O que Gene Simmons aprendeu com Ozzy Osbourne

O baixista e vocalista do KISS, Gene Simmons, prestou uma emocionante homenagem a Ozzy Osbourne após a morte do ícone do heavy metal. Em entrevista ao podcast Fail Better With David Duchovny, Simmons destacou como Ozzy sempre foi autêntico e como isso serviu de lição para ele ao longo das décadas de amizade.

Foi de partir o coração, porque eu o conhecia há décadas e décadas. E ali estava um ser humano único, um gigante que, não importava o que dissessem, sempre foi Ozzy e tratava você e o vizinho da mesma forma.
‘Ei, como vai? Bom te ver.’ Sem pompa, sem nada. E isso é uma boa lição para idiotas como eu que às vezes — culpado confesso — ficam cheios de si e dizem: ‘Uau, eu sou o Gene Simmons.’
Se você tivesse conhecido o Ozzy, estaria no seu melhor comportamento, porque era algo grandioso. ‘Bom te ver. Você sabe, acabei de comprar Vermont’, essas coisas idiotas que dizemos só para impressionar. [Ele] não era nada disso.
Apenas: ‘Ei, como vai? Como estão as crianças?’ Então, é uma lição de humildade para alguém como eu, que baseou a vida em criar uma armadura para não se ferir — mudei meu nome, mudei minha aparência, fiz o que fosse necessário para sobreviver e parecer mais forte e bem-sucedido do que realmente sou.

Simmons também comentou sobre a percepção pública em relação à sua imagem:

As pessoas pensam que sou muito mais rico do que realmente sou. Quero dizer, me saí bem, mas dizem: ‘Ah, você deve ter bilhões.’ Não, não tenho. É só aquela coisa. E gosto disso porque significa que talvez você não seja tão ferido, porque há muitas pessoas que querem te atingir, porque têm vidas vazias; não sei por quê.

Ao comparar seu estilo ao de Ozzy, Gene reforçou o contraste:

“É importante para pessoas como eu… É importante encontrar alguém como Ozzy, que sempre foi ele mesmo. Claro, quando ele subia ao palco, era quase como uma terapia de gritos, pura energia. Mas, estranhamente, o verdadeiro Ozzy — ele deveria ser o Príncipe das Trevas, e ainda assim, nos shows, ele mandava beijos para os fãs e dizia: ‘Eu amo vocês.’ Se você fosse o Príncipe das Trevas, isso seria o oposto — na verdade, parecia um cara bom. Ele era um gigante.”

Sobre a voz de Ozzy, Simmons acrescentou:

“Nunca recebeu o crédito devido. Ozzy nunca tentou mudar sua voz. Quando eu canto no KISS ou quando [James] Hetfield, do Metallica, ou qualquer um sobe no palco, colocamos aquele tom áspero, aquela voz de triturador de carne para tentar soar assim. Ozzy sempre foi Ozzy; ele cantava melodia.”

Gene também revelou uma lembrança pessoal curiosa:

“Ozzy e eu nos encontramos em um evento, estávamos sentados e conversando. E ele disse isso em público, mas também disse na minha cara. Perguntei: ‘Então, o que você acha? Que tipo de música você gosta?’
‘Ah, eu amo os Beatles.’
‘Ah, sim. Eu também, eu também.’
‘Quem mais?’
‘Eu amo ABBA.’
ABBA? O resto de nós sempre tentando escolher as coisas certas para dizer e reforçar a imagem pública. Ozzy não estava nem aí. Ele era Ozzy, custasse o que custasse. Aceite ou deixe.”

Simmons concluiu refletindo sobre a autenticidade do amigo:

“Talvez os gregos estivessem certos o tempo todo: ‘A ti mesmo sê fiel’. Ozzy sempre foi Ozzy, nunca foi algo fabricado. Nós criamos nossas personas de palco, com maquiagem, língua de fora e tudo isso. Ozzy apenas subia ao palco… e deixava tudo acontecer.
E o amor e admiração, não apenas da indústria, mas dos fãs, é inigualável. Sei que agora há milhões de fãs — estou me emocionando aqui — milhões de fãs devastados, chorando.
Que gigante.”

No dia da morte de Osbourne, Gene falou ao NBC News sobre o impacto da perda:

“Eu lembro do homem. Em 1974, ambos estávamos tentando trilhar nossos caminhos e até tocamos no mesmo evento. E eu digo que as massas, os fãs, estão de luto. O que você pode dizer? São apenas corações partidos.
E quando digo isso, falo do meu coração, minhas orações e as de milhões de pessoas para Sharon e os filhos.
As pessoas pensam nele como o Príncipe das Trevas e, no palco, claro, havia essa persona enorme, um gigante. Mas, ao mesmo tempo, ele era um pai amoroso e um marido dedicado.”

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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