Alice in Chains: “Dirt” e 31 anos da sua obra prima

Em 29 de setembro de 1992, o Alice In Chains lançava o seu segundo álbum, o excelente “Dirt“. A banda que teve o disco de estreia bem sucedido, se superaria e faria ainda melhor, mostrando que não seria mais uma das “bandas de um só disco” e prova disso é que a banda segue na atividade até os dias atuais. O álbum é tema do nosso bate-papo de hoje.

A banda vivia um grande momento: “Facelift” havia sido premiado com disco de ouro, era o auge do movimento Grunge de Seattle, com o Pearl Jam e Nirvana vendendo muitos discos e fazendo turnês. O filme “Singles – Vida de Solteiro” havia sido lançado, tendo o Alice in Chains participado tanto das gravações do longa-metragem, quanto da trilha sonora, com a então música inédita “Would?“, esta que veio a entrar no tracklist do aniversariante do dia.

Uma curiosidade é que “Dirt” e o filme dirigido por Cameron Crowe tem uma ligação ainda maior. Jerry Cantrell afirmou em entrevista que enviou uma demo com dez músicas para o diretor, por meio de sua esposa, Nancy Wilson, que por sua vez é guitarrista do Heart, que é conhecida dos integrantes do AIC. Algumas destas dez músicas foram utilizadas no disco que hoje completa 30 anos e outras apareceram em “Sap“, EP que a banda lançou poucos meses antes de “Dirt“.

O quarteto se reuniu em dois estúdios: “One on One” e no “Eldorado”, em Los Angeles, entre abril e maio de 1992, com o produtor Dave Jerden e a própria participando da co-produção. Durante as sessões de gravações, que ocorreram entre abril e maio de 1992, o vocalista Layne Staley estava em profunda crise em seu vício de heroína, o que de certa forma, transmite a atmosfera sombria deste disco. As gravações ocorreram sem qualquer pressão por parte da gravadora.

Dirt” é composto por treze músicas em 57 minutos. Os grandes destaques são a pesada e densa “Them Bones“, a Heavy “Dam That River“, “Rooster“, que fala sobre as experiências do pai de Jerry Cantrell na guerra do Vietnã, “Would?“, que trata da morte de Andrew Wood, vocalista do Mother Love Bone, banda que foi o embrião do Pearl Jam, a psicótica “Angry Chair“, a deprê “Down in the Hole“. É um belo disco, que se tornou não só o melhor lançamento da banda em termos de composição, como o mais bem sucedido da carreira, em um momento em que as bandas de Seattle estavam em alta. O Alice In Chains se destaca pois consegue alcançar tanto os fãs de Hard Rock quanto aos fãs de Metal, por incluir elementos destas vertentes.

“Dirt” vendeu mais de 5 milhões de cópias em todo o planeta, sendo certificado com Disco de Ouro na Austrália e no Reino Unido, Platina no Canadá e cinco vezes Platina nos Estados Unidos. Nos charts pelo mundo, chegou a sexta posição na “Billboard 200“, 11° na Suécia e Finlândia, 13° na Austrália, 15° na Noruega, 17° na Holanda, 25° no Canadá, 36° na Nova Zelândia, 37° na Alemanha e  42° no Reino Unido.

Vira e mexe ele é incluído em listas dos melhores discos de Rock da história, o que, convenhamos, é bem merecido. Foi indicado para o Grammy Awards em 1992 na categoria “Melhor Performance Vocal de Hard Rock“, título que ficou com o Van Halen. “Would?” faturou o MTV Video Awards em 1993 na categoria “Melhor Trilha Sonora de Filme”. “Dirt” ainda figura no livro “1001 Discos que Você Precisa Ouvir Antes de Morrer“. Em 2011, a revista Guitar World elegeu o álbum como o melhor lançado em 1992, em 2017, a Rolling Stone colocou o álbum na 26ª posição na lista dos 100 melhores álbuns de Metal de todos os tempos e em 2019, a mesma revista elegeu o disco o 6° entre os 50 maiores álbuns do movimento Grunge. Não é pouco.

Foi na turnê de “Dirt” que a banda desembarcou pela primeira vez no Brasil, no ano de 1993, para shows no falecido festival “Hollywood Rock”. Pessoalmente, é o meu álbum favorito da banda e aqui conto-lhes uma história bem pessoal. No ano de 2000, este redator que vos escreve saiu do Rio de Janeiro até a cidade de Ilhéus, no sul da Bahia. De ônibus, encarando 22 horas pela BR-101, a trilha sonora da viagem foi o aniversariante de hoje. É um disco que não se torna enjoativo nem repetitivo e hoje é dia de celebrarmos essa obra e de desejar uma longa vida ao Alice In Chains, que segue na ativa.

Dirt – Alice in Chains
Data de lançamento – 29/09/1992
Gravadora – Columbia

Faixas:
01 – Them Bones
02 – Dam That River
03 – Rain When i Die
04 – Down in a Hole
05 – Sickman
06 – Rooster
07 – Junkhead
08 – Dirt
09 – Godsmack
10 – Iron Gland
11 – Hate to Feel
12 – Angry Chair
13 – Would?

Formação:
Layne Staley – vocal
Jerry Cantrell – guitarra/vocal
Mike Starr – baixo
Sean Kinney – bateria

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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