Tobias Sammet critica máscaras no metal: “Parece quase um baile”

Em entrevista à rádio brasileira Kiss FM 92,5, Tobias Sammet refletiu sobre as mudanças na produção ao vivo de bandas do metal. Ele recordou sua formação musical:

Eu cresci ouvindo bandas como KISS e QUEEN, e também 
BON JOVI e DEF LEPPARD , com aquele som in-the-face, com o palco no meio, começando com
‘Stage Fright’ … Era tudo grandioso, cheio de brilho, pirotecnia, loucura, cabelos volumosos, ombros largos e poses exageradas. Essa é a música com a qual eu cresci.”

Segundo Sammet, o espetáculo sempre fez parte da música de arena, mas nunca em detrimento da canção ou da entrega ao público.


O show serve à música, não o contrário

Ele disse ainda:

“E eu nunca entendi muito bem o grunge, onde eles ficavam olhando para os próprios pés e tocando, tipo, ‘Aqui estamos. Nos entretenham.'” Não, não — vocês é que 
nos entretêm . Vocês, no palco, têm que entreter o público, não a gente — a plateia não tem que entreter a banda. Então, eu cresci com uma abordagem completamente diferente.

Ao explicar sua visão, ele afirmou:

“Quero um show, quero um espetáculo. Pode ser algo básico, como o AC/DC em 1980 ou 1979 com Bon Scott — mas ainda assim era teatral. Era um cara vestido com uniforme escolar, mostrando a bunda, dançando feito louco. E aí você tinha o Bon Scott com seus jeans rasgados, parado lá como um deus do rock. Ainda era um show. E acho que é isso que tem que ser — tem que ser um show. Mas não quero que o show atrapalhe a música. Essa é sempre uma linha tênue, porque quando vejo o Freddie Mercury [do Queen ] , ele nunca atrapalha a música. Ele subia no palco. Ele era ele mesmo. Ele fazia o mundo inteiro assisti-lo. E é assim que você tem que encarar, porque é como entrar na jaula de um leão. Como vocalista, você está se apresentando para 10.000 pessoas.” Você e as pessoas têm o lugar mais importante, e você só consegue fazer isso se tiver confiança e se apresentar um show dizendo: ‘Aqui estou eu, me observem. Estou fazendo isso por vocês. Estou fazendo isso por mim. Vamos nos divertir e dar um show incrível.'”

Para ele, há uma linha tênue: o visual deve realçar o som, nunca sobrepor-se a ele.


Máscaras, fantasias e a “mascarada” do metal atual

Questionado sobre o visual exagerado que observa hoje no metal, Sammet foi direto:

“O que eu realmente não entendo, devo dizer, é que muitas bandas hoje em dia usam máscaras e todo mundo tem sangue falso, e parece quase um baile de máscaras, parece um carnaval. Quer dizer, cada um tem que fazer do seu jeito. 
O KISS também usava máscaras, mas ainda assim era uma amplificação da música, do show deles. Hoje, quando você abre uma revista de metal — não existem tantas mais —,

Ele compara o uso indiscriminado de fantasias e adereços a um catálogo de fantasia, mais ligado à encenação do que à música:

“Parece que você está olhando um catálogo de fantasias para RPG ao vivo. É tipo, um é um gladiador, um é um lobo, um é isso, aquilo, isso e aquilo. Cada um tem que se conhecer, mas eu não quero que o show distraia da música… E tem que haver equilíbrio… Meu lema sempre foi: queremos dar um show. Eu quero ser um showman. Eu subo no palco e não mudo de roupa. Não é um baile de máscaras.

Na visão de Sammet, o problema não é a fantasia em si — ele lembra que o KISS também usava máscaras — mas sim quando o visual deixa de ser extensão da personalidade da banda e se torna o foco principal.


Sobre identidade e autenticidade no palco

Sammet define seu próprio estilo:

“Quando eu visto minha cartola e meu casaco e subo no palco para encantar as pessoas…” Ser o vocalista é simplesmente… minha cabeça e minhas roupas são uma extensão da minha personalidade. Não sei se um capacete de gladiador ou um capacete viking são uma extensão da sua personalidade, a menos que você seja um pouco excêntrico. Para mim, é apenas uma extensão, e eu sempre quero encontrar o equilíbrio certo. Quero que as pessoas curtam a música e os visuais que a acompanham, mas sem que isso as distraia da música.”

Ele não rejeita o teatro, mas busca autenticidade no processo. O que incomoda, segundo ele, é ver bandas que parecem mais focadas em encenação grotesca do que em emoção real ou entrega musical.

O Avantasia retorna ao Brasil este ano para um show solo no Vibra em São Paulo e os detalhes você confere aqui.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

One thought on “Tobias Sammet critica máscaras no metal: “Parece quase um baile”

  • novembro 5, 2025 em 9:47 pm
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    Ruin é criticar e depois não gostar de ser criticado. Também não sou fã de máscara e também de cartolinha. Adoro o prmeiro disco do Avantasia e depois os outros não me chamaram tanto a atenção. Abraços!

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