Cannibal Corpse: há 18 anos, banda lançava “Kill”

Há 18 anos, em 20 de março de 2006, o Cannibal Corpse lançava o álbum de número dez de sua rica discografia. “Kill” vai ser o tema do nosso bate-papo por aqui nesta quarta-feira.

Após a excelente repercussão de “The Wretched Spawn“, que é o álbum favorito deste redator que vos escreve, a banda tinha que manter o alto nível. E para isso, eles inovaram. “Kill” foi o primeiro álbum onde as guitarras foram afinadas e tocadas com a afinação muito mais baixa, dando uma sensação de maior peso nas músicas. Os caras usaram a afinação G# (sol sustenido).

Porém, o quinteto sofreu uma baixa: Jack Owen, um dos fundadores acabou abandonando a banda. E para seu lugar, a banda trouxe Rob Barrett de volta. Ele que gravou os álbuns “The Bleeding” e “VILE” e havia deixado sua vaga para Pat O’Brien, retornava para iniciar uma parceria com quem o substituiu, ainda nos anos 1990.

A capa é uma curiosidade a parte, pois não há uma imagem grotesca e, consequentemente, sem aquele adesivo de “Aviso aos Pais”, comuns em bandas de Metal. A razão para uma imagem mais simples é que, segundo Alex Webster, não houve um consenso sobre a escolha de uma imagem e eles também queriam que os fãs se concentrassem nas letras. Ao menos com “Kill”, os caras não tiveram trabalho em ter que fazer duas capas alternativas e ter que lidar com os banimentos mundo afora. Essa é uma das três capas de discos que o Cannibal Corpse não adotou cenas de violência, pois segundo Alex Webster afirmou certa vez, eles não chegaram a nenhum acordo quanto a uma imagem a ser utilizada e também porque eles queriam que os fãs se concentrassem mais na música. Aspas para as palavras do baixista:

“A arte original que Vince [Locke] nos deu era muito legal, mas não achamos que seria a melhor capa. Decidimos usá-la como arte de interior e ter apenas um logotipo simples da banda/título do álbum. O foco principal da nossa banda deve ser a música de qualquer maneira, então não acho que seja grande coisa que a capa não seja uma cena de carnificina encharcada de sangue como nossas outras têm sido. Isso não significa que não teremos mais cenas sangrentas cobre no futuro embora.

Então o quinteto se reuniu no “Mana Recording Studios“, em St. Petesburg, Flórida, com a produção do hoje atual guitarrista da própria banda, Erik Rutan, durante os meses de outubro e dezembro de 2005. Vamos colocar a bolacha para rolar e destrinchar faixa por faixa desta belezura.

A abertura se dá com duas pauladas na cabeça: “Time to Kill is Now” que é curta e direta, como o Cannibal Corpse acostumou-se a abrir seus trabalhos e a clássica “Make Then Suffer“, que também é curta, nasceu clássica e é obrigatória nos shows dos caras.

Murder Worship” é perfeita, rápida com mudanças de andamento, tudo na medida certa. Esta é uma das minhas favoritas. “Necrosadistic Warning” mantém a perfeição, desde os riffs de abertura, passando por outros riffs de terror a medida em que a música avança. É brutal, é linda. E o baixo de Alex Webster brilha por aqui.

Five Nails Through the Neck” traz mais Death Metal em estado bruto. Violência é a palavra de ordem para este som que tem breves alterações no seu andamento. E um riff melhor do que o outro. Os riffs de “Purification by Fire” podem ser utilizados no final do mundo, para os que nele creem. E a pancadaria rola solta em uma das mais agressivas músicas da carreira da banda. Essa se tocada ao vivo não sobra uma pessoa viva no moshpit.

Death Walking Terror” é uma das mais arrastadas do play, mas nem por isso deixa a brutalidade de lado. Que sonzeira. “Barbaric Bluegeonings” mostra que os caras estavam inspirados na composição. Essa música é um misto da brutalidade dos tempos old-school com a técnica que os caras foram maturando e que aqui na década passada chegaram no seu ápice.

The Discipline of Revenge” traz outro espetáculo do mestre das cinco cordas, Alex Webster, seguido pela dupla Rob Barrett e Pat O’Brien que seguem como uma máquina destruidora de riffs que ora são mais cadenciadas, ora mais velozes. “Brain Removal Device” é pura podridão em forma de música e impressiona como a banda consegue ser tão brutal como nos primórdios e ao mesmo tempo imprimindo uma complexidade incrível às suas composições. Sonzão.

Manical” mantém a pegada veloz, agressiva e violenta a que os caras se propuseram em uma música mais que interessante. “Submerged in Boiling Flesh” tem riffs impressionantes e uma capacidade de soar brutal como poucas bandas na cena. É um peso imensurável e tudo que o ouvinte consegue imaginar é o mais absoluto caos.

Infinite Misery” encerra a destruição sonora em uma faixa instrumental, coisa que a banda não costuma fazer. E aqui temos uma música pesada, densa, arrastada e que se torna a cereja deste bolo maravilhoso que é “Kill“, uma aula de Death Metal.

Em pouco mais de 42 minutos temos um disco destruidor, em que o ponto alto da brutalidade e complexidade das composições deste quinteto ficou em evidência durante a primeira década dos anos 2000 e que vai se mantendo assim, a cada álbum novo que a banda tem lançado.

Sabemos que uma banda extrema como o Cannibal Corpse não costuma figurar nas paradas de sucesso, porém, “Kill” chegou a posição de número 170 na “Billboard 200“, foi o segundo álbum da banda a figurar no principal chart musical. Em duas subcategorias da mesma “Billboard“, o álbum brilhou: 6ª posição na “Heatseekers Albuns” e 16ª na “Us Independent Albuns“. Nas paradas germânicas, o álbum teve uma posição melhor, 59° e na França, o álbum também surgiu na posição de número 187. O aniversariante de hoje é um disco belíssimo e merece todos os confetes. Para nossa felicidade, o Cannibal Corpse segue na ativa, lançando discos e fazendo turnês, inclusive, tendo passado por terras brasileiras em 2022. Desejamos longa vida ao Cannibal Corpse, os reis do Death Metal. Que eles sigam mortais como sempre foram.

Kill – Cannibal Corpse

Data de lançamento – 20/02/2006

Gravadora – Metal Blade

Faixas:

01 – Time to Kill is Now

02 – Make Then Suffer

03 – Murder Worship

04 – Necrosadistic Warning

05 – Five Nails Through the Neck

06 – Purification by Fire

07 – Death Walking Terror

08 – Barbaric Bluegeonings

09 – The Discipline of Revenge

10 – Brain Removal Device

11 – Manical

12 – Submerged in Boiling Flesh

13 – Infinite Misery

Formação:

George “Corpsegrinder” Fischer – Vocal

Alex Webster – Baixo

Pat O’Brien – Guitarra

Rob Barrett – Guitarra

Paul Mazurkiewicz – Bateria

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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