Haken desfila sua fauna progressiva em domingo de alto nível em São Paulo

FOTOS POR THAMMY SARTORI (em cobertura ao site Headbangers Brasil)

Com 7 álbuns lançados em pouco mais de uma década de atividade, não foi difícil para o sexteto inglês Haken chamar atenção para seu som marcado por compassos quebrados, melodias marcantes, vocais versáteis e jams cheias de momentos lúdicos. Essa combinação de fatores atrai um público um tanto quanto nichado, porém muito fiel, o que se provou no último domingo, 1º de outubro, com um show de casa cheia no Carioca Club, na capital paulista. Em passagem pela América Latina, o sexteto inglês retorna ao país para divulgar seu último lançamento, “Fauna”, álbum que foi majoritariamente composto durante a pandemia e teve os primeiros singles lançados apenas em 2022, após os exímios músicos terem lapidado o trabalho que, desde seu lançamento completo, em março deste ano, têm recebido excelentes avaliações da crítica e do público.

Desde as 17h já era possível avistar pessoas com camisetas da banda e também de outros grupos do estilo, como Opeth, Dream Theater, etc, formando fila para garantirem sua entrada assim que abrissem as portas (18h) e ficarem próximos de seus ídolos; também houve muitos que preferiram curtir dos camarotes para uma visão mais ampla do palco e um pouco mais de conforto.

Pontualmente, às 19:30h, as luzes se apagam e as cortinas se abrem para revelar o palco com um plano de fundo de estampa floral, referência à capa do álbum, e que também foi replicada nas camisas dos músicos, dando uma certa vibe tropical muito diferente do que costuma-se ver em shows de rock. Um a um os músicos vão ocupando seus lugares e o espetáculo se inicia com “Taurus”, faixa que também abre o disco. O vocalista Ross Jennings saúda o público com um enérgico ‘Good evening São Paulo’ e já emendam com “In Memoriam”, do álbum de 2013, The Mountain; a empolgação do baterista Raymond Hearne fez algumas partes da bateria saírem de lugar, e enquanto ele arrumava o equipamento, Ross diz que é bom estar de volta após 4 anos, desde sua última vinda em 2019, turnê do álbum “Vector”, e agradece aos fãs pela recepção calorosa. Assim que a bateria está pronta, vem mais um som de “Fauna”, “Sempiternal Beings”, faixa bem cadenciada com um refrão explosivo e uma atmosfera meio espacial que deixa todos imersos. A banda resolve re-visitar um outro hit de “The Mountain”,Cockroach King”, e os fãs fazem questão de acompanhar o coro quase operístico do início. O entrosamento dos músicos Richard Henshall (guitarra), Charles Griffiths (guitars) Conner Green (baixo) e Peter Jones (teclados) fica evidente nas passagens jazzísticas da faixa, que são executadas com tanta facilidade que faz parecer mera brincadeira. Ao final da canção, Ross se aproxima mais do público numa área baixa do palco e puxa uma “ola”.

Em seguida, é hora de uma faixa icônica, daquelas mais longas, como o público de prog já está acostumado: “The Architect”, do álbum “Affinity,” de 2016, que, em sua gravação original, conta com uma colaboração de Einar Solberg (Leprous) nos vocais guturais, mas que aqui foi executada inteiramente pelo próprio Ross, exibindo assim uma versatilidade incrível de seu alcance. O público canta a plenos pulmões os últimos versos junto à banda, que, ao final, diz que os fãs sul-americanos são sempre os melhores. Aproveitando essa interação com a plateia, Ross brinca e pergunta se pode cantar uma canção de amor, e após a permissão de todos, vem a já esperada “Lovebite”, provavelmente a música mais radiofônica da banda, com menos de 4 minutos de duração, riff groovado, refrão grudento e corais “ô, eô” intercalados entre os versos, perfeitamente replicados pelos fãs sob a regência de Ross. Quem diz que show de prog é chato precisa vir a um show do Haken para mudar de opinião.

Chegando à metade do show, a banda revisita o album Virus, de 2020, e toca “Prosthetic” e “Invasion”, que são faixas mais direto-ao-ponto e com refrões repetitivos, para em seguida promover uma verdadeira viagem musical através de diferentes cenários: primeiro, pela savana, com “Elephants Never Forget“, última faixa de Fauna a ser performada; depois, pelas dunas desérticas com “Pareidolia”, última de The Mountain, e pelo longínquo espaço sideral com “Celestial Elixir”, do primeiríssimo álbum da banda, Aquarius, de 2010, com destaque para os belos arranjos de teclado, originalmente compostos por Diego Tejeida, mas muito bem executados por Peter Jones, que está de volta à banda após tanto tempo. Emocionados, os fãs cantam o coro até o final, quando a banda se despede e sai brevemente do palco para se recompor.

É chegada a hora do encerramento, e os músicos então retornam ao palco com a suite Messiah Complex e todos os seus 5 movimentos, totalizando 17 minutos. O setlist foi igual ao show de Curitiba, na noite anterior. Sem dúvida, uma apresentação impecável, que deixou os fãs muito felizes e ansiosos para o que o futuro reserva ao Haken e sua criatividade infinita.

Setlist:

Taurus

In Memoriam

Sempiternal Beings

Cockroach King

The Architect

Lovebite

Prosthetic

Invasion

Pareidolia

Elephants Never Forget

Celestial Elixir

Bis:

Messiah Complex I: Ivory Tower

Messiah Complex II: A Glutton for Punishment

Messiah Complex III: Marigold

Messiah Complex IV: The Sect

Messiah Complex V: Ectobius Rex

 

 

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