Entrevista: Adriano Daga

Bati um papo com Adriano Daga. Baterista da banda Malta, ele nos conta sobre seus trabalhos que além de músico, envolve produção e mixagem, além de engenharia de som em grande evento. Confere essa prosa aí.

Confere Rock: Para começarmos, gostaria que você falasse sobre seu início no mundo da música e como você escolheu a bateria.

Adriano Daga: Comecei na musica praticamente na barriga da minha mãe, hahaha! Apesar de meus pais não terem sido músicos, ouviam muita musica em casa, e no carro durante as viagens, então ouvíamos desde Beatles, Michael Jackson, Whitney Houston, Ivan Lins, Roupa Nova, e por ai vai. Isso era meados dos anos 80. Mas despertei pra bateria quando conheci o Guns n’Roses, por volta de 1989, e logo depois ando lançaram os Use Your Illusion 1 e 2 ai eu tive a certeza que eu precisava de uma bateria! Nessa época eu tinha 10 anos de idade. 

CR: Você ganhou um reconhecimento nacional junto do Malta e quando a banda foi para o programa “Super Star” da TV Globo. Ali você sentiu que o sonho da música estava se tornando realidade?

Adriano Daga: Com certeza, por mais que eu já tivesse trabalhado com muitas bandas do mainstream, estar com a minha própria banda, tocando musicas autorais e inéditas ao vivo na Rede Globo durante 3 meses fez a gente ter esperança que seríamos uma banda de rock no mainstream, e isso se tornou realidade quando vencemos o programa! 

Daga: Como segunda vocalista, vocês tiveram a Luana Camarah, e com ela, senti que a banda de um passo à frente dos materiais que haviam sido lançado anteriormente, indo a um rumo mais pesado, como as faixas “Manipulação” e “Pátria Amada”. De onde veio a ideia do novo direcionamento e vocês tiveram medo da reação dos fãs “estranharem” essa nova versão da banda naquela época?

Com certeza a fase com a Luana foi um pouco mais pesada mesmo, estávamos com o Paulo Baron como empresário, o que foi bom, e nos direcionou pra que ficasse mais pesado mesmo, e nós gostamos!

Nas duas referidas faixas acima, vocês tiveram participações especiais. Na primeira, Ron Bumblefoot (ex Guns N’ Roses, Sons of Apollo), fazendo um grande solo, e na outra, o ator Rodrigo Lombardi recita um verso no meio da faixa. Nos fale um pouco sobre esses dois feat.

Cara, ter o Bumblefoot com a gente foi uma realização, o cara é um gênio, toca demais, e curtiu fazer parte da musica!

O Rodrigo Lombardi foi outro cara que temos o maior orgulho de ter tido essa participação, nos conhecemos nos bastidores lá da Globo, e sempre comentávamos que uma hora faríamos algo junto, e deu certo, ele é um cara muito talentoso, diria que um dos maiores atores da atualidade!

Atualmente, qual os planos para o Malta?

Estamos na pré produção do nosso primeiro DVD, é trabalhoso, mas vai ficar bonito demais! Teremos gravações de musicas de vários álbuns da Malta, e algumas inéditas tbm.

Agora vamos falar um pouco da sua parte produtor musical. Como foi começar esse lado do “atrás das cortinas”?

Essa parte de trabalhar em estúdio começou por volta de 1996 quando entrei com uma banda que tive na época pra gravaram cd com 3 musicas, era um estúdio já bem estruturado, e os sócios eram o Andria e o Ivan Busic do Dr. Sin, de quem eu sou muito fã. Dali eu já fiquei facinado pelo processo de produção e gravação, e lá já fiquei hhaha

Você trabalhou com grandes nomes do heavy metal nacional, como Angra e Andre Matos. Com o Angra, você participou da produção do disco “Aqua” que até hoje divide bastante opinião com os fãs. Você poderia nos falar um pouco sobre os bastidores das gravações, como era o clima, o que a banda tinha em mente naquele momento, etc…

Acabei me tornando bem amigo de toda a galera do Angra, integrantes de todas as fazes, já tinha trabalhado com praticamente todos eles em outros projetos. O AQUA é um álbum diferenciado, eles estavam passando por uma fase nada fácil, tinha integrante entrando, tinha integrante saindo, tinha um que não falava com outro direito, enfim, foi um processo com uma vive meio estranha, mas eu e o Brendan tentamos fazer o melhor com o que tinhamos, e apesar disso tudo, eu gosto do resultado, e de vários arranjos.

E sobre o Andre, ele era um cara de um riqueza musical absurda e parecia um tanto exigente com seus trabalhos. Você sentiu aquele frio na barriga de trabalhar com ele, e realmente era difícil como possa parecer estar em um trabalho com ele?

O Andre era um cara muito inteligente, calmo, sabia o que queria, super talentoso, e genial, foi um aprendizado ter trabalhado com ele em vários momentos da carreira dele, e na produção do álbum dele, ele confiava cegamente em mim e no Brendan, produtores do disco, nos dava total liberdade.

Você também trabalha com mixagem e arranjos de som em diversos eventos, inclusive, no gigante Rock in Rio, que vira e mexe, tem justamente a parte de som avaliada pelos espectadores. Como é ter essa responsabilidade de ajustar o som para um evento desse porte.

O Rock n Rio é sem duvida uma das maiores estruturas de shows do mundo. Minha experiencia foi no RIR Lisboa em 2006, fiz a mixagem em 5.1 ao vivo da maioria dos artistas, foi uma experiencia incrível e de muito aprendizado!

Você já teve trabalhos com pessoas de diversos estilos diferentes, passando de Zezé Di Camargo por Ivete Sangalo e o Silverchair. Como é dividir a parte técnica especifica para tantos estilos diferentes, é algo que você precisa estudar muito antes da execução da tarefa ou são parecidos?

Nada parecidos! Cada tipo de artista tem sua sonoridade, e pra mim é um estudo constante. Adoro pegar estilos diferentes pra trabalhar, e precisar me imergir no estilo, procurar entender os timbres, isso só acrescenta conhecimento, é muito bom!

Já tendo trabalhado com Chitãozinho, uma das maiores vozes do país e um dos nomes que levaram a guitarra elétrica para dentro do sertanejo aqui no Brasil, e até mesmo incorporando alguns elementos do rock nas suas músicas, como você vê a longevidade e uma carreira tão bem coordenada como a dele, e que em alguns casos de bandas da cena nacional, isso não acontece.

Temos algumas lendas na musica nacional e mundial, o CH&X são com certeza um dos principais artistas que temos. Eles transitam perfeitamente com musicas mais sertanejo raiz e com obras mais “pop”e isso é fantástico! Com certeza é um dos principais fatores por estarem com tantos anos de carreira, além do talento indiscutivel!

Como hoje você a importância do trabalho de um bom produtor e a parte “bruta” do trabalho com uma banda, visto que muitos estão trabalhando por conta com o avanço da internet?

Eu sinto que todo mundo tem um lado “produtor”, mas temos que levar em conta experiencia do profissional que dedica horas de estudo e da maior parte dos seus dias focados nessa parte da produção, é nosso dia a dia, muito diferente de quem “produz” um álbum e já acha que é produtor, isso não funciona!

Hoje nós temos uma infinidade de estilo sub gêneros dentro do rock/metal e bandas que extrapolaram o que poderia se dizer, da complexidade técnica musical como o Animal as Leaders por exemplo. Como você vê o cenário dessas bandas e o que você acha que pode vir pela frete partindo desse ponto que parece ser o limite.

Com certeza com o avanço da tecnologia, foram se criando muitos novos estilos musicais, e isso é bom, faz parte da evolução. As vezes eu sinto que em algum momento voltaremos aquerer ouvir coisas mais cruas novamente, mais reais!

Cara, para finalizarmos, uma curiosidade particular aqui. Quando eu vi você pela primeira vez, foi inevitável de imediato não vir a imagem de Mike Portnoy a minha mente (risos). Você se inspirou nele de alguma forma para compor seu visual com a barba azul, e se não estou enganado, você tem a mesma tatuagem que ele, do coração do disco “Images & Words”.

Hahaha, com certeza! O Portnoy e uma outra galera pintou a barba em homenagem ao Dimebag, guitarrista do Pantera, nessa época eu estava com a barba e o cabelo preciso, então foi inevitável me compararem a ele, ai já aproveitei e pintei tbm hahahah

Sou fã do cara des de 1991!

FOTOS: Acervo pessoal

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *