consistência do disco, oferecendo refrãos marcantes e construções mais suaves que ajudam a quebrar o peso constante, sem nunca soar forçado.

É verdade que a intensidade do disco pode soar repetitiva em certos trechos, mas o que poderia ser um ponto fraco acaba sendo diluído graças à criatividade nos arranjos, ao talento envolvido (com participações de nomes como Josh Middleton, Wes Hauch e Rebea Massaad) e à capacidade da banda de reinventar sua própria fórmula sem abrir mão da identidade.

“Zenith” não apenas reafirma o Bleed From Within como uma das forças mais criativas do metal moderno, como mostra que mesmo depois de duas décadas de estrada, a banda ainda tem muito a oferecer. Combinando peso, melodia, ousadia e produção impecável, o álbum é uma verdadeira aula de como se manter relevante e inspirado. Uma obra para fãs de metalcore e além — e que certamente vai figurar entre os grandes lançamentos do ano.

NOTA: 8 

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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