Entrevista: May “Undead” Puertas – Torture Squad
Batemos um papo com May “Undead” Puertas, a vocalista do Torture Squad. Na conversa, ela falou sobre o novo disco o vivo “Tortura en La Iglesia En Vivo”, planos de comemoração de 30 anos do TS, as inspirações para um novo disco e a mulher na cena metal nacional. Confere só!
FOTO: Heitor Schewchenko
FOTO DESTAQUE: Leo Benacci
Confere Só: Olá, May, obrigado por no ceder tempo para uma entrevista!
CS: Vem aí um disco ao vivo e você poderia nos contar um pouco mais sobre o registro?
May: O álbum “Tortura en La Iglesia En Vivo” surgiu de uma oportunidade de registrarmos um show completo num novo espaço de eventos em São Paulo chamado La Iglesia que tem membros do Ratos de Porão entre os cabeças , então foi uma ótima chance de mostrar não só o poderio atual do TS, mas também enaltecer a qualidade de uma casa de shows que vem se destacando no underground. Deste material vão sair dois clipes (Um deles – Horror and Torture – já está disponível no nosso canal) e também uma versão física do CD que será lançado ainda este ano pela Voice Music, contando com uma música inédita nos bônus. Gostaria de ressaltar o excelente trabalho de nossos
filmmakers Caike Scheffer e Kelvin Aguiar pelo trabalho incrível na concepção dos vídeo clipes filmados no dia, e também parabenizar nosso guitarrista Rene Simionato que foi responsável pela mixagem deste álbum.
CS: Para a banda, é mais difícil trabalhar esse material ao vivo do que o que vem do estúdio?
May: Na verdade não, os processos são bem semelhantes em todos os nossos lançamentos. Fechamos parceria com uma gravadora, lançamos videoclipes , merchandising, distribuímos as músicas nas plataformas de streaming e realizamos turnês de divulgação, da mesma forma que os álbuns de estúdio.
CS: Há um bom tempo desde o último lançamento de estúdio do grupo “Far Beyond Existence”. O que ocasionou essa demora e já há material composto para um novo?
May: Desde o lançamento do Far Beyond Existence em 2017 a banda esteve em extensas turnês de divulgação deste trabalho, passando por toda América Latina onde encerramos no México em 2019 após o Rock in Rio. Neste período iniciamos as composições de um novo disco, mas devido a pandemia tivemos que reprogramar nossas agendas de lançamento. O Torture Squad tem um disco inédito pronto, esperamos que em 2023 ele possa finalmente chegar até nossos fãs.
CS: Nós passamos por momentos difíceis nos últimos anos. A pandemia, guerras e rixas políticas com o país dividido. Isso tudo tem sido combustível para escrever e deve estar relatado em um próximo álbum?
May: Muitas das composições no quesito lírico já estavam prontas antes de passarmos pelo ápice deste período caótico. O avanço da degradação da floresta amazônica, resultado da negligência do governo vigente, e o total descaso com nossos povos indígenas me inspiraram a criar composições que demonstram minha revolta diante destes cenários. Com certeza tivemos espaço para abordar relações humanas e a maneira que conduzimos nossa existência neste planeta durante estas transformações profundas. A pandemia em especial , me fez pela primeira vez escrever uma composição em que abordo questões pessoais como ansiedade e síndrome do pânico que se acentuaram durante o período de isolamento .
CS: Para o ano de comemoração dos 30 anos do Torture Squad, quais os planos nos palcos?
May: 2023 com certeza será um ano especial, mesmo estando focados nos novos lançamentos não faltará atenção para as celebrações da banda, que é algo que já se tornou costume . Desde que me juntei ao Torture participei de ações comemorativas dos álbuns Hellbound e The Unholy Spell que contaram com turnês tocando os discos na íntegra e participações de ex-membros como Victor Rodrigues. Temos muitas ideias em pauta, podem esperar por algo a altura destes 30 anos de carreira.
May, quando você passou a integrar o Torture, a cena ainda via poucas mulheres com grandes destaques por aqui, principalmente no metal extremo. Como surgiu e como foi receber esse convite?
CS: Antes de integrar o Torture Squad eu estava trabalhando com minha antiga banda Necromesis desde 2013, já havia excursionando abrindo shows do Vital Remains e Master e lançado dois trabalhos de estúdio . Integrei o Torture Squad em 2015 em um período que o cenário estava cada vez mais se voltando para o protagonismo feminino e acredito que muito disso se deve a evidência conquistada pelo Nervosa, que foi uma banda que o Torture Squad acompanhou e apoiou desde de seu início. Fui indicada pela minha amiga Fernanda Lira (Crypta) e recebi o convite muito honrada e feliz em poder fazer parte da história de uma banda tão emblemática , este time com certeza contribuiu para a quebra de preconceitos e motivou ainda mais mulheres a firmarem suas carreiras dentro do metal extremo.
CS: Hoje nós já temos maior representatividade feminina no cenário metal com diversos nomes de peso, incluindo o seu próprio. Ainda assim, você enxerga de uma forma equilibrada a resposta às artistas mulheres do cenário?
May: O Brasil se destaca com um volume muito grande de mulheres participando do cenário em todos os estilos, parece clichê dizer que “quando uma cresce, todas crescem’ mas é uma reação em cadeia positiva que vem acontecendo ao redor do mundo. Existe muito a ser construído ainda , mas com certeza estamos caminhando na direção certa na música . É importante não esquecer que não é apenas o combate ao machismo e representatividade feminina que devem estar em pauta, existem questões raciais e de gênero que ao meu ver precisam de uma maior representação, espero cada vez mais poder ver mulheres negras e LGBTQIA conquistando espaço na música pesada.
CS: Uma pergunta para finalizarmos e que você pode responder tanto como a May profissional, como a fã de metal. Algumas reuniões têm acontecido por aí nos últimos tempos e uma das que mais dividiram opiniões foi a do Pantera sem os falecidos irmãos Abbott e com rota para o Brasil no próximo mês. O que você acha dessas reuniões?
May: É uma pergunta bastante delicada pois apenas as pessoas mais próximas às bandas sabem realmente o que se passa nos bastidores de uma reunião como essa que com certeza mexe com os fãs . Quando comecei a ouvir metal, o Pantera era uma das minhas bandas favoritas, e lia entrevistas em que Vinnie Paul descartou diversas vezes uma reunião do Pantera e demonstrava não querer ligações com Phil Anselmo, mas o Phil e Rex também escreveram essa história, e não me deixa surpresa eles querem reviver isso de alguma forma anos depois. Atualmente vi o Zakk Wylde declarar em entrevistas que não se trata de uma reunião e sim um tributo à memória do legado dos irmãos Abbott, e acredito no respeito e amizade que ele tinha com os caras.
CS: Muito obrigado pela oportunidade, May! Fique a vontade para algum recado ou mensagem ao leitores do Confere Só e o seus fãs!
Muito obrigado pelo espaço, um forte abraço a todos que apoiam e acompanham meu trabalho e do Torture Squad!
Parabéns pela entrevista! Ótimas perguntas e respostas. May é uma vocalista e tanto! Grande abraço.
Ah muito obrigado por ter lido e gostado! E a May foi super gentil em me ceder um pouco do tempo dela para a entrevista!