Como o Avenged Sevenfold escolheu Mike Portnoy para “Nightmare”

Quando Jimmy “The Rev” Sullivan morreu em 2009, o Avenged Sevenfold viu a sua carreira meteórica desmoronar, e tudo parecia ter chegado ao fim.

Aos poucos, a banda foi se reagrupando e tentando achar forças para trabalharem novamente, mas a dúvida era, quem deveria assumir o posto de novo baterista.

Por fim, o escolhido foi Mike Portnoy, na época, prestes a anunciar que deixaria o Dream Theater para trás e focaria no seu trabalho com o Avenged Sevenfold. Ele gravou o então novo disco, “Nightmare”, que já havia sido composto por Jimmy, durante a muito bem sucedida turnê do disco homônimo.

Em 2011. a banda conversou com a Metal Hammer, onde explicaram o porquê da escolha de Portnoy, e não outros bateristas. O guitarrista Synyster Gates diz:

“É reconfortante; ele realmente parece um pouco como nosso salvador. Quando você olha para trás e o vê lá em cima se divertindo muito, é inspirador e é bom saber que ele está lá nos protegendo e não precisamos pensar no próximo passo, estamos aqui apenas fazendo o melhor que podemos. Portnoy nunca ofereceu seus serviços também…”

Zacky Vengeance, disse:

“Muitos bateristas se ofereceram e de muitas bandas enormes que permanecerão anônimas. Foi legal, mas foi quase um insulto para nós, porque era muito cedo. Algumas bandas só queriam entrar e substituí-lo – é como se houvesse um banco vago, eu entro imediatamente! Nenhum respeito e não é assim que operamos; é impressionante como as pessoas podem ser assim. Mas Mike ofereceu suas condolências e enviou um címbalo para a família, sabendo que Jimmy era um grande fã dele. A ideia de entrar em contato com Mike surgiu e foi tão fácil fazer acontecer, as estrelas se alinharam então, ele disse ‘Eu adoraria fazer isso, tocar o que você quiser, qualquer música que Jimmy deixou para trás…’”

Ainda que as coisas tenham dado certo, e o disco tenha sido um marco na carreira da banda, não foi nada fácil trabalhar novamente em um estúdio sem The Rev. Eles comentam sobre a experiência:

Zacky: “O estúdio era muito difícil, dado o que tinha acontecido com Jimmy; a única razão pela qual estávamos lá era que estávamos decididos a fazer o melhor, mais triste, mais emocional, mais sombrio álbum, apenas o álbum mais poderoso que tínhamos em nós. Estávamos em pé de guerra com o pessoal da gravadora, com qualquer um. Estávamos em guerra, nos fechamos para o mundo, nossa gravadora, nossas famílias, quase todo mundo, porque a única coisa com que nos importávamos era fazer essa coisa perfeita ou não faríamos isso.

Nós voltávamos todas as noites depois do estúdio e um de nós ficava tão frustrado, sabe? ‘O que estamos fazendo? Eu não quero fazer isso; isso é uma merda.’ E um de nós apenas os acalmava e era quase um evento noturno e de vez em quando todos nós nos reuníamos e dizíamos, ‘Foda-se, não vamos fazer nada amanhã, vamos beber uísque e deixar as histórias saírem, lembre-se de Jimmy, ouça demos antigas com ele gritando junto com elas’ e então no final da noite você está chorando de novo e então você percebe que é de volta à guerra no dia seguinte.” 

O vocalista M.Shadows disse:

“Há muitas coisas que nunca aconteceram com essa banda antes; ataques de ansiedade e ataques de pânico e tem que haver alguém lá para deixá-los saber que está tudo bem. Tivemos que nos unir para superar isso.”

Zacky: “Tive uma epifania ao ouvir o álbum quando percebi que tínhamos feito o que nos propusemos a fazer. Senti que tínhamos feito justiça a Jimmy e o que quer que acontecesse depois disso, se tivéssemos desistido da banda, se tivéssemos sofrido um acidente de carro e morrido, tínhamos feito o que fomos colocados nesta Terra para fazer. Eu estava dirigindo para casa no último dia de estúdio com a demo bruta, quatro da manhã, e eu estava chegando em casa e Fiction estava tocando e eu estava pensando, ‘Conseguimos, eu sou a única pessoa nesta estrada percebendo que tínhamos criado um álbum mágico’ e foi quando me dei conta e fiquei realmente orgulhoso e depois disso não me importei com mais nada, naquele momento nada mais importava. Tirou um fardo de todos os nossos ombros, parecia uma responsabilidade tão grande e finalmente pudemos respirar de novo pela primeira vez em cinco meses. Jimmy nos deixou um presente e finalmente conseguimos passá-lo adiante.”

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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