Entrevista Maestrick: Vocalista fala sobre o futuro da banda, o álbum “Espresso Della Vita: Lunare”, turnê e o show com Roy Khan tocando o álbum “The Black Halo”
O Maestrick é um dos maiores nomes do metal nacional, vindo de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, a banda tem grandes planos de conquistar sucesso nacional e internacional.
Para falar sobre a banda, o novo álbum “Espresso Della Vita: Lunare”, projetos futuros e o show como banda suporte para Roy Khan que acontecerá nesse sábado, nossa repórter Tamira Ferreira conversou com o vocalista Fabio Caldeira e você confere tudo abaixo:
Confere Rock: Eu gostaria de começar falando sobre o início da banda. Como surgiu a ideia de montar o Maestrick e como foi criar o estilo da banda? Eu vi em um podcast que você começou na música com 10 anos, como que foi?
Fabio Caldeira: Então, Tamira, eu venho de uma família muito musical, só que eles não tiveram condições de estudar, condições financeiras, enfim, tiveram que começar a trabalhar cedo. Mas meu pai e minha avó costumavam cantar nas festas da igreja, então eu cresci escutando minha avó torrando café, lavando roupa e cantando.
Meu pai tem uma voz linda, meu tio também canta muito bem, do lado da minha mãe tem um tio que toca violão.
Então eu cresci no meio disso, com sete anos eu pedi para aprender violão porque minha irmã estudava piano e eu queria começar. Fiz o curso de violão popular, depois me interessei pelo piano erudito, também estudei guitarra e canto. Depois eu estudei arranjo orquestral, regência…
Falei que precisava ter um plano B, então estudei Engenharia Civil, mas sempre trabalhei com música.
CR: E quando veio o heavy metal? Porque eu imagino que o que deve ter ouvido quando criança deve ter sido outros estilos que você ouvia através dos seus pais e avós.
Caldeira: Em casa, eu escutava MPB, sertanejo raiz, o que tocava em rádio. O heavy metal foi um dos últimos estilos que eu conheci, foi através de um primo meu que me mostrava umas coisas.
Eu frequentava uma locadora durante as férias, eu e meus amigos ficávamos lá jogando videogame, às vezes eu levava o violão. Um dia um amigo nosso levou três discos: Angels Cry do Angra, Dawn of Victory do Rhapsody e o The Time of the Oath do Helloween.
CR: Você não teve muita opção, já começou no powermetal (risos).
Caldeira: Ele começou a mostrar, eu lembro que de metal, eu ouvia Iron Maiden, eu lembro dos clipes da MTV do Metallica.
Porém, por eu tocar piano [esses álbuns] fizeram muito sentido para mim, eu lembro que minha cabeça estourou.
Nisso, um amigo meu ficou de recuperação, era na época do Rock In Rio e ele queria formar uma banda para um trabalho de inglês. A gente formou uma banda com a galera do bairro e tocamos nesse dia: Iron Maiden, The Offspring, Ramones, Nirvana, foi uma miscelânia (risos).
Eu falei: “Gostei desses caras, vamos formar uma banda”. Minha primeira banda de metal, tinha 16 anos.
Mas eu já tocava, com 10 para 11 anos, com alguns amigos da escola, inclusive o Montanha que é o baixista do Maestrick, só que a gente tocava Ramones, Nirvana, Bad Religion, que são bandas que eu gosto, mas eu confesso que me achei mesmo no metal melódico, sinfônico, powermetal.
Vocês lançaram o álbum Espresso Della Vita: Lunare, como foi o processo de composição e produção desse álbum?
Caldeira: Na verdade, esse álbum é a segunda parte de uma história que começou no Solare que a gente lançou em 2018.
Porém, o projeto começou em 2012. Estava tomando um café da tarde com a minha mãe e a gente estava conversando sobre o pai dela, Seu Antonio, que tinha falecido há alguns anos. A gente estava falando, porque meus dois avós trabalharam na antiga concessionária ferroviária do estado e eu cresci ouvindo histórias deles, de assombração, deles fazendo ronda a noite e tudo mais.
Minha mãe disse: “Às vezes na vida tem pessoas que a gente ama que tem que descer antes, a vida é como uma viagem de trem”. E eu achei incrível a analogia.
Comecei a refletir. Eu lembro que estava ouvindo o disco Geraes do Milton Nascimento, que tem um trenzinho na capa e que tem a música Ponta de Areia que fala sobre a construção da linha férrea entre Bahia e Minas Gerais.
Eu estava nesse meio e tive essa ideia.
CR: Vocês já tinham essa ideia de ter um álbum duplo?
Caldeira: Sim, já com as 24 músicas porque cada uma representa uma hora do dia. Só que a gente colocou na ponta do lápis e viu que não ia rolar. A gente ia ter o triplo do trabalho de metade do tempo de aproveitamento na divulgação.
Então, decidimos fazer em duas partes.
Lançamos o Solare na Ásia, pela Marquee/ Avalon, foi dos lançamentos da época, dessa gravadora, um disco que teve a maior nota na Buurn! Magazine que é uma revista de metal da Ásia.
A gente começou a trabalhar, fizemos nossa primeira turnê europeia.
Na pandemia, a gente aproveitou para trabalhar no disco e começamos a gravar em 2022. Ele ficou pronto em 2023, mas fechamos com a Frontiers Music e eles pediram que a gente esperasse o melhor momento para o disco sair.
Ano passado, desde fevereiro, viemos lançando alguns singles e o disco saiu dia dois de maio desse ano.
CR: Você chegou a ter as 24 músicas ou você compôs os álbuns separados?
Caldeira: A gente começou a compor com a ideia de fazer o disco duplo, mas quando a gente percebeu não ia dar, a gente viu que algumas músicas não caberiam nesse disco do dia.
Músicas como, por exemplo, Boo!, Ghost Casino, eram músicas que existiam desde o Solare, mas a gente guardou. A própria Ethereal, foi a primeira música a ser composta inteira, mas a gente acabou sentindo que eram músicas que precisariam estar na segunda parte. Por ser algo mais pesado e conclusivo.
CR: O álbum tem o metal progressivo do Maestrick, mas também usa outros estilos como o jazz, ele tem bastante de teatro musical, tem a canção Agbara que segue um estilo bem diferente. Como foi para você colocar esses outros estilos dentro do metal?
Caldeira: Isso é uma coisa que a gente tenta fazer desde o Unpluzzle!, que é nosso primeiro disco.
Eu costumo falar que a gente está mais preocupado em acertar no alvo, do que com a direção que a gente está atirando. É aquela coisa: “A banda atira para qualquer lado”. Não, a gente quer acertar no alvo, não importa a direção.
O que eu quero dizer com isso? Se for espontâneo, se isso estiver corroborando para a narrativa que a gente intenta colocar, não tem porque não colocar.
Agbara, por exemplo, é uma palavra do Iorubá que significa união, força, e a música fala disso. Ela fala sobre a importância da gente se unir como povo, da gente reconhecer o direito de todos. E fala sobre a gente lutar pelo que quer.
Nessa música, a gente teve a participação do movimento Baque Mulher, que é a primeira nação de maracatu composta só por mulheres, porque até 2008 mulher não podia tocar oficialmente em uma nação de maracatu. A música é um manifesto nesse sentido também.
O álbum também tem a participação do Roy Khan, do Tom Englund do Evergrey, Jim Grey do Caligula’s Horse e Giulia Nadruz como foi ter nomes tão importantes nesse álbum? E como veio foram esses convites?
Caldeira: A Giulia foi porque na música Mad Witches eu queria trazer mesmo essa influência de teatro musical, eu queria deixar isso escancarado. Eu comecei a compor e falei que precisava de uma cantora que fosse trazer verdade.
Na época, um amigo meu estava fazendo O Fantasma da Ópera com a Giulia. Eu vi um post dela com ele, vi que ela fez a Christine e pensei que ela seria perfeita.
Eu entrei em contato, meu amigo conversou com ela, ela adorou a ideia. Eu fui para São Paulo, fiz a direção da gravação dela. Eu fiquei emocionado o tempo todo porque a Giulia é uma força da natureza, ela é incrível.
O Jim Grey, Tom Englund e Roy Khan foram ideia do nosso manager, Miton Mendonça, que também organiza o ProgPower USA, ele é um dos promotores desse festival. Então ele conhece todo mundo do meio.
Ele falou que, além de agregar artisticamente, isso iria agregar comercialmente, vai trazer mais olhares para o disco.
Nós escolhemos as músicas e as vozes que poderiam encaixar bem. Acredito que a gente tenha acertado porque eles se entregaram muito. O Jim cantou em português, ele fez questão de estudar a pronúncia, me mandou, foi um querido.
Roy gravou até o clipe conosco, foi a primeira participação em vídeo que ele fez em uma banda que não é o Conception ou o Kamelot, nenhum projeto que ele estava envolvido como membro.
Tom interpretou um personagem que é o espírito da vingança, uma entidade que vive em um quadro e tenta influenciar o personagem principal da história a se vingar.
CR: Se houvesse alguém, vivo ou morto, que você pudesse convidar para estar em um álbum do Maestrick, quem seria?
Caldeira: Fred Mercury! Queen é a minha banda do coração.
Eu sei que você pediu uma só, mas me deixa pensar em outra pessoa (risos). Uma mulher, Whitney Houston.
CR: A gente estava falando sobre o Roy, ele está praticamente um brasileiro, foi até em festa junina. De onde veio essa ideia de vocês serem a banda suporte do show de sábado e como está sendo os ensaios?
Caldeira: Ano passado, eu fui vocal de apoio na turnê do Edu Falaschi. No show de São Paulo, em janeiro, o Edu me falou que o Roy iria participar do show, que ele iria trazer o Roy para cantar e me pediu, como eu faço a direção dos backing vocals dos shows, às vezes regravo o que precisa quando tem coral…
O Roy cantou Center Of The Universe, depois de 13 anos, e eu fiz os corais da música. Quando o Roy veio ensaiar, eu já estava em São Paulo, ele veio falar comigo e me elogiou. Ele me agradeceu e disse que era um belo trabalho.
Nós conversamos bastante nesse tempo, eu dei o álbum Solares para ele, contei sobre o conceito do álbum, pegamos o contato um do outro.
Sabe quando o santo bate? Você olha para alguém e pensa que seria amigo dele independente de qualquer coisa.
Quando o Conception veio tocar em São Paulo, ele me mandou uma mensagem me chamando para tocar nesse show. Eu aproveitei o ensejo e o convidei para cantar na nossa música.
Como o show foi postergado, eu lembro que falei com o diretor dos clipes de Ethereal e Lunar Vortex e perguntei se o Roy conseguiria ficar alguns dias a mais no Brasil para gente gravar. Ele aceitou e foi incrível.
A gente continuou conversando e quando teve essa ideia do show de São Paulo, ele pensou no Maestrick, foi uma coisa natural.
Ele chegou terça passada em São José do Rio Preto, ficou uma semana, levei ele na churrascaria, em uma festa junina que tem aqui perto, em Mirassol.
O Roy comeu curau, cocada, tomou quentão, comeu pastel… Ele adorou a Carreta Furacão (risos).
Eu também comprei um presente para ele, vou dar um par de Havaianas e um pacote de bala de café que ele provou aqui no estúdio e gostou.
CR: E essa experiência de tocar The Black Halo? O que a gente pode saber desse show?
Caldeira: Você pode saber que ele está muito emocionado. A energia do ensaio foi incrível, a gente se preparou absurdamente. No primeiro dia, a hora que acabou o ensaio, ele falou que a gente já poderia subir no palco.
Os arranjos que o Bruno Oliveira fez da parte sinfônica ficou lindo.
O que eu garanto é que você vai chorar muito, você vai se emocionar do começo ao fim. No último ensaio, como eu ficava muito atento a parte da direção musical, dos backings, eu estava concentrado, mas no último ensaio eu não me segurei, eu chorei. Fiquei discreto, na minha, mas confesso que fiquei emocionado.
Ele também falou que ficou muito emocionado de voltar a cantar essas músicas, que ele tem muitas memórias boas dessa época.
A voz dele está intacta! Vai ser um dia histórico!
CR: Quais os planos futuros para a banda?
Caldeira: A gente esperou esse show com o Roy para então começar os shows do Lunare.
Dia 12 de julho temos o primeiro show, embora a gente tenha tocado no Bangers Open Air dois dias depois do disco sair. Mas agora é o lançamento mesmo.
Vai ser no La Iglesia em São Paulo e os ingressos estão disponíveis.
Depois temos um show dia 26 em Araçatuba, vamos ser o headliner de um festival. Mais um show em Rio Preto, nossa casa.
Em julho eu acho que serão esses shows porque em agosto a gente vai se dedicar para a gravação de um novo videoclipe. Vai ser a maior produção que a gente fez até agora.
A gente embarca para os Estados Unidos para fazer o ProgPower USA em Atlanta, será dia 2, 3, 4 e 5, a gente irá tocar no segundo dia.
Estamos marcando shows, então vamos continuar em turnê e pretendemos ir até o final do ano e no que vem, pelo menos.
Todas as informações sobre o show do Roy Khan com Maestrick tocando The Black Halo no Brasil estão aqui: https://confererock.com.br/edu-falaschi-em-sao-paulo-roy-khan-fara-show-solo-especial-com-orquestra-celebrando-20-anos-de-the-black-halo-do-kamelot/
SERVIÇO:
Edu Falaschi + Roy Khan & Maestrick + Noturnall + Auro Control
Dia: 05/07/2025 (sábado)
Abertura dos portões: 20h
Local: Tokio Marine Hall – R. Bragança Paulista, 1281 – Várzea de Baixo, São Paulo/SP, 04727-002
Ingressos: https://www.ticketmaster.com.br/event/edu-falaschi-tokio-marine-hall