Behemoth e Deicide fecham passagem pelo Brasil com “noite satânica” e shows poderosos em São Paulo
Texto: Tiago Silva
Fotos: André Tedim
São Paulo teve, no último domingo, 28 de setembro, uma das noites mais impactantes do ano com o poderio satânico, blasfemo, histórico e antirreligioso das músicas dos poloneses do Behemoth, consagrada banda de Black Metal e Blackened Death Metal polonesa, e dos estadunidenses do Deicide, grande nome do Death Metal. O evento, que também contou com a abertura do cantor polonês de Black Metal Nidhogg, foi organizado pela Liberation Music.
Tal evento também fechou a passagem das bandas pelo brasil, em meio à turnê “The Unholy Trinity Latin America 2025”, que faz parte da divulgação do 13º álbum de estúdio do Behemoth, “The Shit Ov God”, lançado em maio deste ano. Anteriormente, as bandas passaram por Curitiba, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, além de terem passado por Buenos Aires (Argentina) e Santiago (Chile, No próximo dia 05 de outubro, encerrarão a turnê sul-americana em Bogotá (Colômbia).
O Terra SP lotou seus setores de mezanino e pista premium e, apesar de uma boa circulação nos fundos da pista comum, teve altas concentrações de fãs na parte frontal deste setor, principalmente no meio, entre as pilastras centrais que dividem as pistas. Foi um público que fez a diferença e elevou o clima do show a partir dos coros realizados em diversos momentos dos shows, principalmente na banda principal.
As três bandas trouxeram um bom equilíbrio entre músicas de trabalhos recentes e clássicos de trabalhos anteriores, ou faixas de destaque dos mesmos. Nidhogg, por exemplo, organizou o setlist com faixas inéditas e singles já lançados de seu trabalho solo, músicas se sua antiga banda, o Wilczyca, e covers das bandas KAT e Sepultura, formando um show enérgico e que o cantor polonês performou vocalmente até onde conseguiu – quase no fim do show e já na última faixa -, devido a questões de saúde que teve que enfrentar nos dias anteriores ao show de São Paulo.
Já o Deicide, além de trazer músicas do último álbum de estúdio lançado, “Banished by Sin” (2024), enfileirou clássicos de discos antigos, a destacar as “pedradas” dos álbuns lançados nos anos 90. Foi um show conciso e poderoso, encabeçado por Glen Benton e Steve Asheim, que conseguiu envolver mais o público a partir da terceira faixa, depois das correções de problemas técnicos.
O Behemoth, por sua vez, fez o que, para Nergal, foi “o melhor show do Behemoth já feito no Brasil”, o que pode ser comprovado pela ótima combinação do uso dos telões para ilustração e clipes, iluminação amplamente adequada para “climatizar” o “inferno” do palco da banda, pela performance do quarteto e pelo som limpo para todos os setores da casa de shows, de modo a não ter problemas para ouvir nenhum dos instrumentos. Junto a isso, o Behemoth transitou por diversos momentos da carreira, tomando como ponto de partida as faixas do disco mais recente e passando por sucessos de álbuns de todas as décadas dentro dos 34 anos de banda.
Nidhogg
O vocalista polonês fez sua estreia em solo brasileiro, montando um setlist que mesclava músicas de trabalhos recentes tanto da sua recente carreira solo, quanto de sua antiga banda, o Wilczyca, no qual participou entre 2019 e 2024, além de dois covers inusitados na noite.
Nidhogg estava doente, fator que pode ter confundido o público já presente sobre seu potencial vocal até o momento em que revelou essa questão na reta final de seu show. Certo foi que, na medida do que conseguiu, o vocalista se saiu muito bem em termos performáticos e vocais durante o show. Sua banda de apoio foi de exímia competência e entregou uma ótima sonoridade em relação às faixas.
Eram 19h em ponto quanto as luzes do Terra SP se apagaram e todo o conjunto entrou no palco. Os instrumentistas usavam véus pretos no rosto, enquanto Nidhogg tinha seu corpse paint mais simples somado com o tronco totalmente pintado de preto, o que causou bom destaque no palco junto aos seus dreads.
As primeiras quatro músicas eram de sua carreira solo, começando por a poderosa “Narcissus”, baseada em ótima condução de pedais duplos do baterista e com uma variação de vocais mais estridentes e mais graves, por parte de Nidhogg. Já a faixa “Mental Lycanthropy and the Calling of Shadows” veio com pequenas falhas no microfone do vocalista, que logo foram corrigidas, apesar do ofuscamento da voz do artista polonês por conta do alto instrumental.
“Transilvania”, terceira música da noite, veio após uma longa introdução dialogada e uma performance destacada de Nidhogg nesta parte, onde ele saiu e voltou ao palco com um cálice repleto do que poderia ser vinho ou sangue falso, mas que resultou na ingestão do líquido como parte da atuação antes de uma faixa com início mais tranquilo e que acelera ferozmente, como uma boa faixa de Black Metal. O mesmo poderio seguiu com “Sic Luceat Lux”.
Nidhogg trouxe duas faixas que cantava nos tempos de Wilczyka, a começar pela homônima, onde voltou a ser enérgico em sua performance a ponto de se rastejar no palco em meio aos uivos da faixa. A outra foi “Horda”, com uma pegada Thrash Metal inicial que, na segunda parte, voltou ao Black Metal característico em meio às palmas do público. Uma última faixa autoral foi tocada, sendo ela de título “Jeszcze Zemsci Sie Ziemia”. Além de toda a ambientação da música, o cantor polonês também fez um gesto com as mãos em alguns momentos da faixa.
As músicas finais foram covers de bandas muito significativas para Nidhogg. A primeira foi “Wyrocznia”, do grupo polonês de Heavy Metal KAT, com uma pegada sonora até mais impactante que a versão original. Já a segunda foi “Territory”, do Sepultura, na qual o vocalista já tinha apresentado certa dificuldade para atingir os guturais por conta da condição de saúde explicada em outro momento do show, porém amplamente acompanhada pelo público do início ao fim, ajudando-o a concluir a faixa da melhor forma e terminando o show de forma animada.
O término veio com altos aplausos e ovações, além de muitos agradecimentos emocionados de Nidhogg com a conclusão de suas apresentações nesse trecho brasileiro da turnê sul-americana. O polonês até mesmo vestiu uma camisa do Brasil, que não era da seleção, mas era amarela e com a bandeirinha do país estampada, ignorando até mesmo a pintura corporal e sendo ainda mais ovacionado pelo gesto de carinho.
Deicide
O reencontro da lendária banda de Death Metal estadunidense com os paulistanos, após pouco mais de dois anos de sua última passagem, veio com o contexto de divulgação do último trabalho de estúdio da banda, o álbum “Banished By Sin”, de abril de 2024. Ainda assim, o setlist de 14 faixas foi muito bem equilibrado entre clássicos anteriores da banda e o trabalho atual, no que consolidou o grupo como um dos gigantes da vertente.
Havia uma quantidade considerável de fãs do Deicide em todos os setores e isso ficou bem evidente durante a preparação do palco, conforme alguns membros da formação atual entravam para configurar e testar os instrumentos, com os gritos direcionados para eles. O bom foi que a espera foi rápida.
O show começou às 20h, com a entrada definitiva dos lendários Glen Benton (baixo e vocal) e Steve Asheim (bateria) junto aos membros mais recentes, Taylor Nordberg (guitarrista e backing vocal desde 2022) e Jadran “Conan” Gonzalez, guitarrista que também faz parte das bandas Exmortus, The Fae, Bonded By Blood e Angel Fury e que entrou para o Deicide pouco antes do início da turnê sul-americana, substituindo Kevin Quiron, que saiu da banda em abril deste ano para ter mais tempo com a família.
Logo de cara, o grupo trouxe “When Satan Rules His World”, do disco “Once upon the Cross” (1995), com todo o clima demoníaco possível: iluminação vermelha predominante, uma ambientação inicial mais lenta até o boom sonoro de blast beats e riffs rápidos e o poderio vocal de Glen Benton. Em seguida, “Carnage in the Temple of the Damned” só foi tocada após a correção de alguns problemas técnicos no microfone do vocalista, percebidos ao final da primeira faixa, que levaram às correções em dois minutos. A faixa foi tocada com toda a velocidade e brutalidade exigidas.
O show prosseguiu com “Bury the Cross… With Your Christ”, primeira faixa do disco mais recente a ser tocada na noite, com grandes destaques dos riffs de guitarra e da ampla técnica de Steve em toda a faixa. “Behead the Prophet (No Lord Shall Live)” deu seguimento e, logo depois, o clássico “Once Upon a Cross” elevou a euforia dos fãs do Deicide nas pistas.
Após a também recente “From Unknown Heights You Shall Fall”, o quarteto estadunidense trouxe outros clássicos, como “Sacrificial Suicide”, do disco de estreia “Deicide”, de 1990, em que a entrega da banda foi nítida em cada elemento tocado, misturando técnica e brutalidade no palco e levando o público junto em determinados gritos da letra; e “Satan Spawn, the Caco-Daemon”, do segundo álbum da banda, “Legion” (1992), que manteve o mesmo clima no Terra SP.
“Sever the Tongue” trouxe uma variedade de ritmos rápidos e lentos durante a faixa, sendo um “descanso” para outro clássico comemorado na sequência, “In Hell I Burn”, onde pude ver uma pequenina – porém, intensa – roda de bate-cabeça aberta na pista comum, com pessoas em puro estado de divertimento e euforia com o show. Outra faixa de destaque foi “They Are the Children of the Underworld”, com riff inicial contagiante e variações vocais de Glen Benton, além de um ótimo solo de guitarra distorcido.
A reta final da apresentação se deu com mais três músicas: “Scars of the Crucifix”, “Dead by Dawn” e “Homage for Satan”, que sacramentar um setlist e um show brutal e que supriu a saudade dos fãs de Deicide, além de esquentar muito bem o caminho antes do show principal.
Behemoth
Tecnicamente, a espera para o Behemoth foi mais rápida, apesar de suficiente para que o público pudesse beber, ir ao banheiro ou conversar tranquilamente, visto as poucas mudanças realizadas no palco. Ainda assim, o teor de ansiedade era muito grande para os mais fãs da banda, com a espera de três anos desde a última passagem.
Certo foi que, às 21h26, com o apagar das luzes e a introdução de batidas de coração em andamento, a ansiedade se converteu à euforia para o início de um show memorável. Inferno (Zbigniew Robert Promiński, bateria), Orion (Tomasz Wróblewski, baixo e backing vocal), Seth (Patryk Dominik Sztyber, guitarra e membro de turnê) e Nergal (Adam Michał Darski, guitarra e vocal) subiram ao palco e tornaram os gritos e ovações calorosas dos que, por quase três anos, esperavam pela volta do Behemoth à capital paulista.
O setlist foi tão equilibrado quanto o do Deicide, nas características de dividir bem as faixas do álbum mais recente com a presença de músicas de trabalhos anteriores. E para trazer este último trabalho, o álbum de estúdio “The Shit ov God” (2025), a banda iniciou com a também primeira faixa do LP, “The Shadow Elite”, com total dedicação performática e sonora do grupo e chamando a legião de fãs para os primeiros grandes manifestos contra o cristianismo e os padrões limitadores sociais.
A sequência destruidora de faixas veio com “Ora Pro Nobis Lucifer”, do disco “The Satanist” (2014), outro grande manifesto de rebeldia às religiões e com alto potencial sonoro acompanhado pelos cantos do público num ambiente de palco densamente vermelho; e “Demigod”, do álbum de 2004 de mesmo nome, um chamado a demônios como Apophis, Draconius e Sirius para a rejeição e superação dos limites religiosos, muito bem conduzida pelos blast beats poderosos de Inferno e por boas linhas de guitarra de Nergal e Seth e interações do primeiro com Seth, no palco.
“The Shit ov God” veio como a quarta faixa da noite, iniciada com a repetição mútua do performático Nergal e do público aos versos iniciais “Eat my flesh, drink my blood / I am the shit ov god” e pelo acompanhamento dos fãs do Behemoth a uma letra que, em seu destaque, puxa um acrônimo ao termo “IESUSJHS”, usando adjetivos de negação a Jesus Cristo. Junto a isso, a banda veio com uma sonoridade impecável que desaguou em ótimo solo de guitarra de Seth, no final, acompanhado de mais coros poderosos do público. O resultado foi uma série de elogios de Nergal aos paulistanos, explicitando o quanto esperaram para tocar em São Paulo novamente.
Outro sucesso do álbum Demigod foi tocado e amplamente comemorado. “Conquer All” trouxe heys intensos que, logo depois, foram ofuscados pelo pedal duplo poderoso de Inferno e trechos de maior incidência de rebeldia religiosa, além de ótimos solos dos guitarristas do Behemoth. Em seguida, veio a também aclamada “Blow Your Trumpets Gabriel” com riff impactante e uma condução de Nergal para que o público acompanhasse seus socos na guitarra com gritos de “hey” e punhos ao alto, somada com gritos em nome da faixa, nos refrões e um ritmo mais potente e acelerado na parte final da faixa.
A continuidade do show se deu com “Ov Fire and the Void”, que tornou o ambiente mais “infernal” com a entrada de labaredas e cortinas de fogo no telão, além do apoio de uma iluminação que fez parecer, só pelas cores, que o local viria a pegar fogo. Nergal, encapuzado, cantou em prol do aceite ao caos, a dor e o prazer como fatores essenciais para uma busca individual, longe de dogmas religiosos. Curiosamente, foi a música em que Nergal e Orion usaram o pedestal do palco com maior frequência, subindo nele e descendo rapidamente para tocar uma nota inicial mais alta em certo trecho da faixa. Logo depois, “Lvciferaeon” veio como outra representante do último álbum do Behemoth, trazendo um ritmo sombrio, rápido e poderoso nas guitarras e na bateria, dentro das características de um bom Blackened Death Metal.
Os membros do Behemoth trouxeram uma dobradinha de músicas do disco “I Loved You at Your Darkest” (2018) que mantiveram o público em plena sintonia com a banda. A primeira foi “Bartzabel”, com Nergal vestido em um traje preto e com uma de suas mitras obscuras na cabeça. Nela, não somente o frontman foi muito bem em seu vocal, como soube muito bem conduzir o público aos cantos de uma faixa que traz referências ocultistas de Aleister Crowley e cita diversas entidades como Ra Hoor Khuit, Elohim, Samael, Serafim, Ares, Thor e Marte. Um desses momentos, inclusive, foi quando Nergal citou Wolf Warren, fã da banda que estava na grade e que faz parte do fã clube Behemoth Brasil, na estrofe que cita as entidades mencionadas. Já a faixa seguinte foi “Wolves ov Siberia”, antecedida de um trecho da intro “Solve” que, mesmo sem membros da banda nesta parte, foi cantada pelos fãs da banda antes de um ritmo potente da banda para a faixa.
Faixas como “Onde Upon a Pale Horse” e a clássica “Christians to the Lions” também estiveram no setlist, elevando o poderio sonora para a reta final do show. Nergal, porém, puxou outro momento para discursar, antes da faixa 13, indicando que aquele já era, na visão dele, “o melhor show do Behemoth já feito no Brasil”. A busca por fãs da banda que já os conheciam nos anos 90 foi um prenúncio para algo dos primórdios do Behemoth.
Eis que a banda toca “Cursed Angel of Doom”, clássico da demo “Endless Damnation” (1992) e que também esteve no compilado “Demonica” (2006), trazendo um poderio cru de Black Metal somado ao frenético jogo de luzes azuis e verdes no palco. Em seguida, veio “Chant for Eschaton 2000”, do álbum “Satanica” (1999), após uma rápida saída para a introdução de órgão gravada e que, no instrumental da banda, não somente manteve o poderio sonoro, como elevou novamente a energia dos membros da banda, a partir dos bangings de Seth, das performances e solos rápidos de Nergal e Orion e do potente pedal duplo de Inferno. A saída, após uma faixa tão destruidora, até pareceu um fim, por conta do jogar de baquetas e palhetas somadas a vários gestos de agradecimento. No entanto, ainda faltava um ato final e uma faixa que não poderia deixar de ser tocada.
O público gritou “Behemoth!” por muitas vezes durante a última pausa e só pararam quando a intro e o início de “O Father O Satan O Sun!” vieram à tona, em meio a um palco já dominado pelas luzes vermelhas. Nergal, apareceu com uma vestimenta também vermelha e com capuz, além de um novo corpse paint com manchas da mesma cor. O coro do público foi máximo para a faixa, que falava sobre a autotransformação humana a partir de mais referências de Aleister Crowley e até das citações a Akephalos, uma divindade sem cabeça que representa o caminho para atingir as forças ocultas. Nergal e banda fizeram ótima performance e tocaram da melhor forma a faixa, dando maior destaque para uma reta final em que o último riff da faixa, junto aos instrumentais gerais, foram repetidos em meio ao “ritual” do frontman e com os membros de cordas parados e destacados às luzes alaranjadas que novamente simulam um inferno no palco: Nergal foi o único na parte baixa do palco, enquanto Seth e Orion ficaram em uma parte mais alta, alinhados com o centralizado Inferno.
A saída final dos integrantes do Behemoth no palco foi silenciosa, apenas com o trecho final do instrumental tocando e com eles saindo aos poucos, o que justificou os agradecimentos antes do encore. O clima misterioso ficou no palco, enquanto os fãs deram seus últimos aplausos que concretizaram o final de um show poderoso, impactante e que sacramentou de vez aquela que se candidata a uma das noites mais “satânicas” e antirreligiosas do ano, com um projeto frutífero e aparentemente ambicioso de Nidhogg e, claro, encabeçadas com duas bandas consolidadas e referências em temas satanistas e antirreligiosos, como são Behemoth e Deicide.
Confira os setlists abaixo:
Nidhogg
- Narcissus
- Mental Lycanthropy and the Calling of Shadows
Intro: Dracula
- Transilvania
- Sic Luceat Lux
- Wilczyca (cover de Wilczyca)
- Horda (cover de Wilczyca)
- Jeszcze Zemsci Sie Ziemia
- Wyrocznia (cover de KAT)
- Territory (cover de Sepultura)
Deicide
- When Satan Rules His World
- Carnage in the Temple of the Damned (iniciada após correção de problemas técnicos)
- Bury the Cross… With Your Christ
- Behead the Prophet (No Lord Shall Live)
- Once Upon the Cross
- From Unknown Heights You Shall Fall
- Sacrificial Suicide
- Satan Spawn, the Caco-Daemon
- Sever the Tongue
- In Hell I Burn
- They Are the Children of the Underworld
- Scars of the Crucifix
- Dead by Dawn
- Homage for Satan
Behemoth
- The Shadow Elite
- Ora Pro Nobis Lucifer
- Demigod
- The Shit Ov God
- Conquer All
- Blow Your Trumpets, Gabriel
- Ov Fire and the Void
- Lvciferaeon
- Bartzabel
- Wolves ov Siberia
- Once Upon a Pale Horse
- Christians to the Lions
- Cursed Angel of Doom
- Chant for Eschaton 2000
Encore
- O Father O Satan O Sun!