Behemoth – The Shits ov God” (2025)
Treze álbuns depois de sua estreia em 1991, o Behemoth ainda encontra maneiras de provocar, dividir opiniões e manter-se como um dos nomes mais emblemáticos do metal extremo. Com “The Shit ov God”, a banda polonesa tenta um equilíbrio entre a experimentação ousada de “I Loved You at Your Darkest” (2018) e a previsibilidade de “Opvs Contra Natvram” (2022), resultando em um disco que não chega a tocar a genialidade de outrora, mas que se mostra mais direto, enxuto e, sobretudo, interessante.
Com pouco menos de 40 minutos — o trabalho mais curto desde “Satanica” (1999) —, o álbum não perde tempo em firulas. A abertura com “The Shadow Elite” traz o drama soturno característico do grupo, mas com groove o suficiente para captar ouvidos mais jovens. “Sowing Salt” aposta em ataques técnicos intermitentes que se destacam no conjunto, enquanto “Nomen Barbarvm” transborda fúria e remete ao espírito caótico de “Zos Kia Cultus”, contrastando bem com a grandiosa e sombria “O Venvs, Come!”.
O quarteto segue sólido em sua execução: Inferno continua um monstro na bateria, sustentando a intensidade com precisão e brutalidade; Orion e Seth cumprem papéis fundamentais na espinha dorsal instrumental, mantendo a base firme para que Nergal lidere o ataque. O vocalista, mesmo preso a letras que soam forçadas em certos momentos, entrega uma performance visceral e convincente, especialmente na faixa-título “The Shit ov God”, cujo flerte industrial e refrão repetitivo dividiram opiniões desde seu lançamento como single.
Há tropeços — “Lvciferaeon” se perde em sua própria ambição e apresenta um refrão frágil, apesar de solos competentes, enquanto “To Drown the Svn in Wine”, com a participação de Androniki Skoula (Chaostar), traz energia, mas acaba soando um tanto formulaica. Ainda assim, mesmo nos momentos menos inspirados, a entrega apaixonada de Nergal compensa parte do material apenas mediano.
“The Shit ov God” dificilmente será lembrado ao lado de marcos como “Demigod” ou “The Satanist”, mas mostra que o Behemoth ainda tem pólvora suficiente para continuar relevante. É um álbum que prova que, embora a chama criativa de Nergal talvez não arda tão alto quanto no passado, ela ainda ilumina com intensidade o suficiente para manter a banda na linha de frente do blackened death metal.
NOTA: 8