Destruction em SP: A doutrina do Thrash Metal alemão impera, em dia de eleições
Texto: Metalphysicist
Fotos: Maycon Avelino
No domingo de eleições, o Império do Destruction passou com sua locomotiva infernal acelerando aqui em São Paulo, não deixando santinhos, bandeiras e bocas-de-urna para contarem história. E, de repente, considerando que o Carioca Clube estava lotado (imagino que caibam cerca de 1.000 pessoas), o Destruction fez com que abstenções e votos nulos tenham se multiplicado na poluída cidade do cansaço: São Paulo.
A apresentação desta noite em São Paulo foi a data escolhida para o encerramento da tour em comemoração dos 40 anos da banda, que passou por diversas cidades da América Latina, em todos os shows executando seu Thrash Metal teutônico de maneira impecável.
VALVERA
O show de abertura ficou a cargo da excelente banda (de onde), Valvera, demonstrando muita energia ao longo de seu curto set, mas que valeu bastante para que a rapaziada do rolê metal paulistano pudesse ter contato com o Thrash Metal executado pela banda.
Com os integrantes afiados (treino duro, jogo fácil) a banda deu o recado, com certeza angariando novos seguidores – ainda que o público geral (eu incluído) estivesse aguardando o show do Sextrash – com músicas acima da média, tiradas dos álbuns “Back to Hell” (2017) e “Cycle of Disester” (2020), tais como (não necessariamente nesta ordem, porque eu estava sem Setlist na minha mão) “ Nothing Left to Burn” e “Demons of War”.
E, durante a avassaladora apresentação da banda, é anunciada a música “Reckoning Has Begun”, que estará presente no novo álbum do Valvera, a ser lançado em breve e que será bem legal de ser ouvido pelos fãs de Thrash Metal, ainda mais agora que já conferimos a porradaria e profissionalismo do Valvera ao vivo.
DESTRUCTION
É sempre uma alegria pode assistir ao Destruction ao vivo, ainda mais quando conta em sua formação, além de Schmier (baixo e vocal), com Damir (guitarra), Furia (guitarra) e Randy (bateria), valendo destacar logo o trampo das guitarras quando solam juntas, ao mesmo tempo, destacando a música “Release From Agony”, dentre outras que apostam neste formato ao longo do set.
Ao lado da locomotiva humana que é a bateria de Randy (drum solo em “Tormentor”), – , as guitarras e baixo mantêm o padrão de qualidade já esperado pelos fãs de carteirinha da banda. “Mad Butcher” e “Nailed to the Cross” – são o ponto alto do show, sendo cantada com devoção e fúria por todos os presentes nesta noite de Festa Thrash Metal. Ah… claro, o Schmier; sempre será um dos grandes ídolos do Metal, disto eu tenho certeza.
O público lotou o Carioca Clube e, para assistir ao show da banda bem de perto, era preciso entender um pouco sobre a arte de se manter em pé e vivo dentro do mosh pit. Garanto para vocês que não existe algo mais legal de fazer parte, pois o Thrash Metal se alimenta da energia do público e vice-versa, criando o efeito que gosto de nomear como Vórtex – que significa tipo um recorte na noção de tempo e espaço para quem participa dessa parada.
Pois, então, com a pista transformada em um imenso mosh pit, pressupunha uma noção básica de técnicas de sobrevivência no que se assemelha a conclaves de guerreiros Medievais em busca de dominação das terras invadidas.
Tenho 48 anos, então sei das minhas limitações para não me encorajar a adentrar na zona motriz do Vórtex – com a idade os meus joelhos já estão todos fodidos e minha barriga atrapalha meu fôlego. Mas, nem fodendo eu seria um mero voyeur desta batalha campal. Como eu estava sozinho, eu faço tipo um de giro corporal, enquanto acompanho as rodas de mosh, parecido com o movimento de um pedaço de carne quando passa pelo espremedor e deixa sair carne já moída. Foi assim que transitei para a frente e todos os lados da audiência, apenas acompanhando esse fluxo desses chapados.
Sei que eu me diverti pra caralho lindando com este evento insano, que acabou não sendo democrático. O lance era: você estava dentro do pit, ou já tinha sido expulso para as laterais da pista, tudo isso ao som de petardos como “Antichrist”, “Eternal Ban” e partindo para a parte final do set com a nova música da banda, “No Kings, No Masters”.
Já fora do mosh pit acompanhei o encore com “Diabolical”, “Thrash Attack”, “Bestial Invasion” e a lição final do show com “Thrash Til Death”.
Na saída do show, transparece que a faixa etária do público era dos 40 pra cima. Mesmo assim com a ajuda de uma molecada sangue nos olho, ficou claro que nós, tiozões do Metal, ainda mantemos nossa relevância no cenário Thrash Metal.
Resultado? Perdi uns 3 quilos no rolê e até hoje estou andando à base de cânfora.
Se você nunca vivenciou essa parada, na próxima entre no pit que o Metal Vórtex há de te ajudar a sobreviver.
Valeu!!!!