Disturbed – “Divise” (2022)
Chega até ser meio difícil entender realmente o rumo que o Disturbed quis dar ao seu disco “Divise”, lançado em novembro de 2022 e bastante aguardado por seus seguidores.
Voltando um pouco no tempo, a banda se provou ao longo dos anos um expoente do metal moderno, solidificando sua carreira com “The Sickness”, de 2000, que quando lançado foi um sucesso imediato e colocou o nome Disturbed nos holofotes, para daí em diante, ter a atenção sobre cada novo registro. Nesse tempo, David Draiman e seus companheiros nunca tiveram medo de se arriscarem, trabalhando sonoridades diferentes, em diferentes abordagens e letras fortes, e claro, os característicos “wah-ah-ah” do vocalista. Até então, o último lançamento deles havia sido “Evolution”, de 2018 e os fãs ficaram cada vez mais afoitos por rumores de que finalmente, no ano passado a banda colocaria um novo material nas prateleiras.
Para carimbar, é lançado o single “Hey You”, que deu fôlego as expectativas e finalmente era chegado a hora de conferir o que tinha sido realizado. E é aí que as coisas parecem virar uma bola de massinha com todas as cores e que não há forma de separar mais.
O referido single acima é a abertura, e o faz com energia e ânimo, num bom refrão e versos “cavalgados”, típico da banda e que no capta de imediato, para uma armadilha. “Bad Man” inicia com riffs pesado e bom groove, porém, a faixa parece não sair do lugar, carecendo de força em sua parte principal, ainda que contendo boa melodia, mas falta aquele toque cristalino da banda que se impõe. A faixa título vem na sequência e parece uma reformulação da faixa anterior, mas com um tempo a menos. “Unstoppable” é outro single, e outro momento marcante do disco. Essa realmente é uma boa música e com cara de Disturbed. Enérgica, vigorosa, letra bombástica e um refrão que vai te perturbar por uns bons dias! “Love to Hate” até tenta, mas não emplaca e aí e que nossa “bolinha de massinha” começa a se enroscar mais e mais. Na tentativa de continuar forte, as músicas começam a se embromar e parecem cada vez mais soarem repetições uma das outras. “Feeding the Fire” é algo que poderia ser incluso nos primórdios da banda, soando mais cadenciada, melódica e com crescendo no refrão. Outro momento aproveitável por aqui. “Don’t Tell Me” é uma parceria de Draiman com ninguém menos do que Ann Wilson do Heart. O contraponto das vozes soa muito bem, e o drama da música é interpretado por ambos de forma muito bem composta, dando ares nublados a levada e sendo destaque do disco. “Take Back Your Life” tem boa letra, um bom refrão, mas se perde em si mesma, e “Part of Me” é simplesmente um remake de “Unstopabble”, com outras letra e alguns acordes trocados. “Won’t Back Down” encerra o álbum como se fosse uma música de passagem, sem força, neutra e que não marca em absolutamente nada.
Com pouco mais de meia hora, ao terminar a audição você fica com uma cara que nada melhor para se ilustrar do que o meme de John Travolta perdido. A banda que em outro momento nos surpreendia com um refrão esmagador ou uma versão bastante própria de um clássico, leva quatro anos para nos entregar algo que se muito poderia ser ilustrado em um EP. Seria preguiça? Disturbed mostrando que está em zona de conforto e não pretende mais se arriscar? Seja lá qual for esse motivo, o que se encontra aqui é no mínimo, frustrante de uma das bandas que mais prometiam.
NOTA: 5