A opinião de Rafael Bittencourt sobre a saída de Kiko Loureiro do Angra

Em 2015, o Brasil teve o orgulho de ter Kiko Loureiro anunciado como guitarrista do Megadeth, e assim, ele deixava a vaga que por anos foi dele no Angra.

Anos atrás, o próprio Kiko decidiu deixar a banda de Dave Mustaine, e agora trabalha em projetos solos, assim como também, o Angra deu uma pausa em suas atividades, para recarregar as energias, e nesse tempo os integrantes cuidaram de projetos solos e vida pessoal.

Em conversa ao canal Maurício Alabama, Rafael Bittencourt foi questionado sobre o momento da saída de Loureiro, e se isso foi algo bom ou ruim para o Angra. Ele então responde, conforme transcrito pelo Confere Rock:

“Foi o que eu digo assim: aquela sensação de “meu amigo está indo para um lugar incrível”. Mais ou menos uma mistura de emoções em relação a ele. Aí foi orgulho total, né? E a completa consciência de que aquilo era consequência de um trabalho que ele vinha fazendo há muitos anos. Pensa: o Kiko foi um dos primeiros a gravar videoaula, né, do CPO, um dos primeiros a ter patrocínio de guitarra, essa coisa toda. Primeiro a entender — vamos dizer — esse universo da guitarra profissional que, para mim, não caía a ficha.

Eu queria ter uma banda de sucesso, achava que aquilo ia pagar as contas. Se eu for pensar, foi o cara que me mostrou: “Não, tem que trabalhar, tem que ralar”. Ele dava aula para caramba, entendia do business também, né, e da arte. Sempre foi um cara muito pé no chão. Então aquilo lá foi orgulho completo, porque eu tenho ele como um irmão e sempre foi um mentor. Para mim foi… poh, mas a  gente realmente pode chegar em bandas, em patamares internacionais. Nós estamos capacitados.”

Ele então segue falando sobre a parte que o preocupou sobre o anúncio da saída de Kiko:

“O outro sentimento foi: “Putz, vou precisar ralar agora para reposicionar a banda, tendo um integrante importante faltando”. Isso já aconteceu. Só que, quando isso aconteceu, eu me dei conta de que eu era o único integrante que estava lá desde o começo. E também vi que era a minha oportunidade de mostrar se eu faço ou não a diferença. 

Porque uma coisa é falarem, né? Outra coisa é você ver a chance de afirmar o desafio, superar suas próprias dúvidas e falar: “Beleza”. E aí nós fizemos um álbum, Omen. Aí entrou o Marcelo, que eu chamo de “tótem sagrado”, porque foi Deus que mandou. Foi uma coisa divina, uma providência. Porque ele encaixou como uma luva, toca perfeitamente, lindamente as coisas do Kiko e ainda contribui na dinâmica da banda, nas relações, nas ideias, em tudo. Porque não é só musicalmente, você sabe. Não é só play. É uma banda, cara, é um sistema complexo, fascinante. Eu adoro. Eu sei porque tenho uma banda: é um sistema dinâmico, onde as personalidades interferem muito mais do que o próprio play.

O cara pode ser um guitarrista que se garante e tá lá, beleza. Mas foi muito legal: a gente fez o álbum chamado Omni. Nessa altura, já estavam o Fábio e o Bruno Valverde há um bom tempo. O Felipe está comigo desde o Rebirth — isso significa 25 anos. Eu falei: “Bom, vamos lá, né? Vamos ver se vai dar certo”. E entrei de cabeça. Fizemos o álbum, e você sabe que foi super bem, cara.”

Ele continua:

“Tem dois caminhos que normalmente acontecem quando sai um pilar importante como o Kiko: ou desmorona o resto, ou a estrutura resiste e alguém dentro da banda puxa a responsabilidade e faz acontecer. Eu lembro muito bem — fazendo aqui um paralelo em outro estilo — que eu tinha um professor de técnica vocal lá no instituto. Ele teve contato muito próximo com o Daniel, da dupla João Paulo e Daniel. Ele disse que o João Paulo era o cara da voz, e o Daniel estava junto. Quando o João Paulo morreu, o Daniel — óbvio, sentiu muito — mas correu atrás de aula de técnica vocal, correu atrás de repertório. Ele se moldou de uma tal forma que… olha o que aconteceu, né?”

Foto: Waldi Evora

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

One thought on “A opinião de Rafael Bittencourt sobre a saída de Kiko Loureiro do Angra

  • setembro 30, 2025 em 4:00 pm
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    Acho que a maior batalha do Angra é ter um vocalista fixo, Kiko…acredito que muitos não sentiram a falta dele no Angra enquanto esteve no Megadeth!!!! Essa parada do Angra também acredito que seja para arrumar a casa e ter a volta de kiko, quanto a Lione…tomará que seja o vocalista definitivo…já que Edu seria mesmo uma Vibe do momento em termos de relembrar albums clássicos da época que marcaram com ele!!!! Valeu!!!!

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