Rick Steier afirma que James Kottak “bebeu até morrer” após demissão do Scorpions

Em declarações recentes, Rick Steier falou abertamente sobre o trágico falecimento de James Kottak, ex-baterista do Scorpions e do Kingdom Come — morto em janeiro de 2024, aos 61 anos. A entrevista foi dada ao programa The Hair Metal Guru, e repercutida pela mídia especializada.

Steier não poupou críticas às atitudes do colega: segundo ele, Kottak já enfrentava sérios problemas com álcool há anos, chegando a consumir bebidas mesmo antes de shows importantes:

“Quando fizemos aquela pequena turnê de reunião do Kingdom Come, em 2018, o James estava bebendo o tempo todo. E nós tentamos… Quer dizer, em alguns shows ele até tocava, como fez no Sweden Rock — metade do tempo. E ele dava um jeito de beber escondido.

E isso foi depois que ele saiu do Scorpions. Na verdade, ele não saiu — ele foi demitido, o que é muito triste. Mesmo assim, continuou amigo dos integrantes: Rudolf Schenker, Matthias Jabs, Klaus Meine e todos os outros.

Nós fomos a um show do Scorpions aqui em Los Angeles, com o Mikkey Dee na bateria. Eu estava assistindo à apresentação, com o James ao meu lado, e simplesmente comecei a chorar. Foi estranho, porque eu pensava: “Você não está lá em cima.” Não dava mais. “Você fez isso por 17 anos, cara.” E foi um choro incontrolável — nem sei de onde veio aquela emoção. Porque o James era meu melhor amigo, e ele perdeu o emprego por causa do álcool.

Lembro que um dos agentes de shows me disse: “Você precisa estar realmente no auge do alcoolismo para abrir mão de um dos lugares mais importantes do rock and roll.” Os Scorpions estão lá em cima — não no mesmo patamar dos Beatles, claro, mas em um gênero diferente. Quando você fala das melhores bandas de hard rock do mundo, são os Scorpions, depois vem o Van Halen, e por aí vai. Eles estão no topo. Se você olhar a programação de qualquer festival, geralmente são eles que fecham a noite.

Então, ver os Scorpions tocarem com outro baterista me deixou muito emocionado. E eu dizia: “Cara…” E o James respondia: “Ah, tudo bem.” Ele dizia que estava tudo bem. Mas eu comecei a perceber que nem tudo o que ele me dizia era completamente verdade.

Eu não bebo durante o show. Mas então o Matthias, finalmente, deu uma entrevista e contou tudo. Ele disse: “Estamos tentando ajudar o James a ficar sóbrio há anos.” Eles até o mandaram para o Crossroads, o centro de reabilitação para dependentes químicos e alcoólicos do Eric Clapton, na ilha de Antígua. Mandaram-no para lá por seis meses, isolado — e ele conseguiu se livrar do vício. Quando voltou, eu pensei: “Nossa, que legal!”

Ele continua:

“”Então, já estávamos acostumados com ele tocando daquele jeito que tocou no Sweden Rock. A gente avisava os bartenders de qualquer lugar onde estivéssemos, tipo no hotel onde a gente ficava. A gente mostrava uma foto dele e dava o nome, dizendo: ‘Esse cara, vocês não podem servir bebida alcoólica para ele’. Então, o que o James fazia era o seguinte: se um fã chegasse, ele dizia: ‘Ei, cara, você pode me pagar uma bebida? Eu pago. Tô ocupado aqui. Você pode me pagar uma bebida?’ ‘Ah, claro.’ E eles traziam a bebida de volta. E perguntavam: ‘Quanto eu te devo?’ ‘Não, é por minha conta.'” Então ele fazia isso três ou quatro vezes com pessoas diferentes. É impossível parar, mesmo que não haja nenhuma loja de bebidas por perto. E era uma situação triste, porque estávamos todos preocupados, já que ele estava bêbado na noite anterior ao ensaio. Ensaiavamos no quarto do hotel. Ficávamos repassando a ordem das músicas e pensando: “O que vamos fazer entre uma música e outra?” “É aqui que vou falar e é aqui que vou apresentar a faixa”, blá, blá, blá, ou algo do tipo. E estávamos bem no meio disso. Ele disse: “Vou ao banheiro”, e voltou. Ele não pôde tocar porque voltou para o quarto. E quando você é alcoólatra, não precisa começar a beber do zero. Todo aquele álcool já está circulando no seu corpo. Então, duas doses já te deixam completamente acabado. Não é como se você estivesse começando tudo de novo todos os dias. Umas duas doses e você volta para onde começou ou para onde terminou.

Então, enfim, nosso agente disse: ‘Os organizadores do Sweden Rock Festival podem não pagar vocês porque vocês tocaram muito mal.’ Eu disse: ‘Sabe quem tocou mal?’ Ele respondeu: ‘Sim, mas…’ Eu disse: ‘A gente tocou mesmo assim. Eles vão nos pagar. A gente não deixou de tocar porque o James estava bêbado. Ele simplesmente tocou muito mal.’… Achei que ele ia desmaiar. E ele emagreceu bastante. Foi uma situação muito triste… Então, o negócio na Suécia foi um desastre, mas a gente ainda soava bem. Só que a gente estava tocando na metade da velocidade.”

Steiner ainda ressalta que a situação se agravou após a demissão do Scorpions:

James disse que não bebia [quando estava em turnê com os Scorpions. E eu perguntei: ‘Por que estão falando disso?’ E ele respondeu: ‘Não sei’. Então descobri o que ele fazia. Depois de cada show, o produtor os levava para jantar por conta deles. Eles iam a restaurantes chiques. E ele se desculpava, ia até o bar, dizia: ‘Me dá uma dose’, e tomava umas duas. E era assim que ele conseguia beber na estrada. E eles nunca souberam.”

Matthias me contou que James caiu da bateria durante seu solo uma noite. Ele subiu na bateria, tirou a camisa e mostrou a tatuagem ‘Rock & Roll Forever’, se virou, toda aquela coisa. Ele caiu. E eu acho que essa foi provavelmente a gota d’água para o meu relacionamento com o Scorpions .”

Steier lamentou a perda do amigo e ex-colega: “Ele era meu melhor amigo… mas o álcool o consumiu”. Ele contou que, depois de uma convocação para show do Scorpions em Los Angeles, viu Kottak observando a banda e chorou — impressionado por saber que aquele não era mais o lugar dele.

Ele também revelou que, antes da morte, a banda havia decidido substituir Kottak por outro baterista devido à sua imprevisibilidade. A situação se tornou insustentável, e a deterioração de sua saúde e disciplina foi acelerada pelo alcoolismo.


Mortes, recaídas e histórico de luta contra o álcool

James Kottak já tinha admitido publicamente suas lutas contra o alcoolismo. Em uma entrevista de 2023, declarou que vinha tentando manter a sobriedade, mas ressaltou que recaídas eram frequentes.

Apesar dos esforços de reabilitação — chegou a passar por clínica de recuperação e teve períodos de sobriedade — o retorno aos antigos hábitos acabou sendo fatal. Conforme Rick Steier, “ele bebeu até morrer”.

Kottak morreu em Louisville, nos EUA, no dia 9 de janeiro de 2024. Ele integrava o mundo do rock há décadas, com passagens por bandas como Scorpions, Kingdom Come, Warrant, entre outras.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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