Dream Theater e o “despertar” para a melancolia
Na década de 1990, uma “sombra” pairou na música pesada, trazendo as sombras e melancolia do grunge, principalmente em bandas como o Alice in Chains e Soundgarden. E um pouco adiante, bandas como o Korn e o Deftones cantavam essas mesmas frustações, misturadas agora a raiva e em um novo gênero que se formava no período.
Quem havia também surgido para o mundo naquele período foi o Dream Theater, que vinha em uma vertente bastante distante a ambas as duas citadas acima. O grupo havia despontado com seu disco de maior expressão em vendas e graças com a crítica em “Images & Words“, seu segundo álbum.
Mas ávidos e atentos ao que acontecia ao seu redor, a banda aproveitou essa “vibe” e apostou em algo diferente no seu terceiro disco. Ainda que o disco tenha pensado soar mais pesado por conta dos produtores que pediram algo mais conciso e direto e que repetisse o sucesso comercial que o disco anterior teve. Dessa pressão, momentos de cansaço e dúvidas e o alcoolismo de Mike Portnoy, nasce “Awake”.
Esta foi a estreia de John Petrucci usando guitarras de 7 cordas, algo que já estava sendo bem visto por muitos da época como o já citado Korn e o Fear Factory. Isso contribui para sonoridade mais pesada que o disco apresenta, se destoando dos demais discos lançados e trazendo James LaBrie usando seus vocais de forma rasgada e única no registro. Os temas passeavam por saúde mental, o problema do vício de Portnoy, a velhice, entre outros, que fazem a coleção de letras mais bem entregues que a banda já fez.
Quando foi lançado, o disco causou uma certa estranheza nos ouvintes, que esperavam por uma réplica do álbum anterior e aqui temos uma entrega bastante diferente. Com a crítica, as coisas se divergiram. Ainda assim, alcançou um dos melhores resultados na Billboard 200, ocupando a 32ª posição.
Kevin Moore, o tecladista da época, foi uma peça chave do álbum, compondo muito das letras e com seu teclado, criou ambientes densos, sombrios e que se chocavam em cheio com o resto da banda e com as letras. Mas foi logo após a finalização do disco que Moore anunciou que não se interessava mais pela música naquele momento e que deixaria a banda. Já naquele período, Jordan Rudess chegou a fazer testes para integrar o grupo e realizou poucos shows, mas decidiu por não seguir a tour, assim chegando ao posto, Derek Sherinian.
A produtora achou “Awake” um verdadeiro fracasso comercial. Porém, ao passar dos anos, os fãs o assimilaram de uma melhore forma e muitos até o tem como o melhor registro que o Dream Theater já fez. Inclusive, servindo como influência para a própria banda no futuro, conforme Portnoy disse em certa ocasião, que trabalhos como “Train of Throught” e “Systematic Chaos“, são resultados da experiência de 1994. O fato é que o despertar do grupo marcou um ícone gigante na sua carreira e história. Pena ter sido adormecido e nunca mais despertado dessa forma.