Resenha: Edguy – “The Singles”
Embora The Singles tenha sido uma coletânea pensada para acompanhar o lançamento norte-americano de Tinnitus Sanctus, a impressão que fica é que ela funciona muito mais como um manifesto do Edguy: energia, humor, melodias marcantes e um domínio absoluto do power metal. Para uma banda que começou quando seus integrantes ainda eram adolescentes, Tobias Sammet e companhia demonstram aqui o quanto cresceram e o quanto sempre mantiveram o pé fincado em composições empolgantes, diretas e carregadas de personalidade, no disco que volta as prateleiras pela parceria Nuclear Blast e Shinigami Records.
A abertura com “Superheroes” é um dos momentos mais fortes de toda a carreira da banda. É o tipo de faixa que parece feita para resumir tudo o que o Edguy representa: voz poderosa, guitarras afiadas, refrão pegajoso e uma ambição quase teatral, reforçada pelo uso de um quarteto de cordas. Logo em seguida, “Blessing in Disguise” mostra o lado mais atmosférico da banda, com Sammet alternando entre suavidade e explosão enquanto Jens Ludwig e Dirk Sauer entregam um trabalho de guitarras que equilibra peso e dramaticidade com precisão.
“Judas in the Opera” surge como uma declaração de amor ao heavy metal clássico, com influências que remetem diretamente ao Iron Maiden. A presença de Michael Kiske dá ainda mais brilho à faixa, que chega a flertar com o estilo operístico e remete ao tipo de extravagância que Freddie Mercury e o Queen dominavam tão bem. É daqueles momentos em que o Edguy abraça o exagero e acerta em cheio.
“Lavatory Love Machine”, aqui apresentada em versão tradicional e acústica, é outro exemplo da versatilidade dos alemães. Na gravação original, a banda mergulha em um hard rock irreverente e cheio de malícia. Já a releitura acústica revela nuances inesperadas, permitindo que Sammet explore vocais mais soltos e expressivos, enquanto o arranjo ganha brilho com violões cristalinos.
“King of Fools” mantém o ritmo elevado, trazendo uma das composições mais pesadas e diretas do período, marcada por riffs secos, bateria pulsante e um refrão que gruda imediatamente. “New Age Messiah”, por sua vez, começa suave, quase pastoral, antes de mergulhar em um turbilhão de guitarras e bateria que lembra o Edguy mais frenético do começo dos anos 2000.
Até as escolhas de covers mostram uma curadoria cuidadosa. A versão de “The Spirit”, do Magnum, é grandiosa e cheia de emoção, enquanto “I’ll Cry For You”, do Europe, ganha nova vida em uma abordagem acústica que ressalta melodia, interpretação vocal e harmonia entre os instrumentos.
A coletânea fecha com um toque de humor em “Life and Times of a Bonus Track”, uma música que dá voz — literalmente — ao ponto de vista de uma faixa-bônus. É divertida, irônica e funciona como lembrete de que o Edguy sempre soube equilibrar virtuosismo com leveza.
The Singles não é apenas um apanhado de sobras ou uma coletânea para cumprir tabela. É uma celebração de uma fase fértil da banda, mostrando um Edguy inspirado, versátil e absolutamente confiante no que faz. Para fãs novos ou antigos, é uma experiência que captura com perfeição o espírito irreverente e grandioso que sempre definiu o grupo.
NOTA: 7
