Death: há 34 anos, era lançado “Human”

Há 34 anos, em 22 de outubro de 1991, o Death lançava “Human“, o quarto álbum desta que é uma das mais importantes banda de Death Metal de todos os tempos, e tema da nossa conversa nesta quarta-feira.

Human” é o único álbum a contar com as participações do guitarrista Paul Masvidal e do baterista Sean Reinert, que eram do Cynic. Tudo porque Chuck Schuldiner acionou judicialmente Bill Andrews e Terry Butler, pois eles saíram em turnê pela Europa sem contar com a participação do criador da banda. Isso levou Schuldiner a passar a contar com músicos convidados a partir dos próximos lançamentos.

Este foi o primeiro álbum a contar com a participação do baixista Steve DiGiorgio. Ele gravou todas as faixas e acabou saindo depois que concluiu suas partes. Ele voltaria para gravar “Individual Thought Patterns“. Ele foi substituído por Scott Carino, que gravou o baixo na música “Cosmic Sea“. Carino tocou na turnê do álbum. 

O álbum é marcado pela mudança no direcionamento sonoro que Chuck Schuldiner almejava para sua banda. E é também considerado como uma continuação desta evolução que já havia se iniciado em “Spititual Healing“. Em 2011, o guitarrista Paul Masvidal falou sobre como puderam colaborar com a sonoridade do Death. Aspas para ele:

“De certa forma, nós três, em torno de Chuck, criamos uma fusão de sensibilidades da Costa Leste com a Costa Oeste, fora da caixa do metal. Estávamos imersos no rock progressivo dos anos setenta e oitenta, jazz e outros sons ecléticos, que se misturavam às inclinações do metal old-school de Chuck para se tornar um híbrido grooveado de death metal progressivo, algo inédito na época. Seu uso característico da escala menor harmônica ainda estava intacto, juntamente com os riffs clássicos do metal, mas, ao buscar uma nova geração de músicos, Chuck estava obtendo o melhor dos dois mundos, atraindo os fãs de metal clássico, mantendo a velocidade e o peso para o ouvido mais extremo do metal, mas também falando ao ouvinte mais estudado, introduzindo um novo nível de musicalidade, pegada agressiva e destreza técnica.”

Em “Human“, Chuck Schuldiner abordou temas como existencialismo, abuso de poder e traição. Vamos deixar aqui outra fala de Paul Masvidal, agora avaliando o modo como Chuck via o mundo e como isso influenciou na escrita das letras.

“Grande parte da energia criativa de Chuck foi impulsionada por uma consciência perturbada. Como acontece com muitos músicos, escrever canções era uma válvula de escape catártica e uma maneira de tocar a terra, se aterrar e processar sua dor. Com Human , as letras de Chuck começaram a olhar para dentro e de forma um tanto profética para sua própria partida prematura.”

Todos foram para o icônico Morrisound Recording Studios, em Tampa, Flórida, no primeiro semestre de 1991, onde o álbum foi gravado e mixado. A produção ficou a cargo do próprio Chuck Schuldiner, que o fez em conjunto com Scott Burns. A materização aconteceu no Fullersound, em Miami. A arte da capa é assinada por René Miville.

Botando a bolacha para rolar, o Death nos brinda com um Death Metal altamente complexo, com muitas mudanças de andamento e influências do Metal Progressivo. O álbum é considerado a bíblia do Death Metal. Temos 8 canções e duração de álbum de Punk Rock: são breves 34 minutos. Os grandes destaques ficam por conta de músicas como “Lack of Comprehension“, “Flattening of Emotionss“, “Suicide Machine” e “See Through Dreams“. A versão japonesa veio com um cover para “God of Thunder“, do Kiss da época de Ace Frehley, que acabou de nos deixar na última semana.

A importância de “Human” para o Death Metal técnico é de extrema importância. Recebeu inúmeras críticas positivas e é tido pelos fãs como um dos melhores álbuns lançados. Todas as bandas do chamado Technical Death Metal que vieram depois só existem por conta do lançamento do nosso aniversariante do dia.

Human” vendeu cerca de cem mil cópias nos Estados Unidos e mais de 600 mil ao redor do mundo, sendo considerado um best-seller dentro do underground. O álbum foi bastante aclamado na época e ainda hoje é lembrado como um dos maiores discos de Death Metal da história. A revista Rolling Stone, no ano de 2017 classificou o álbum como o 70° melhor disco de Metal de todos os tempos. O play figurou até na badalada “Billboard“, na categoria “Heatseekers“, chegando na honrosa 34ª posição.

Na época, o Death produziu um videoclipe para “Lack of Comprehension“, que passou com frequência no programa Headbanger Balls da MTV estadunidense, o que ajudou a alavancar as vendas do álbum.

O Death saiu em turnê pela América do Norte e Europa para divulgar o álbum, que ocorreu durante boa parte do ano de 1992. E após 34 anos, o álbum segue sendo tão relevante quanto na época em que foi lançado. Se Chuck Schuldiner nos deixou em 2001, seu legado é riquíssimo e merece ser lembrado. Hoje é dia de celebrar mais um aniversário deste álbum.

Human – Death
Data de lançamento – 22/10/1991
Gravadora – Relativity Records

Faixas:
01 – Flattening of Emotions
02 – Suicide Machine
03 – Together as One
04 – Secret Face
05 – Lack of Comprehension
06 – See Through Dreams
07 – Cosmic Sea
08 – Vacant Planets

Formação:
Chuck Schuldiner – guitarra/ vocal
Paul Masvidal – guitarra
Steve DiGiorgio – baixo
Sean Reinert – bateria

Participação especial:
Scott Carino – baixo em “Cosmic Sea”

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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