Alice Cooper mostra que lendas são lendas e entrega rock e performance em noite fria

Fotos: André Tedim

Neste sábado, aconteceu o terceiro dia de Best of Blues and Rock e como atração principal da noite, veríamos a lenda, o pai do horror-rock, Alice Cooper.

Em um noite que já havia sido aquecida pelo Black Pantera, que mesmo com seu show pesado e certeiro, mas que acabou não empolgando muito a plateia que parecia se guardar para o “prato principal”, abrindo pequenas rodas depois que seus integrantes pediram, e se agachando para pular junto com o refrão da última faixa, “Bota Pra F*der“. A banda anunciou sua participação no gigante festival de metal Hellfest na França essa semana e ao falar sobre o assunto, aproveitou para estrear ao vivo seu novo single lançado “Unfuck This“.

Também passaram por ali, o Charlie Brown Jr, com os remanescentes Marcão Britto e Thiago Castanho se unindo a novos integrantes, e é meio bizarro ver alguém tão parecido com Chorão tanto na voz como em seus trejeitos no palco, como é o caso de Rafael Carleto. Abrindo este dia, a banda trouxe nostalgia tocando clássicos como “Só Por Uma Noite“, “Só Os Loucos Sabem” e “Proibida Pra Mim“.

Quem também este por ali foi a guitarrista Larissa Liveir, que emendou uma série de clássicos do rock/metal, abrindo a apresentação com “Raining Blood” do Slayer, e em seguida emendando com “Sad But True” do Metallica. Passando por clássicos como “Johnny B. Goode“, “Whole Lotta Love“, “Still Loving You“, “War Pigs” o ápice chega quando Nita Strauss, trajando uma camiseta do Sepultura, sobe ao palco para juntas tocarem “The Trooper” do Iron Maiden.

(Fotos Nita: Gustavo Diakov)

 

Alice Cooper mostra porquê lendas são lendas

Palco preparado com escadas e uma bandeira que trazia um jornal com os marcantes olhos maquiados e o nome Alice Cooper no alto. Com cinco minutos adiantados do combinado, as luzes se acendem por trás da “manchete” e uma silhueta de um homem com cartola e bengala surge no palco, a banda entra em cena, Ryan Roxie (guitarra e que por um breve momento pensei se tratar de Johnny Depp), Chuck Garric (baixo), Glen Sobel (bateria), Tommy Henriksen (guitarra) e o furacão Nita Strauss. 

Lock Me Up” e “Welcome to the Show” abrem a apresentação que será uma verdadeira aula de historia do rock durante uma hora e meia! “No More Mr. Nice Guy” aparece em seguida e seu refrão ganha uma plateia, que ainda parecia um pouco morna, diante do espetáculo que se seguia no palco.

Passam por ali “I’m Eighteen”, “Under My Wheels“, “Bed of Nails” e todas com direito a diversas trocas de figurino de Cooper, que passa por sobretudo vermelho, jaquetas brilhantes com couro de serpentes e outra de couro, e um visual gótico todo preto e cinto de caveira.

Eis então que do nada uma mulher surge no palco com uma câmera apontando para Nita e tirando diversas fotos suas e Alice parece não entender o que está havendo ali, mas a “invasão” seria solucionada no melhor estilo Alice Cooper. Ao fundo no telão, uma máscara de hockey muito conhecida apareceu, com seu próprio portador aparecendo no palco para dar jeito na situação. Jason Vorhees, que fez aniversário na última sexta feira 13, surge ao som de “He’s Back (The Man Behind the Mask)”, com dose tripla de guitarras sincronizadas entre bases e riffs, e com Jason “finalizando” a “invasora” que é retirada por dois “servos da morte”. É pura arte diante dos nossos olhos e um verdadeira showman pioneiro.

E há de se falar. Alice Cooper em seus plenos 77 anos, é um homem lúcido, dono de todos os seus movimentos onde pula e canta com total controle absoluto de sua voz, sem usar um único resquício de playback, e entrega um show puramente limpo e daquele rock visceral, mostrando porquê lendas são lendas.

Hora de clássico! “Hey Stoopid” arranca palmas da galera, e tem  seu refrão cantando a vigor pela plateia. Glen Sobel domina o palco com seu solo de bateria e logo depois, chuva e trovões anunciam “Welcome to My Nightmare”.Cold Ethyl” dá sequência e “Go to Hell” traz mais couro ao palco. A esposa de Cooper, Sheryl, casada com o cantor há 50 anos, surge em uma performance provocante com direito a chicote.

Lendas são lendas e clássicos são clássicos! “Poison” surge e já na introdução tira suspiros dos presentes, principalmente do fãs, onde muito estavam ali maquiados como o próprio Alice e a comoção surge em um momento que ficará com certeza na memória dos presentes e que sentiram o peso de uma história tão gigante como a deste personagem tão importante dentro da trajetória do rock.

Nita Strauss brilha em sequência com seu solo, onde mostra ser uma das melhores guitarristas da atualidade e mostra mais da sua identidade no momento em que os holofotes são somente seus. Na sequência a banda retorna ao palco Ryan RoxieTommy Henriksen também teu seu destaque.

Alice Cooper então reaparece, agora preso em uma camisa de força e um carrasco steampunk o cerca a todo momento. “Ballad of Dwight Fry” é marcante com seus tons melancólicos e próximo ao fim da canção, uma guilhotina é posicionada na lateral do palco, de onde surge uma Maria Antonieta sádica, com a própria Sheryl no papel e homens puxam o nosso regente da noite para o prender no instrumento de execução e após os rufares dos tambores, uma cabeça rola e a Maria Antonieta dança no palco ao som de “I Love the Dead” segurando a “cabeça de Cooper”, nas mãos. Mais um momento do puro suco do horror-rock do qual Alice foi o responsável por o concretizador.

Se aproximando do fim, Alice Cooper, já com sua “cabeça recolocada”, surge em trajes brancos e os primeiros acordes de “School Out” surgem, com mais uma refrão cantado a toda. Bexigas gigantes surgem sendo arremessadas para a plateia, e com a nossa “tia” estourando várias delas como o carrancudo que estraga a brincadeira das crianças. Durante a música, o cantor diz que “as pessoas devem estar se perguntando quem são aquelas estranhas criaturas no palco”, apresentando um por um dos integrantes da sua banda, e falando da “mortal, perigosa e deliciosa”, Maria Antonieta, sua esposa, Sheryl Cooper, com direito a selinho e “Another Brick The Wall” do Pink Floyd encaixada em um dos grandes hits da estrela principal da noite. Alice se apresentou ao público e recebeu palmas e ovação, com todos mostrando o respeito pela lenda e toda a sua trajetória e importância num momento emocionante e de satisfação do nosso bom senhor que mostra estar feliz com o calor que recebe por aqui.

A festa termina com “Feed My Frankestein“, com um Frankestein gigante remetendo à Alice com sua maquiagem circulando pelo palco e a Maria Antonieta rodopiando por ali.

Uma noite apoteótica e de peso histórico aconteceu ali por uma hora e meia e entre 22 músicas. Sorte de nós vivermos em um tempo de lendas ainda vivas, sorte a nossa de podermos presenciar esses momentos tão gigantes e marcantes! Sorte a nossa existir transcendentes como Alice Cooper e que revolucionaram a indústria da música. Que sorte a nossa…

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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