British Lion reúne fãs de Steve Harris na Fabrique Club e se apresenta em grande “esquenta” para shows do Iron Maiden no Brasil

British Lion reúne fãs de Steve Harris na Fabrique Club e se apresenta em grande “esquenta” para shows do Iron Maiden no Brasil

Apresentação em São Paulo encerrou a turnê latino-americana do quinteto liderado pelo lendário baixista, em um dia chuvoso que gerou o contato mais próximo de Harris com fãs na entrada

O início de dezembro em São Paulo teve, além do tempo chuvoso comum para esta época na capital, um clima de ansiedade para os shows do Iron Maiden, no Allianz Parque. No entanto, no dia 05 de dezembro, Steve Harris, com sua banda de Hard Rock British Lion, se apresentou na Fabrique Club, Zona Oeste de São Paulo, no que foi uma mistura entre seus fãs mais assíduos com fãs do Maiden que tiveram, naquela noite, uma espécie de “esquenta” com a ótima sonoridade e performance do quinteto britânico. O evento, realizado pela Move Concerts, não somente marcou a segunda passagem pelo Brasil, seis anos após a anterior, como o encerramento da turnê latino-americana, após shows no México, Colômbia, Chile e Argentina. A abertura foi de Tony Moore, ex-tecladista do Iron Maiden.

Enquanto Tony Moore apresentou faixas de seu disco de estreia, “Awake” (2024), em um rock mais clássico e inspirado nos anos 1960, o British Lion veio com um repertório que passou por faixas seus dois álbuns de estúdio, o álbum homônimo de 2012 e “The Burning”, lançado em 2020, além de duas faixas novas divulgadas pela banda nas últimas turnês. Em geral, ambas as apresentações da noite contaram com um público que tanto foi receptivo e motivador para Tony, como surpreendeu a todos os membros do British Lion, de modo a fazer com que um de seus membros, o guitarrista David Hawkins, demonstrasse seu carinho aos brasileiros ao mandar “I love You” em momentos pontuais da apresentação.

Houve uma quantidade equivalente a um terço da pista durante a abertura e, na apresentação principal, praticamente toda a pista local foi ocupada, com poucos espaços ao fundo e nas laterais.

Uma pré-entrada entre chuvas e autógrafos

Os fãs que estavam na fila pré-abertura da casa sofreram com a mudança de tempo e, consequentemente, com as fortes chuvas que atingiram o bairro da Barra Funda e os bairros próximos. A força das águas até mesmo criou poças em diversos pontos do bairro, incluindo uma parte da fachada da Fabrique, o que fez com que eles ficassem nas partes cobertas e, até mesmo, nos bares que ficam do outro lado da Rua Barra Funda.

Azar com o tempo, mas muita sorte em consequência da pontualidade, pois essas pessoas conseguiram acompanhar a chegada dos membros do British Lion e, claro, tirar fotos ou conseguir autógrafos com o lendário baixista Steve Harris.

Tony Moore’s Awake

Os impactos das fortes chuvas na capital, no final da tarde e início de noite, causaram um atraso na chegada à Fabrique Club. Consequentemente, cheguei quando a apresentação de Tony Moore, com seu projeto baseado principalmente no álbum “Awake” (2024), já tinha começado. Moore foi tecladista do Iron Maiden em uma breve passagem, em 1977, três anos antes do álbum de estreia homônimo. Ele também passou pela banda Cutting Crew, entre 1986 e 1988, fazendo parte do single “I Just Died in Your Arms Tonight”.

Em São Paulo, fez uma abertura com nove faixas, das quais havia perdido “Awake”, “The Clock Has Started” e parte de “Love We Need You Here”.Ao longo da apresentação o músico alternou entre a guitarra e o teclado, usando uma parte do instrumental de forma gravada, no PA da Fabrique. Suas músicas têm a sonoridade de um rock mais clássico, o que não foi uma divergência para a maioria dos presentes durante a apresentação que, a todo momento, apoiaram o músico.

“Just One Night” foi a música que veio após “I Just Died in Your Arms Tonight”. Nela, os solos simples de Tony foram o destaque. Em seguida, “Dear Life” trouxe um clima mais lento, com um som com inspiração de baladas e na sonoridade dos Beatles.

O ponto alto da apresentação veio em “Not Normal”, introduzida com um discurso de John F. Kennedy (1917-1963), ex-presidente dos Estados Unidos. Tony, que saiu do palco durante o vídeo que passou no telão improvisado, voltou com uma blusa com capuz e uma máscara de caveira, em meio a uma introdução mais “obscura”. Nela, Moore executou bons (e simples) solos de guitarra que ajudaram ainda mais no momento.

Já “Remember Me” trouxe um pico mais emocionante ao show. Nela, Tony assumiu os teclados e deu destaque ao telão, no qual passou imagens do músico durante a infância, adolescência, em sua passagem pelo Iron Maiden, fotos com o amigo Steve Harris e, principalmente, com sua mãe, além de uma montagem mais simples do próprio músico solando com a guitarra, em um palco com uma plateia em 3D.

Em um de seus discursos, Tony Moore fez questão de reforçar os agradecimentos e disse que a abertura para o British Lion, no Brasil, foi um grande privilégio. Para a faixa seguinte, ele pediu luzes do público, algo que foi amplamente atendido.

E assim começou “Crazy In The Shed”, música com ritmo mais animado e que também teve como destaque um vídeo no telão, onde Tony, de roupão, em uma velha casa, enquanto outros elementos apareciam – uma outra versão de Moore na porta de saída e outra versão guitarrista, que entrou e saiu sob uma explosão de fumaça durante o solo -. Ao longo da faixa, ele também balançou a cabeça no ritmo, incrementando a performance.

Tony ainda reforçou: “Vou relembrar essa noite para sempre. Ela estará em meu coração”. O músico, feliz com a receptividade do público, tocou “Asleep” como última faixa de sua apresentação, com animações aparentemente geradas por inteligência artificial, mas que representavam muito bem o ambiente urbano em contextualização ao tempo. Tony, em outro destaque de sua performance, saiu durante uma parte mais lenta da faixa para trocar seu paletó branco por outro brilhante e, durante seu solo, teve o nome de seu disco/projeto, “AWAKE”, estampado em uma alternância de cores. Pelo conjunto da obra e mesmo com uma possível divergência de gostos, o público não deixou de apoiar Tony ao longo do show e, claro, gritou seu nome no fim da apresentação.

Momentos antes da atração principal

O público da Fabrique aumentou conforme chegava o horário do show principal, assim como havia uma possível amenização da chuva no bairro. Com o palco praticamente pronto, o que faltou foi uma última passagem de som, em que todos os instrumentos e microfones foram testados. O mais comemorado, claro, foi o baixo de Steve Harris, tanto durante os testes, quanto no tempo em que ele ficou parado no suporte. A Fender Signature com o escudo do West Ham United, time de futebol que Harris torce e leva consigo em todos os shows, foi alvo de muitas fotos do público ao longo do tempo de espera.

No PA, muitas músicas clássicas do Hard Rock e Heavy Metal tocaram. As finais, “Paradise City” e “Highway to Hell”, foram cortadas tanto para o início da faixa seguinte, quanto para o início da apresentação, às 21h09, com a introdução oficial do British Lion

British Lion e uma noite altamente performática

David Hawkins (guitarra), Grahame Leslie (guitarra) e Simon Dawson (batería), seguidos de Richard Taylor (vocal) e do lendário Steve Harris (baixo), que foi, claro, o mais ovacionado naquele momento e que estava com uma camiseta com os dizeres “WHALE OIL BEEF HOOKED” – carne de óleo de baleia fisgada, em tradução livre. O grupo montou um setlist de 17 faixas, numa composição que abrangeu os dois álbuns de estúdio lançados: “Brtitish Lion” (2012) e “The Burning” (2020).

Logo de cara, a banda surpreendeu com “This Is My God”, numa performance vocal – e um “cartão de visitas” – absurda de Richard Taylor, somada ao estilo imponente e enérgico de Steve e um solo de guitarra poderoso de David Hawkins. Ao final dela, Taylor ainda fez um sinal da cruz.

“Judas” foi a faixa seguinte, em ritmo mais acelerado no início e normalizado ao longo da letra. Ao longo dos momentos mais agitados, a voz de Richard foi sobreposta pelos demais instrumentos, porém foi logo corrigida e melhor percebida. O vocalista da banda assumiu um violão para acompanhar os demais instrumentistas enquanto também cantava. Outra performance absurda da banda que também teve o acompanhamento do público com gritos de “hey” em alguns momentos.

Já em “Father Lucifer”, o público veio junto aos pedidos de pulos pelo frontman. Os gritos de “hey” seguiram em alguns momentos, além de Steve Harris ter mais linhas destacadas tanto nos instrumentais gerais, quanto nos parciais, somadas a outros dois solos de guitarra absurdo de David Hawkins. As situações se mantiveram em “Bible Black”, somadas à performance dançante do vocalista do British Lion.

“2000” Years foi um dos dois novos sons do projeto a ser tocado na noite. Steve Harris se mostrou enérgico, pulando e bangueando no início, além de ter feito o backing vocal durante o refrão junto a Grahame Leslie, repetindo “I am” após cada verso de Richard Taylor. Foi de Leslie, também, o ótimo solo da música em questão. Já “The Burning”, faixa que leva o nome do último álbum de estúdio lançado pela banda, contou com mais uma condução absurda por parte de Harris e de Leslie ao longo dos riffs, a consistência vocal de Taylor, boas linhas e viradas de bateria de Simon Dawson e a performance em linha dos músicos – exceto o baterista – durante o pequeno solo do meio da faixa, que antecederam outro destaque do baixo no momento mais calmo da faixa. E como Harris muitas vezes ficou de costas, voltando-se para Simon, a bandoleira personalizada com as cores do West Ham ficou ainda mais visível para o público presente. Ainda houve a música “Legend”, com outro ótimo refrão e coros do público após o segundo refrão, em paralelo com os destaques do baixo.

A oitava música da noite,“These Are the Hands”, teve mais da participação do público, com as mãos para o alto em alguns momentos, somados a mais uma dobradinha de destaque de Steve e Hawkins. Porém, foi em “A World Without Heaven” que o coro dos fãs voltou com tudo durante os refrões presentes nos quase sete minutos da faixa – principalmente na entonação da palavra Heaven -, além de uma alternância de solos muito boa dos guitarristas.

O coro da faixa passada foi um fator que fez com que a banda voltasse a demonstrar uma impressão positiva clara sobre a pista. E Richard Taylor destacou isso em mais um discurso pré-música, agradecendo pela receptividade ao British Lion e dizendo que, mesmo que a divergência de línguas fosse um empecilho, isso não importaria devido a dedicação e energia claras dos presentes.

“Spit Fire” foi uma das faixas da apresentação que trouxe elementos das músicas do Iron Maiden, como um início facilmente reconhecido do baixo de Steve Harris, somado a um ritmo Heavy Metal característico da lendária banda londrina. Simon Dawson usou o pedal duplo de uma forma leve e muito bem cadente durante a faixa. Tais elementos, claro, trouxeram mais ovações ao final da faixa, seja de quem só conseguiria ver aquela apresentação, seja de quem também iria a um (ou aos dois) dos shows do Iron Maiden, dias depois. E assim como no álbum “The Burning”, a música “Land of the Perfect People” veio logo após a anterior, formando uma dobradinha interessante e trazendo de volta os elementos característicos do British Lion, a exemplo de Taylor de volta ao violão e um Steve Harris que influenciou o público a pular junto com ele no início e reta final da faixa em questão.

A apresentação seguiu com os quase seis minutos de “The Chosen Ones” e a continuidade do violão de Taylor, que também fez questão de manter a vibe positiva do público na Fabrique, seja pela performance, seja por pedir “Heys” para quem estava na pista. David Hawkins e Grahame Leslie voltaram a revezar seus solos na reta final e, claro, a reação positiva fez com que Hawkins, em semblante emocionado, apontasse ao público dizendo “I love you” por algumas vezes, enquanto Simon fez questão de finalizar a faixa de forma estrondosa. Logo em seguida, ainda “Us Against the World” trouxe de volta – e com mais identificação – a sonoridade semelhante a do Maiden.

“Wasteland” foi introduzida com um trecho sintetizado no PA. Ela foi a segunda – e última – nova faixa do setlist, sendo um Hard Rock bem imponente ao longo de toda a faixa, auxiliada ainda pela presença de palco e sinergia do vocalista do British Lion com o público, em seus pedidos de gritos. Na sequência veio “Lightning”, que talvez seja a faixa mais conhecida da banda e que, evidentemente, foi uma das mais comemoradas a partir do riff de guitarra da faixa e a condução absurda nas linhas de Steve Harris e os solos dos guitarristas de seu projeto.

Richard Taylor, num indicativo de que o show estava para acabar, relembrou que o show de São Paulo era o último da turnê sul-americana, além de agradecer ferrenhamente ao público presente naquela noite. Ele também citou os roadies da banda e Tony Moore, que fez a abertura, o que gerou gritos da plateia ao ex-tecladista do Iron Maiden.

As duas músicas finais do show do British Lion vieram logo após o discurso final de Taylor e a apresentação dos membros da banda, nome a nome. “Last Chance” teve um coro do público no ritmo do riff e na reta final da mesma música, somado a outra sonoridade muito boa da banda ao logo dela, com direito a outra finalização “pancada”.

E “Eyes of the Young” fechou com a concretização da relação criada entre fãs e banda, devido ao semblante positivo mais que concreto dos membros. Steve, claro, teve outra atuação musical e performática digna de ovações em seu nome no final da faixa, assim como os quatro membros da frente do palco chegaram a tocar em linha, em certo momento, com direito a volta do violão de Richard Taylor. Um fã da frente da pista não deixou de cantar e levantar seu cachecol do West Ham para Steve, enquanto grande parte da plateia da Fabrique acompanhou os coros líricos a todos os pulmões.

O fim do show contou, como dito no parágrafo anterior, com muitos gritos em nome de Steve Harris, seja por quem o viu apenas naquele show, seja por quem ainda o veria nos dias das apresentações do Iron Maiden. E como é comum em algumas apresentações na Fabrique Club, muitos ficaram no local após o fim do show, em prol de ter um último contato com o lendário baixista ou outros membros da banda.

De todo modo, o British Lion conseguiu um novo grande destaque nesta volta ao Brasil, mesmo que em data e local únicos desta vez. Um show que não somente foi uma  verdadeira reunião dos fãs de Steve Harris e de seu projeto, como serviu de um verdadeiro “esquenta” para os fãs do Iron Maiden que, dias depois, saberiam que este projeto não contaria mais com apenas um membro do Iron, como dois – um deles, novo, em um salto de carreira que o põe à prova novamente, mas a nível mundial.

Confira os setlists abaixo:

Tony Moore’s Awake

1. Awake

2. The Clock Has Started

3. Love We Need You Here

4. Just One Night

5. Dear Life

6. Not Normal

7. Remember Me

8. Crazy In The Shed

9. Asleep

British Lion

1. This Is My Gold

2. Judas

3. Father Lucifer

4. Bible Black

5. 2000 Years

6. The Burning

7. Legend

8. These Are the Hands

9. A World Without Heaven

10. Spit Fire

11. Land of the Perfect People

12. The Chosen Ones

13. Us Against the World

14. Wasteland

15. Lightning

16. Last Chance

17. Eyes of the Young

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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