Deathstars esquenta São Paulo com show animado em uma fria sexta-feira 13
Textos e fotos por: Tamira Ferreira
A sexta-feira 13 costuma ser um dia de muitas superstições, porém, para os amantes de temas voltados para o horror, é a data especial para celebrar assistindo um filme de terror, tirando as roupas pretas do armário ou indo para um show. Para melhorar a sexta-feira 13 de outubro, mês do Halloween, tivemos um show da banda mais propícia para celebrar a data, o Deathstars.
Os músicos suecos estavam fazendo uma intensa turnê pela América do Sul que acabou no último domingo na Argentina. Para o Brasil, o local escolhido foi a casa de shows Fabrique que fica na Barra Funda em São Paulo. O site Confere Rock esteve lá e vai te contar como foi.
Chegamos por volta das 19h e uma fila se encontrava na porta. Apesar dos dias intensos de calor, naquela noite estava mais frio, o que ajudava muito nos looks góticos. Todo mundo de preto, couro e maquiagem bem pesada. Alguns até incorporaram personagens e vieram com as maquiagens característica dos músicos.
Rapidamente todos entraram e o local já se encontrava parcialmente cheio. As pessoas conversavam e bebiam, era um clima agradável, com uma luz vermelha que dava o tom certo para a espera dos shows que estavam por vir.
Por volta das 20h, a banda carioca Drama entrava no palco. O trio foi criado em 2006 e traz um rock industrial pesado, com letras em português que falam sobre sentimentos sombrios e a sociedade em que vivemos.
Eles entraram em hiato em 2016, algo que foi contado pelo vocalista durante o show, mas decidiram voltar recentemente. Ele também conta que antes de pararem, eles tocavam nos bares mais populares que seguem o estilo rock e gótico de São Paulo.
Agora eles se apresentavam para novos fãs que observavam atentamente ao show e a performance de seus músicos.
Formada por Eddie Torres (vocal e guitarra), Ricardo Amorim (baixo) e Jorge César (bateria), a Drama mostra uma potente presença de palco, principalmente vindo do vocalista. As letras em português trazem mensagens fortes que nos conectam logo no começo, embalada por um som pesado, quase puxado para um gótico e com um toque de eletrônico industrial.
Também é impossível para quem viveu a adolescência e juventude em São Paulo no começo dos anos 2000, não sentir a nostalgia da época que foi um grande ápice do underground com diferentes bares e muitos festivais de música autoral. Uma pena hoje em dia não ser mais dessa forma, mas a volta das bandas como a Drama podem ser uma luz para a música autoral brasileira.
O setlist contou com músicas da banda como “Marche ou Morra”, “O Monstro”, “Sobre Coisas Que Eu Não Consigo Ser”, “Boneca de Pano”, “Medo de Quem Já Morreu”. Eles também fizeram um cover de “Lovesong” do The Cure.
Perto do fim, Eddie começa a cantar “Vida Louca Vida” do Cazuza, o que foi uma agradável surpresa ao mostrar a qualidade vocal dele quando canta mais grave. A maior parte das músicas autorais deles são cantadas mais agudas e em drive. Mas esse cover foi só uma introdução para a música “Canção dos Derrotados”.
Um pouco antes de acabar, Eddie pede para as pessoas os seguirem no Instagram, porque antes do hiato eles faziam muito sucesso no Orkut, mas agora eles praticamente falam sozinhos por terem poucos seguidores. O vocalista estava de bom humor e soltava comentários cômicos como esse ou como quando começaram a gritar na hora que ele tirou a camisa e ele diz que estava frio no Rio de Janeiro antes deles virem.
Vale ressaltar do show o carisma dos músicos que agradeciam e interagiam com o público. O vocalista conversava constantemente com todos entre as suas músicas. Não é um trabalho fácil entreter e cativar um público que não conhece o seu trabalho, mas a Drama fez um trabalho impecável e conseguiu entregar um belo show.
Eles terminam com a canção “Obrigado” que encerra em com qualidade o set e entrega mais uma vez o estilo da banda para quem estava ali conhecer um pouco mais deles.
Após uma foto com a plateia e saírem do palco, era hora de arrumar as coisas para a entrada do Deathstars.
Próximo das 21h20, todo o Fabrique fica escuro e começa uma introdução musical que leva o público ao delírio. O primeiro a entrar foi o baterista Marcus Johansson que sobe no banco da bateria para agitar os fãs, depois entram o guitarrista Cat Casino e o baixista Skinny Disco. Era hora de começar a canção “Night Electric Night” e esperar a entrada do vocalista Whiplasher Bernadotte.
Os fãs já se encontraram fervorosos e cantando a música do começo ao fim, principalmente o marcante refrão.
Sem perder muito tempo, eles começam “Between Volumes and Voids” que faz parte do mais recente álbum da banda. Um pouco antes, Whiplasher se aproxima do palco, pede silêncio e fala: “Gritem”. Algo que ele faz algumas vezes durante o show e todos obedecem a cada pedido.
O clima do show se matinha entre as cores azul, vermelho e verde, mas sempre mais escuro que os normais, o que dava um tom mais sombrio combinando com a música, mas não era tão bom assim para os fotógrafos.
A apresentação segue com “All The Devil’s Toys”, “Ghost Reviver”, de álbuns anteriores que fazem parte da história do Deathstars, e “Midnight Party” que está presente no lançamento mais recente. Para tocar essa canção, o vocalista pergunta se os fãs estão prontos para se divertirem e eles respondem prontamente que sim.
O espaço para a pista no Fabrique tinha uma grade que separa os fãs do palco, mas eles conseguiam ficar bem perto dos músicos, interagir com eles e cantar junto. Enquanto de cima do palco, eles olhavam para cada fã, apontavam, sorriam ou faziam careta. Whiplasher se sentava o tempo todo na beirada para ficar bem perto dos fãs e colocava o microfone para eles cantarem.
Já para quem ficou mais atrás, o show se transformou em pista de dança que permitia que todos se movimentassem, pulassem e dançassem a cada canção tocada naquela noite.
O set continua com a popular “Tongues”, “Greatest Fight On Earth” e “Death Dies Hard”, essa sendo a que mais animou o público que cantou junto, pulou e dançou o tempo todo. Então era hora da canção que abre o mais recente álbum da banda. O vocalista pergunta se todos estavam prontos para “This Is” e eles respondem na hora.
Uma coisa que chama atenção no Deathstars é a presença de palco de cada integrante. É possível passar o show inteiro apreciando o estilo delicado, charmoso e carismático de Cat Casino. Já Skinny tem um clima mais exótico fazendo caras e bocas para o público e rodando seus longos dreads a batida da bateria.
Mesmo ao fundo, Marcus interage com os fãs enquanto roda suas baquetas com os dedos, fica frequentemente em pé para agradecer ao público e está o tempo todo observando os fãs que estava a frente do palco ou olhando para seus colegas de banda.
Por último, mas não menos importante, vem Whiplasher que canta diretamente para os fãs, senta perto deles, entrega o microfone para cantarem, tira e coloca constantemente seu famoso cap e fica o tempo todo interagindo com os outros músicos.
O show estava chegando à metade com “New Dead Generation”, “Fire Galore”, “Metal” e “Synthetic Generation”. Mesmo com o setlist que contava com 18 músicas, o público não parecia se cansar e estava cada vez mais animado. O clima dentro do Fabrique era quente, comparado ao de fora, mas nem isso desanimou a plateia.
Lançado em maio desse ano, “Everything Destroys You” é o mais recente trabalho da banda e conta com uma faixa de mesmo nome. Era hora de trazer a canção e fazer todos cantarem seu icônico refrão. Mantendo a energia lá em cima, eles começam a tocar “Blood Stains Blondes” e leva o público a loucura. Whiplasher comenta que é sexta-feira 13, então vamos nos divertir.
A banda sai por um breve momento do palco e volta para as três canções finais: “Chertograd”, “Blitzkrieg Boom”, antes dessa canção Cat aparece com uma câmera e começa a fotografar o público, já Whiplasher coloca o microfone para os fãs cantarem o refrão. E encerrando a noite, “Cyanide”.
Os músicos ainda ficam um tempo em cima do palco agradecendo ao público, jogam baquetas e palhetas, depois saem do palco após entregarem um show inesquecível para quem estava ali. Com certeza, a melhor forma de celebrar a sexta-feira 13.