Iron Maiden: há 42 anos, Bruce Dickinson estreava com “The Number of the Beast”

Há 42 anos atrás, o mundo era bem diferente: vivíamos o período da guerra fria, onde as nações se dividiam no apoio aos Estados Unidos e a então União Soviética, em uma guerra que felizmente não passou da ideologia. No Brasil, vivíamos uma crise estratosférica e um governo que apesar de pertencer à ala militar e ditatorial, fazia a intermediação para o retorno da democracia. E no universo da música, o Iron Maiden lançava neste 20 de março, “The Number of the Beast”, o terceiro álbum da gloriosa carreira dos britânicos e certamente um dos três discos mais influenciadores do Heavy Metal de maneira geral. Essa pérola é tema do nosso bate-papo por aqui nesta sexta-feira.

A banda vinha de dois bons álbuns e um vocalista emblemático que era Paul Di’anno, mas ele destoava dos demais membros da banda, por ser conhecido pelo abuso de drogas, em especial, cocaína. E no momento em que o quinteto começava a ficar famoso nos Estados Unidos, Di’anno foi demitido ea explicação foi por ele “não ter carisma e energia no palco”, Para o seu lugar, o chefe Steve Harris recrutou um jovem vocalista vindo do Samsom. Ele é ninguém menos do que Bruce Dickinson.

Bruce exigiu algumas condições para passar a fazer parte desta que se tornaria uma das maiores bandas de Heavy Metal de todos os tempos: ele não abriria mão de cortar seu cabelo e bateu o pé quanto as suas vestimentas, só usaria as roupas que lhe fizessem bem e as que ele quisesse. O que parecia ser muita pretensão, acabou por demonstrar sua personalidade e essa personalidade iria causar seríssimos atritos entre ele e Steve Harris. Isso seria percebido dez anos mais tarde, quando o vocalista se viu obrigado a ter que escolher entre gravar álbuns solo ou permanecer na donzela. Assim sendo, o líder do Iron Maiden acatou as exigências do novato, na decisão mais acertada que ele cometeu na sua vida.

A mudança no vocal foi bastante significativa, pois se Di’anno tinha uma pegada mais Punk, seu substituto tinha (e ainda tem) um timbre melhor, mais potência, os agudos se tornariam uma marca registrada da banda, em igual proporção aos duetos de guitarra e do baixo cavalgado de Steve Harris. As linhas melódicas passaram a ganhar maior destaque, fazendo com que Bruce Dickinson fosse elevado ao patamar dos grandes vocalistas como Ronnie James Dio e Rob Halford, por exemplo. Muitos dos cantores que surgiram tempos depois colocam Bruce como sendo uma de suas maiores influências. Sobre a performance de Bruce, vamos abrir aspas para o produtor Martin Birch.

“Sinceramente, eu não creio que Paul Di’anno fosse capaz de cantar algumas das linhas que (Steve) Harris tinha em mente. Quando Bruce chegou, abriram-se várias possibilidades para o álbum.”

Além de todos os dados históricos, “The Number of the Beast” tem alguns marcos: tatra-se do primeiro álbum a contar com colaborações de Adrian Smith, que escreveu “The Prisioner“, “22 Acacia Avenue” e “Gangland”. È também o único disco a conter o nome do baterista Clive Burr nos créditos, pois este seria também o último registro dele com a banda. Nicko McBrain entraria em seu lugar logo depois e não mais deixaria o posto. Ao que consta, Bruce Dickinson teria participado do processo de composição também, mas por conta de compromissos contratuais com sua ex-banda, o Samsom, ele não pôde ser creditado.

A banda com seu novo vocalista se reuniu no “Battery Studios“, em Londres, por onde ficaram entre os meses de janeiro e fevereiro daquele 1982, na companhia de Martin Birch, que seria o produtor de longa data. Foi neste estúdio que nasceu um dos álbuns que podem definir o Heavu Metal na década de 1980. Temos 39 minutos, oito canções, e talvez, o melhor lado B da história do Metal, com clássicos como a faixa-título, “Run to the Hills” e “Halloweed by Thy Name“, isso sem contar com outras músicas como “Invaders” ou “Children of the Dawn“. É um álbum irrepreensível, a estreia com chave de ouro de Bruce Dickinson.

O álbum foi um verdadeiro sucesso de crítica e também comercial, sendo o disco mais vendido da carreira do Iron Maiden, com mais de 14 milhões de cópias vendidas mundo afora. Foi certificado com Disco de Ouro na Áustria, Alemanha e Suíça; Platina nos Estados Unidos e no Reino Unido e triplo Platina no Canadá. Foi o primeiro álbum do Iron Maiden a alcançar o Topo das vendas no Reino Unido e o single “Run to the Hills” foi o primeiro a entrar no Top 10 britânico.

Nem tudo foram flores, pois “The Number of the Beast” recebeu duras críticas por conta da temática religiosa em algumas das letras e a capa também colaborou para tal. Aliás, a capa merece um destaque a parte, é de longe a mais bela do Iron Maiden, tendo a mascote Eddie com uma marionete do diabo e espalhou-se pelo mundo a fantasiosa história de que a banda é satanista por tais fatos. Querendo ou não, isso ajudou a voltar ainda mais os holofotes para a banda. Ainda sobre a capa, o fundo azul se deveu a um erro de impressão, que foi corrigido na edição de relançamento em 1998, onde o findo fiou mais escuro.

É sabido do gosto por futebol por parte dos integrantes do Iron Maiden. Steve Harris, inclusive é um fanático torcedor do West Ham, clube de Londres. E há uma informação no encarte do play aniversariante do dia que aconteceu uma partida de futebol entre o Iron Maiden contra os alemães do Scorpions. A peleja acabou empatada pelo placar de 1 a 1.

Além do reconhecimento dos fãs e de outros nomes notáveis do Heavy Metal, o nosso mais novo quarentão recebeu honrarias da revista Kerrang!, que classificou o álbum em 6° na sua lista dos 10 Melhores Álbuns de Sempre do Rock e em 15° na lista dos 50 Álbuns Mais Influentes de Sempre; A Rolling Stone por sua vez, fez uma votação entre seus leitores para compilar uma lista dos Melhores Álbuns de Heavy Metal de sempre e o álbum ficou em 4º lugar. O website IGN compilou uma lista com os 25 Melhores Álbuns de Heavy Metal de Sempre e “The Number of the Beast” ocupa o 3º lugar. E juntamente com o álbum de estréia, é um dos citados no livro “1001 Discos que Você Precisa Ouvir Antes de Morrer“, do autor Robert Dimery.

Enfim, um baita disco, com um legado imenso e que se faz merecedor de toda homenagem. Temos um encontro marcado com o Iron Maiden aqui no Brasil, no mês de dezembro, com shows apenas na cidade de São Paulo. Então vamos aproveitar, porque somos afortunados de ter nascido na mesma época que o Iron Maiden. E olha que a Lady Gaga andou dizendo que o Iron Maiden não tem nenhum hit. Eu conto ou vocês contam? Longa vida à Donzela.

The Number of the Beast Iron Maiden
Data de lançamento – 22/03/1982
Gravadora – EMI

Faixas:
01 – Invaders
02 – Children of the Dawn
03 – The Prisoner
04 – 22 Acacia Avenue
05 – The Number of the Beast
06 – Run to the Hills
07 – Gangland
08 – Hallowed by the Name

Formação:
Bruce Dickinson – vocal
Steve Harris – baixo –
Adrian Smith – guitarra
Dave Murray – guitarra
Clive Burr – bateria

One thought on “Iron Maiden: há 42 anos, Bruce Dickinson estreava com “The Number of the Beast”

  • maio 20, 2024 em 3:21 pm
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    Disco polêmico, de estréias e com grandes clássicos!!!! valeu!!!!

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