Helloween: 25 anos do controverso “The Dark Ride”
Há 25 anos, o Helloween lançava “The Dark Ride“, o nono e provavelmente, mais polêmico álbum da banda alemã e é tema do nosso bate-papo desta quinta-feira.
Este é o último álbum a contar com o guitarrista Roland Grapow e o baterista Uli Kusch, que saíram logo depois de concluída a turnê. Em entrevista na época, concedida para a revista brasileira Rock Brigade, Andi Deris e Michael Weikath deram a entender que eles forçaram a barra para que Roy Z e Charlie Bauerfeind fossem os produtores, e também eles deram essa sonoridade mais sombria que a banda não costuma ter em seus álbuns, o que gerou desconforto interno.
O baixista Markus Grosskopf não citou nominalmente Roland Grapow e Uli Kusch, mas deu a entender que os demais integrantes se deixaram levar por sugestões que foram dadas e foram percebidas principalmente na sonoridade final. Aspas para ele:
“The Dark Ride foi meio que construído, todas as pessoas estavam nos dizendo tente isso, vamos fazer isso, você sabe, é um bom álbum, mas é uma maneira muito difícil de fazer discos quando há alguém sempre te irritando o tempo todo. o álbum soou assim porque certas pessoas queriam que trabalhássemos com outras certas pessoas. Deixamos as pessoas entrarem e mexerem nos arranjos, e retrabalharem as letras, e geralmente fazerem exatamente o que queriam. Eles queriam que trabalhássemos assim, e nós concordamos. Se eles queriam que fizéssemos dessa forma, então estávamos dispostos a tentar e ver o que aconteceria com isso.”
Eles foram para o estúdio “Mi Sueño Música”, localizado em Tenerife, nas ilhas Canárias, Espanha, durante o primeiro semestre do ano de 2000, levando os dois produtores e o clima era tenso. Michael Weikath alegou em entrevista que não gravou quase nada do que se ouve das guitarras deste álbum. Andi Deris, disse ter ficado surpreso de maneira negativa quando viu o álbum pronto e alegou que não era bem o que ele esperava ter feito.
A mudança parecia ser bem radical, pois não só a sonoridade estava mais sombria em algumas faixas, mas a capa também. Ainda que traga a abóbora mascote da banda, mas o fundo negro do espaço sideral, como se abóbora estivesse fora do nosso planeta observando os demais astros, também traz essa impressão, que contrasta com as capas dos álbuns anteriores, todas multicoloridas. A capa foi desenhada por Rainer Laws.
Bolacha rolando, o Helloween nos apresentou novas sonoridades, ainda que algumas características tenham se mantido. Há o bom e velho Power Metal, como em “Salvation“, “We Damn the Night” e na faixa-título, temos as composições radiofônicas típicas de Andy Deris, como “If I Could Fly” e “Immortal“, mas o grande barato aqui é o peso nunca visto antes (nem tampouco depois) em músicas como “Mr. Torture“, “Escalation 666” e “Mirror Mirror“. O Helloween agradava, mesmo que à contragosto.
O álbum recebeu críticas positivas por parte dos jornalistas musicais, tem uma boa aceitação por parte dos fãs e até figurou em algumas paradas de sucesso pelo mundo: 11° no Japão, 19° na Finlândia, 26° na Alemanha, 38° na Suécia, 43° na Itália e 68° na Suiça. Os músicos remanescentes parecem detestar o nosso aniversariante, pois desde 2016 as músicas “If I Could Fly” e “Mr. Torture” não foram mais tocadas nos shows da banda.
Em 2001 o Helloween saiu em turnê que começou dia 23 de janeiro em Vigo, na Espanha e foi até o dia 12 de agosto do mesmo ano, em San Javier, também na Espanha. Após a turnê, Uli Kusch e Roland Grapow foram demitidos e no ano seguinte eles formariam o Masterplan, que segue em atividade até os dias atuais, porém, sem Uli. E os shows que a banda fará no Brasil daqui a alguns dias, terá o brasileiro Marcus Dotta na bateria.
Apesar de rejeitado pela própria banda, trata-se de um belíssimo álbum e é uma pena que o Helloween não tenha continuado a trilhar o caminho que começou e encerrou aqui em “The Dark Ride“, o que é compreensível, pois hoje com Michael Kiske e Kai Hansen de volta, é natural que a banda continue fazendo o Power Metal de sempre. O play envelhece bem, obrigado.
Hoje é dia de celebrar este álbum. Eles seguem em plena atividade, tendo lançado neste ano o excelente “Giants & Monsters“. Essa semana foi anunciado que o Helloween estará pelo Brasil em setembro do ano que vem, na turnê que vai comemorar os 40 anos de existência da banda. As datas e locais dos shows serão anunciados em breve. Longa vida ao Helloween.
The Dark Ride – Helloween
Data de lançamento – 30/10/2000
Gravadora – Nuclear Blast
Faixas:
01 – Beyond the Portal
02 – Mr. Torture
03 – All Over the Nations
04 – Escalation 666
05 – Mirror Mirror
06 – If I Could Fly
07 – Salvation
08 – The Departed (Sun Is Going Down)
09 – I Live for Your Pain
10 – We Damn the Night
11 – Immortal
12 – The Dark Ride
13 – The Madness of the Crowds
Formação:
Andi Deris – vocal
Michael Weikath – guitarra
Roland Grapow – guitarra
Markus Grosskopf – baixo
Uli Kusch – bateria
Participações especiais:
Jörn Ellerbrock – teclado
Rolf Köhler – backing vocal
Billy King – backing vocal
