Resenha: Diamond Head – “Live And Electric”
A trajetória do Diamond Head sempre foi marcada por altos e baixos, influências profundas e uma eterna corrida contra o tempo. Se a história já é conhecida — da admiração de um jovem Lars Ulrich ao impacto direto na gênese do Metallica — o que realmente importa agora é o presente. E o presente chega em forma de pólvora com “Live And Electric”, um registro que captura a banda em plena forma durante a turnê ao lado do Saxon, em 2022.
O álbum, lançado pela parceria entre Silver Lining e Shinigami Records, reúne apresentações de várias datas do giro britânico e funciona quase como uma prova documental: o Diamond Head atual soa afiado, poderoso e completamente confortável em equilibrar o passado glorioso com a produção contemporânea.
A abertura com “The Prince” já deixa claro que a energia da banda em 2022 não devia nada aos dias do mítico “White Album”. O salto imediato para faixas mais recentes, como “Bones” e “The Messenger”, evidencia o quanto o repertório moderno se encaixa de maneira natural ao legado original. Parte desse equilíbrio vem da química entre o guitarrista fundador Brian Tatler e o atual parceiro de seis cordas, Andy “Abbz” Adderley, que expande as possibilidades do repertório sem descaracterizar o espírito clássico.
O primeiro grande impacto chega com a monumental “In The Heat Of The Night”, que aqui ganha uma interpretação densa, climática e repleta de nuances. É o tipo de performance que valida todo álbum ao vivo: uma canção histórica sendo reerguida com respeito, mas também com personalidade.
A voz de Rasmus Bom Andersen é crucial para essa reinvenção. Em vez de tentar replicar Sean Harris, ele imprime força, entrega e carisma, transformando-se no elo entre as diferentes eras da banda. Sua presença é tão intensa quanto no palco — quem já o viu sabe da energia que ele dispara para o público — e sua performance aqui reforça que ele é peça-chave para a longevidade do Diamond Head.
O coração do disco, no entanto, pulsa graças à coesão entre o baixista Paul Gaskin e o baterista Karl Wilcox, que atuam como uma locomotiva rítmica. É impossível não sentir isso em músicas como “Dead Reckoning”, que ganha contornos ainda mais agressivos, e na devastadora “Death By Design”, um dos momentos de maior violência sonora do repertório recente.
O bloco final é uma celebração ao início da banda. “Sweet and Innocent” surge com groove, enquanto “Helpless” mantém o andamento frenético que sempre fez dela um clássico dos headbangers. A reta final explode com “Belly Of The Beast”, pura adrenalina, antes do inevitável grand finale: “Am I Evil”. Aqui, o hino recebe a reverência devida, com riffs gigantes, mudanças de andamento cirúrgicas e o público cantando cada verso como se estivesse diante de uma entidade do metal.
Live And Electric” serve como testamento da vitalidade do Diamond Head e do papel essencial que a banda ocupa no gênero. Se o futuro ainda é incerto, o presente capturado neste álbum deixa um recado claro: quando voltarem, estarão prontos para reivindicar tudo o que lhes é devido.
NOTA: 7
