Chino Moreno do Deftones lembra quando recebeu foto nua de presente da Madonna
O Deftones está na semana do lançamento do seu novo disco, “private music”, mas lá no começo de tudo, assim como tantos outros, a banda teve que ralar pelo seu primeiro contrato, que acabou acontecendo com a Maverick, cuja co-fundadora era ninguém menos do que a megastar Madonna (veja história aqui).
Para celebrar o então contrato assinado, a popstar presentou o vocalista Chino Moreno com nada menos do que uma foto sua nua e que ele relembrou em uma entrevista de anos atrás:
“Tenho um pôster dela nua em casa, que ela me deu. Não sei se chegou a ser vendido. Não é nada obsceno nem nada, é uma espécie de retrato que ela autografou para mim e eu guardo com carinho.
Eu era uma criança que adorava Madonna, Michael Jackson, Prince. Isso é mega icônico, então não pense em nenhum momento que eu não ficava chapado quando saía com ela. Eu ficava louco.”
Na mesma entrevista, Chino relembrou também conflitos que teve com pessoas da cena hardcore de sua cidade natal:
Não. De jeito nenhum, de jeito nenhum. Eu entendo que algumas pessoas eram assim, e, sabe, a música que eles fazem é terapêutica para elas por esse motivo, então eu nunca diria nada negativo sobre isso. Mas eu simplesmente sabia que aquele não era eu, então se você ouvir nosso primeiro disco, uma música como “Seven Words” ou algo assim, você sabe que eu estou com raiva, meio que com raiva da sociedade. Quer dizer, talvez seja uma forma de bullying, mas é como quando as pessoas simplesmente não acreditam em você e coisas assim, e as pessoas meio que falam besteira.
“Eu passei por aquela coisa em que havia muitas bandas, como você sabe, alguns dos outros grupos, especialmente os garotos hardcore e coisas assim, que eram garotos straightedge ou algo assim — se é isso que você faz, ótimo, tanto faz — mas eu lembro que muitos desses garotos tinham problemas comigo, eles tentavam me sacanear.
Eles estavam tipo, tipo, tipo, blá blá blá, e isso também não era comigo e eu simplesmente não me dava bem com eles. Então, me meti em algumas brigas. Foi como um ano da minha vida, lembro que eu me metia em brigas, tipo, bastante.
E isso foi logo antes de assinarmos, mas éramos meio que um grupo grande até em Sacramento. Éramos bem conhecidos e todos os nossos shows lotavam, muita gente ia aos nossos shows.
E então, com isso, veio um pouco de reação e inveja de muitos dos garotos radicais que vinham resistindo há anos e fazendo o que quer que fosse, mas nós também. Mas não fazíamos parte do grupo deles, não éramos radicais. Éramos nós mesmos, sempre fomos nós.
E a gente não se encaixava na agenda deles, então a gente ia a festas, e as coisas tipo… Eu costumava entrar em brigas de socos. E aí um dia eu simplesmente decidi que não ia mais brigar. Tipo, se eu tivesse que brigar, eu brigaria, mas acabei percebendo que tipo, qual a importância disso?
Então, acho que isso pode ser uma forma de bullying, de alguma forma, ou de sermos importunados, ou algo assim. Mas voltando ao que eu estava dizendo, no nosso primeiro disco, acho que havia muita angústia e raiva, tipo, tipo, foda-se, sei lá…
Mas depois de um tempo, essa sensação se dissipou e eu me pergunto: por que eu faria música me preocupando com alguém que vai dizer algo negativo? Ou simplesmente basearia todas as minhas emoções nisso? Mesmo nos discos do Deftones agora, não é como se tudo fosse música alegre o tempo todo. Ainda há um pouco de descontentamento e certas coisas ali, além de temas e imagens sombrios salpicados.
Mas não pode ser isso o tempo todo, não pode ser nada o tempo todo, acho que tem que ser fiel à forma como a música soa, e a música é o que inspira cada palavra que sai quando estou sentado escrevendo.
É tipo ‘como essas notas me fazem sentir?’. Quer dizer, eu não digo isso para mim mesmo, mas meio que escrevo enquanto escrevo. E, em retrospecto, sento e olho para trás e penso: ‘Ah’, sabe o que quero dizer? Algumas coisas vão sair, mas é basicamente só eu respondendo à música. Aos sons do que fazemos.”
Eu não diria que eram gangues específicas. Eram só outros garotos, todos da minha idade, então eram só garotos também, mas como outras bandas. Mas a música preferida deles era hardcore.
Eu sei muito mais sobre isso [música hardcore] agora do que na época, tipo, eu não sabia muito sobre música hardcore. Quando ouvi, soou como metal, sei lá, mas acho que tinha uma mensagem, o que é ótimo.
Por favor, não me entenda mal, tipo, eu odeio música hardcore. Mas estou apenas dizendo que na época, quando eu era criança, eu não sabia disso porque não fazia parte da mesma cena que eles.
Mas eu só lembro que tinha uns caras que eram uns babacas ou sei lá o quê, então eu não diria que eram só eles, eram só uns babacas. E provavelmente vinha principalmente do fato de que a gente faz música desde a adolescência, sabe, e agora a Madonna está contratando a nossa banda. Então eles provavelmente ficaram tipo ‘foda-se esses caras. Por que eles estão chamando atenção?'”
O Deftones lançará seu novo disco nessa sexta feira (22).