Epica e Fleshgod Apocalypse fazem “noite sinfônica europeia” com shows intensos e impactantes em São Paulo
Texto: Tiago Silva
Foto: André Tedim
O TERRA SP teve, no último domingo (14), uma demonstração mais que positiva do poderio do Metal Sinfônico europeu para uma legião de fãs que lotou o local rapidamente. Os italianos do Fleshgod Apocalypse e os holandeses do Epica finalizaram a turnê brasileira na Zona Sul de São Paulo, sob organização da Liberation, após passarem por outras cinco cidades no país, esbanjando total intensidade e técnica dentro do Death Metal Sinfônico e do Metal Sinfônico, respectivamente.
Os italianos (com a adição de um ucraniano) do Fleshgod Apocalypse vieram para a terceira passagem pelo Brasil, após passagens em 2017 e 2019 e em meio às divulgações do último álbum da banda, “Opera” (2024); enquanto os holandeses (e um belga) do Epica, em meio às divulgações do recente “Aspiral” (abril de 2025), estiveram na 12ª passagem – as passagens anteriores foram em 2005, 2008, 2010, 2011, 2012, 2015, 2016, 2018, 2019, 2022 e 2024.
Ambas as bandas contaram com um local lotado e retribuíram a presença com sonoridade e setlist impecáveis que, apesar de deixarem determinadas faixas clássicas de fora, conseguiram dividir o repertório de seus últimos álbuns lançados com clássicos de outros lançamentos. Da parte do Fleshgod Apocalypse, o poderio e técnica do Death Metal Sinfônico foi presente em todos os integrantes, a destacar a velocidade, precisão e técnica de seu baterista, Eugene Ryabchenko e a dupla de vozes carismática Francesco Paoli e Veronica Bordacchini.
Já no Epica, Simone Simons, um show vocal e performático à parte, era a pessoa mais idolatrada da noite – e com razão -, assim como também foi acompanhada pela atuação e execução enérgica de seus companheiros de banda, que tornaram a experiência ainda mais memorável no Terra SP, seja pelo instrumental, seja pela circulação pelo palco e interação com o público de todos os setores, seja até mesmo pela dedicação a Andre Matos, em “The Last Crusade”, no dia que também marcou o que seria o 54º aniversário do vocalista brasileiro.
Houve, ainda, espaço para que, na última música da noite, a clássica “Consign to Oblivion”, os integrantes pudessem organizar um wall of death e um circle pit em uma pista premium abarrotada de fãs, mas enérgica em todo espaço disponível.
Fleshgod Apocalypse
A playlist de músicas do PA foi interrompida e as luzes se apagaram no Terra SP às 19h30. O baterista ucraniano Eugene Ryabchenko subiu ao palco com uma bandeira da Itália em um mastro e a deixou no centro superior do palco, pronto para que Veronica Bordacchini, vocalista de Soprano e das vozes limpas da banda, subisse para iniciar o show de fato. Para cada microfone frontal havia uma caveira e uma bandeira do Brasil enrolada.
Veronica abriu o setlist com “Ode To Art – De’Sepolcri”, primeira de cinco das 12 faixas que englobam o álbum “Opera”, o sexto do Fleshgod Apocalypse, lançado em agosto de 2024. O canto, um verdadeiro ode à fragilidade da vida, ecoou por todos os cantos do local e foi alvo de aplausos ao final, ainda mais com a entrada dos demais membros: o próprio Eugene, Francesco Ferrini (piano), Fabio Bartoletti (guitarra) e Francesco Paoli (baixo e vocais sujos).
Com o quinteto formado, a banda trouxe “I Can Never Die” como uma continuidade parelha ao álbum mais recente da banda. A música em questão trouxe a primeira impressão da qualidade geral da banda e do sistema de som: iluminação adequada, espaço para circulação dos integrantes, instrumentos audíveis e uma performance apoteótica por todos da banda. No último tópico, vale o destaque à variação vocal de Veronica, os blast beats e viradas de Eugene e, claro, o gutural absurdo e dedicado de Francesco que, nesta faixa, cantou justamente a sua superação ao acidente que sofreu em 2021, em uma montanha de Spoleto, na Itália, numa experiência de quase-morte.
“É um prazer se apresentar no Brasil”, afirmou Francesco após a primeira faixa. A forma como ele e a banda demonstraram carinho, de imediato, foi com maior potencial musical na faixa seguinte, “Minotaur (The Wrath of Poseidon)”, que faz parte do disco “Labyrinth” (2013). A sonoridade, mais densa que a da faixa anterior, foi suficiente para o delírio de fãs que estavam em determinadas partes das pistas, a destacar um, na grade da pista comum, que não parou de cantar e de balançar a cabeça neste momento e em outras faixas mais antigas no decorrer do show. Não somente o show de luzes impressionou, como a velocidade de Eugene com seus pedais duplos ajudou no impacto da apresentação e Francesco Ferrini chegou a sair do piano para narrar um trecho da faixa. Logo depois, uma espécie de “breakdown sinfônico” terminou de concluir a apoteose sonora do Fleshgod Apocalypse.
A apresentação seguiu com “The Fool”, única música a representar o álbum “King” (2016). Velocidade e precisão foram palavras-chave para descrever o poderio da faixa que, mesmo com algumas poucas reduções rítmicas, tinham nos riffs e solos de guitarra, na condução do teclado e nas linhas e viradas apoteóticas de bateria uma base ferrenha para a faixa. Em seguida, “Pendulum” retomou o repertório para o disco mais recente da banda, com uma sonoridade que ora beirava o clima apocalíptico com a sonoridade de guitarra, baixo e bateria, ora o ambiente sinfônico claro, encabeçado pela voz de Veronica e as notas absurdas do piano de Francesco Ferrini.
A sexta faixa do show foi “Sugar”, do disco “Veleno” (2019), que foi amplamente comemorada pelos fãs só pelo começo sussurrado e gravado. A euforia aumentou com a sequência técnica de Eugene Ryabchenko e Fabio Bartoletti, com viradas e um solo de guitarra velozes, além de o baterista ainda ter tempo suficiente, em um trecho parado da faixa, para ir à frente do palco e ajudar Paoli e Veronica a pedir heys do público.
O baixista e vocalista do Fleshgod Apocalypse aproveitou a pausa da metade do show para, novamente, agradecer o público pela presença e reforçar o quanto ele e a banda acharam incrível o retorno ao país. Além disso, ele também incentivou os fãs a um rápido concurso de melhor dança para ganhar uma das bandeiras do Brasil que estavam no microfone e, junto a isso, fazerem um gesto com as mãos que lembrava o de uma bailarina dançando.
O retorno dos integrantes ao palco veio com “Morphine Waltz”, num instrumental cadenciado pelas notas de piano de Ferrini – que, durante a música, chegou a tocar de pé, tamanho o ânimo no palco -, o ritmo veloz dos demais instrumentistas e gritos mais estridentes de Veronica nos primeiros versos. Houve espaço, ainda, para outro ótimo solo de guitarra por parte de Fabio, na parte final da música.
O show seguiu com “No”, single avulso de 2020 que foi iniciada pela iluminação em azul e branco, seguida de um instrumental absurdamente rápido e bem cadenciado. Palhetadas e blast beats eram dominantes durante a faixa, além de fortes transições para o pedal duplo e guturais mais graves de Francesco Paoli. Porém, o potencial praticamente dobrou nos segundos finais da música, gerando outra ótima finalização e mais aplausos calorosos tanto dos fãs da banda, quanto dos fãs de Epica, que ficaram cada vez mais impressionados com a performance da banda italiana ao vivo.
Outro recorte que contou a luta pela vida de Francesco Paoli veio em “Bloodclock”, indicado pelo vocalista como um “life song”. A sonoridade, ainda potente, veio encabeçada por um Eugene totalmente inspirado na bateria, trazendo momentos de blast beats e de viradas poderosas no início da faixa. Veronica, na segunda metade, veio com um canto suave que antecedeu e alternou com o solo de guitarra de Bartoletti. Ao final, a banda trouxe outro breakdown apoteótico, que contou com a ida de Francesco Perrini para o lado da bateria, apenas para bater em um dos pratos no ritmo final.
A faixa “Epilogue” começou com os flashes pedidos por Veronica, que deu um show de carisma antes da faixa, ao dar boa noite e pedir barulho na língua portuguesa, e no início dela, com um vocal de ópera impecável em meio ao instrumental poderoso dos colegas de banda. Há uma parte mais parada em que Eugene pôde vir à frente do palco, novamente, para pedir aplausos rapidamente e, na volta, cadenciar uma finalização poderosa para a faixa. Eugene ainda voltou a sair de seu posto, desta vez para ir ao pit de fotógrafos para agradecer e cumprimentar os fãs da grade.
A reta final do show contou com mais duas faixas. A primeira foi “The Violation”, do álbum “Agony” (2011), que esbanjou, mais uma vez, o poderio técnico de Eugene Ryabchenko, com blast beats ainda mais rápidos e demais linhas poderosas do início ao fim. Junto a isso, Francesco Ferrini foi praticamente um regente, com um piano ainda mais presente na faixa, Fabio Bartoletti executou outro solo rápido na reta final e, em toda a faixa, Paoli usou guturais mais graves e impactantes.
Já a última faixa do Fleshgod na noite foi o cover de “I’m Blue (Da Ba Dee)”, do trio italiano de Dance Music e Eletrônica Eiffel 65. Para ela, o grupo fez uma certa encenação e algumas brincadeiras antes de começá-la de fato, como a ida de Eugene ao teclado para tocar as primeiras notas e inflamar o público – enquanto Ferrini, em tom de brincadeira, fazia sinais de negativo, apesar de o baterista ter tocado muito bem -, e o discurso contextualizado de Paoli. Quando foi pra valer, a banda conseguiu divertir e impressionar o público ao mesmo tempo, transformando uma faixa eletrônica dançante em uma versão poderosa e técnica dentro do Death Metal Sinfônico.
O semblante de felicidade foi evidente em todos ao final do show, seja pelos agradecimentos incessantes, seja pelas gravações que fizeram, ainda no palco, com o público, de modo a registrar aquele momento. E isso também refletiu na impressão positiva tanto dos fãs presentes, quanto nos que viram ou ouviram a banda pela primeira vez e que, com certeza, ficaram impressionados com os elementos musicais, performáticos e luminosos que o Fleshgod Apocalypse conseguiu mostrar bem e ao mesmo tempo.
Epica
Se o TERRA SP já estava cheio durante o show do Fleshgod Apocalypse, a situação ficou ainda mais abarrotada no Epica, com a chegada dos mais “atrasados”. Isso refletiu na pista comum que, antes com espaços para circulação, lotou ainda mais a ponto de atrapalhar as filas do bar central; da mesma forma que, na pista premium, se locomover para as regiões centrais era um desafio.
A ansiedade do público foi breve, já que o tempo de espera foi menor e, faltando cinco minutos para o show principal, a introdução já tocava nas caixas de som. Era “The Pretender”, do Foo Fighters, cantada timidamente por quem estava mais longe do palco, mas bem ecoada por todos nos refrões. Às 20h59, as luzes foram apagadas para o início de mais um show mágico para o público presente.
Os primeiros gritos de euforia surgiram com a aparição de uma das logos do Epica e na entrada de Ariën van Weesenbeek (bateria) e cresceram conforme os músicos do Epica entravam no palco. Mark Jansen (guitarra, vocais sujos), Isaac Delahaye (guitarra, vocais sujos), Rob van der Loo (baixo) e Coen Janssen (teclado e piano) vieram na sequência, esquentando ainda mais o clima ao iniciarem “Cross the Divide”, primeira das cinco faixas do álbum mais recente da banda holandesa, “Aspiral”, lançado em abril deste ano, que estiveram no setlist de 14 faixas para a noite em São Paulo.
Quando Simone Simons (vocal) entrou no palco e começou a cantar “Cross the Divide”, as pistas do Terra SP foram abaixo e, junto aos presentes nos mezaninos, acompanharam a vocalista principalmente no refrão. Era visível que todos estavam animados e, sendo só o começo, haveria mais surpresas performáticas na noite.
O clima ficou ainda mais eufórico quando a sonoridade sinfônica inicial de “Unleashed”, clássico do álbum “Design Your Universe” (2009), ecoou na casa de eventos. A letra foi amplamente cantada, acompanhando uma Simone que parecia levitar no palco com a voz impecável, enquanto os músicos praticamente não paravam em seus postos. O mais impressionante foi o piano de Coen Janssen, que podia girar em 360 graus – e que ele abusou da mecânica quando não precisava tocar. A faixa, por um todo, foi uma aula de Metal Sinfônico em todos os aspectos.
A plateia das pistas acompanhou os guitarristas, o tecladista e baixista ao pular incessantemente no início de “Sensorium”, clássico do álbum de estreia do Epica, “The Phantom Agony” (2003), convertendo novamente a energia em canto ao acompanhar as notas perfeitas de Simone. A frontwoman fez questão de agradecer ao final da faixa e afirmar que estava “muito feliz de estar em São Paulo com pessoas bonitas”. O show prosseguiu com outro som do último álbum da banda, “Apparition”, com notas mais pesadas, um telão repleto de pilhas de televisões antigas sem sinal e com Simons dançante no centro superior do palco.
Mark Jansen dedicou “The Last Crusade” a Andre Matos. A música em questão faz parte do segundo álbum da banda, “Consign to Oblivion” (2005), na qual Andre participou como tenor nas faixas do disco. Coincidentemente, o show ocorreu no mesmo dia em que o ex-Angra e Shaman completaria 54 anos, o que tornou o momento ainda mais emocionante e, da mesma forma, mais simbólico pela memória do Maestro do Rock. Ainda assim, sobrou energia para que os músicos e o público pulassem durante os momentos de refrão.
Essa energia continuou em “The Obsessive Devotion”, do álbum “The Divine Conspiracy” (2007), com a boa cadência de pedais duplos por parte de Ariën van Weesenbeek (reverenciado por Coen) e o duo vocal de Mark Jansen e Simone Simons em diversos momentos, alternando os guturais do guitarrista com o lírico da frontwoman, e as interações dos demais músicos com os fãs e as câmeras, seja na frente ou nas laterais do palco. O público, quando solicitado, trazia cantos e gritos de “hey”. A faixa “Fight to Survive” veio em seguida, com mais pulos do público e, na reta final, um lindo solo dos guitarristas da banda.
A música “Arcana” foi dedicada por Simone Simons aos fãs brasileiros do Epica. Ela os agradeceu por todo o suporte à banda nos últimos anos e converteu isso a outra performance vocal impecável, somada ao instrumental da banda ao longo da faixa. No telão, havia uma espécie de “túnel infinito” que animou o palco e que trouxe um tom hipnótico à execução da faixa. A plateia usou a faixa como um momento propício para encher e erguer balões em formato de coração, como uma demonstração do amor ao Epica. Ao final da faixa, inclusive, ela recebeu uma dessas bexigas, posou junto a ela e elogiou a forma como os brasileiros decoram todas as letras do grupo.
O Epica seguiu com “Unchain Utopia”, única representante do álbum “The Quantum Enigma” (2014) e cujo refrão também foi amplamente cantado pelo público. O destaque, além de mais uma execução poderosa da banda e do vocal de Simone, foi o cenário apocalíptico do telão, com nuvens brancas e céu e lua vermelhos.
O clima apoteótico cedeu espaço para o motivacional com “Aspiral”, com letra pautada na importância da autoconfiança e do autoconhecimento e que Simone, antes do início desta música, também discursou a favor de que seus fãs não desistem de seus sonhos. No início da música, Coen Janssen e Simons eram os únicos presentes em um palco com luzes focadas na vocalista, que novamente mostrou seu potencial vocal da melhor forma possível. Os demais integrantes voltaram para concluir a faixa em um belo instrumental.
Em “Design Your Universe”, o início ainda lento, com linhas suaves de guitarra (com sonoridade de violão) e a arte de uma supernova, marcaram a escalada instrumental que desaguou em um ritmo mais pesado e agitado antes da voz de Simone. Após dois minutos de faixa, os guturais dos instrumentistas de cordas se tornaram predominantes, alternados com a voz suave de Simone e o balançar de braços do público.
A pausa após o primeiro grande bloco de músicas foi rápida, a ponto de os músicos voltarem em conjunto para a clássica e combativa “Cry For the Moon”, do disco “The Phantom Agony”, cujas críticas às Igrejas pelos casos de abuso infantil e doutrinas de alienação ecoavam no soprano de Simone e nos guturais dos demais músicos. A banda, por um todo, trouxe um instrumental até mais pesado que na versão de estúdio da música, mas sem modificar o ritmo original. A frontwoman do Epica também usou da reta final da faixa para gravar seus companheiros de banda tocando.
Já em “Beyond the Matrix”, o tema retomou para uma temática libertadora e de autoconhecimento, algo que, além da letra cantada por Simone, também foi demonstrada na movimentação dos músicos que, em diversos momentos, mudaram de lugar ou executaram a música de forma muito animada. Coen Janssen, por exemplo, usou do breakdown da faixa para, por três vezes, pegar impulso e pular antes de tocar uma nota mais “forte” da faixa. Isaac Delahaye executou um belo e rápido solo de guitarra na reta final da faixa, assim como contribuiu para uma finalização apoteótica junto à banda.
Por fim, “Consign to Oblivion” finalizou o show com um “caos organizado” desde o início instrumental do teclado de Coen, quando Simone dedicou a faixa aos Metalheads presentes e, do palco, organizou junto a Mark, Isaac e o tecladista do Epica um wall of death na pista premium que, apesar do aperto pela lotação, aconteceu no boom do instrumental e se transformou em um mosh animado por alguns minutos. Nesse tempo, a banda trouxe o instrumental pesado das guitarras e bateria e os guturais de Mark e Coen, contrastados ao soprano de Simone, porém sem perder as características de Metal Sinfônico que consagraram o Epica ao longo dos anos 2000 e 2010. Foram os quase dez minutos mais apoteóticos da noite não só pelos fatos contados anteriormente, como por poder observar, ao circular pelas pistas do Terra, pessoas dançando em grupo ao fundo da pista comum, coros em diversos pontos, um circle pit na pista premium, pedido pelos músicos enquanto Simone estava fora momentaneamente para o trecho instrumental, e um clima de euforia que, juntos, indicam o quão boa foi a décima segunda passagem do Epica por São Paulo.
O próximo passo das bandas é a sequência da turnê latino-americana. Mas se depender da banda, após a apresentação deste domingo e sabendo da força da base de fãs brasileiros, a próxima vinda ao Brasil não será tardia.
Confira os setlists abaixo:
Fleshgod Apocalypse
- Ode to Art (de’ Sepolcri)
- I Can Never Die
- Minotaur (The Wrath of Poseidon)
- The Fool
- Pendulum
- Sugar
- Morphine Waltz
- No
- Bloodclock
- Epilogue
- The Violation
- I’m Blue (Da Ba Dee) – cover de Eiffel 65
Epica
Intro: The Pretender (Foo Fighters)
- Cross the Divide
- Unleashed
- Sensorium
- Apparition
- The Last Crusade (com dedicatória a Andre Matos, que faria 54 anos no dia)
- The Obsessive Devotion
- Fight to Survive
- Arcana
- Unchain Utopia
- Aspiral
- Unchain Utopia
Encore:
- Unchain Utopia
- Beyond the Matrix
- Consign to Oblivion
Bom para quem foi, valeu!!!!