Deicide: 28 anos de “Serpents of the Light”

Há 28 anos, em 20 de outubro de 1997, o Decide lançava “Serpents of the Light“, o quarto álbum da banda mais profana do Death Metal, capitaneada pelo não menos profano Glen Benton. Nosso bate-papo desta segunda-feira está com a cruz invertida.

O quarteto vinha de um álbum não muito bem elogiado, “Once Upon the Cross“, mas eles tinham o respaldo da Roadrunner, a gravadora e nada foi modificado para o aniversariante do dia. Assim sendo, todos retornaram ao icônico “Morrisound Studios“, em Tampa, Florida, a Meca do Death Metal, com o gênio Scott Burns na produção, ajudado pela própria banda.

Com relação a arte da capa, assinada pelo artista cubano Nizin R. López, que depois trabalharia em outro álbum do Deicide, “When Satan Lives” e também em álbuns do Malevolent Creation e Morbid Angel, Glen Benton deu uma entrevista no ano de 1997. Vamos dar aspas ao líder da banda:

“O cara, Nizen Lopez, que fez a arte do álbum… ele veio a um show e me deu a pintura. Tinha o número de telefone dele e tudo mais atrás. A pintura se chamava “Serpent of the Light”. Liguei para ele e conversei por cerca de uma hora ao telefone, perguntando como ele tinha criado a obra e o que ela significava para ele. Contei que estava interessado em usar a pintura e o título no novo disco. Ele ficou muito animado. Eu também. A música em si é a nossa conversa por telefone.”

Glen Benton também falou em entrevista no mesmo ano de 1997, que uma das músicas de nosso aniversariante, “Father Baker’s“, nasceu depois de uma conversa que ele teve por telefone com Chris Barnes. Vamos aqui abrir novamente aspas para a declaração de nosso vocalista anticristo:

“Escrevi “Father Baker” em uma hora e meia. Era algo que precisava sair de mim. Essa música fala de um lugar que existia no interior do estado de Nova York, de onde eu sou. Tenho um primo que fugiu daquele lugar… a gente tá falando uns 50 anos atrás, sei lá… se você sai de um lugar assim, você vai o mais longe possível daquele lugar. (risos) Quando eu era criança, cara, nossos pais costumavam nos ameaçar com isso. E os pais deles costumavam ameaçá-los com isso. Então, eu e o Chris Barnes estávamos falando ao telefone um dia, e eu mencionei isso para ele. Ele simplesmente surtou comigo. ‘Não acredito que você tocou nesse assunto! Eu ouço isso desde criança!’ Nós dois morávamos na mesma região. Então eu pensei: ‘Cara, vou escrever uma música sobre isso. Um de nós tem que escrever.’ Ele tinha terminado o disco, então eu disse: ‘Ainda tenho um. Deixe-me ver o que consigo fazer.’ Naquela tarde, saí e o escrevi.”

Serpents of the Light” é dedicado à memória do baterista Vinny Daze, que era amigo de Glen Benton. Daze faleceu aos 28 anos de idade, em 11 de março de 1996 após consumir baiacu envenenado. Ele havia tocado no Demolition Hammer e no Deviate NY.

O play é bem curto, meia hora de brutalidade em forma de música e dez horas neste que podemos chamar de pergaminho do ódio ao cristianismo. Tempo de álbum de Punk Rock, mas o som é Death Metal em estado bruto, pesado, ríspido, e o melhor, a mensagem é recheada de blasfêmias, para desespero do fã conservador. O headbanger bolsonarista certamente vai ficar contrariado ao ler a letra de “Bastards of Christ“.

Os destaques do álbum ficam por conta da faixa-título, que é rápida, com solo mais cadenciado, “That’s Hell We’re in” é outro petardo. “Believe the Lie” é igualmente rápida e tem nós irmãos Hoffmann o grande trunfo. “Blame It on God” é outra faixa que se destaca, essa mais arrastada, com riffs trabalhados, é a mais curta do álbum.

Nosso aniversariante destila o puro ódio contra os que crêem cegamente no cristianismo. A produção já começava e ficar em um nível bastante agradável e esse fator só iria ser aperfeiçoado disco após disco. O álbum foi bem recebido pelo público e alcançou a 17ª posição na categoria “Heatseekers“, da “Billboard“. 

Após o lançamento, a banda saiu em turnê, onde uma das apresentações, no “The House of Blues“, em Chicago, acabou virando o já citado álbum ao vivo “When Satan Lives“, que foi lançado também em 20 de outubro, só que em 1998. Cinco das dez músicas de “Serpents of the Light” acabaram entrando no registro ao vivo.

Temos este clássico do Death Metal apagando as velinhas e que segue sendo cultuado pelos fãs do estilo. E Glen Benton que graças ao capiroto, não se suicidou aos 33 anos em cima do palco, como prometera, segue vivinho da Silva, com sua banda na ativa, hoje já sem os irmãos Hoffman.

O Deicide esteve no Brasil no mês passado, quando realizou shows em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Curitiba pela “Unholy Trinity Tour“. Behemoth e Nidhogg também tocaram, sendo a banda de Nergal a atração principal. Nenhuma música de nosso homenageado foi tocada nesta passagem, mas não é por isso que vamos deixar de lembrar deste play.

Da formação original, restam apenas Glen Benton e o baterista Steve Asheim, mas o Deicide segue insano, maldito e satânico. Hoje é dia de celebrar esse play que se aproxima dos 30 anos. O último lançamento do Deicide foi no ano passado, o excelente “Banished by Sin“. Para terror dos cristãos, Glen Benton segue ainda mais colérico quando o assunto é o livro fantasioso chamado bíblia. Longa vida ao Deicide.

Serpents of the Light – Deicide
Data de lançamento – 20/10/1997
Gravadora – Roadrunner

Faixas:
01 – Serpents of the Light
02 – Bastards of Christ
03 – Blame It on God
04 – This is Hell We’re in
05 – I am no One
06 – Slave to the Cross
07 – Creatures of Habit
08 – Believe the Lie
09 – The Truth Above
10 – Father Baker’s

Formação:
Glen Benton – baixo/ vocal
Eric Hoffman – guitarra
Brian Hoffman – guitarra
Steve Asheim – bateria

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

One thought on “Deicide: 28 anos de “Serpents of the Light”

  • outubro 20, 2025 em 10:46 pm
    Permalink

    Baiacu é um peixe kbuloso e muito adorado lá no Japão!!!! Serpents of the Light é um Album cheio de polêmicas e histórias!!!! Gosto desse album, marcou muito e cheio de brutalidade sonora!!!! A verdade é que Glen não se suicidou para fazer mais albums para a galera do Death Metal e assim ficou!!!!! Album e banda que assusta muita banda de Black Metal por aí, Valeu!!!!

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *