Kiko Loureiro volta a falar sobre saída do Megadeth e cita “nada acontecendo” e “rotina” na hora de tomar decisão

Foto: Thammy Sartori

Quando Kiko Loureiro anunciou que estaria deixando o Megadeth no ano passado, ele citou principalmente, a sua família como uma das motivações para tomar sua decisão. Durante participação no podcast Sem Filtro, junto com Régis Tadeu, Paulo Baron e o cantor Lobão, ele citou novas razões para se decidir na hora de abrir mão da vaga.

Após Lobão citar uma situação pela qual passou com uma gravação sua, onde pessoas da administração falaram como deveria ser feito o registro, Kiko emendou falando sobre como essa falta de liberdade foi um dos novos motivos revelados. Ele diz, conforme transcrito pelo Confere Rock:

Eu lembro dessa história, dessa decisão, assim, né? Porque a liberdade, você poder fazer o que você quer fazer, é muito mais importante. É mais importante você estar numa banda; você faz parte de uma engrenagem. Todos ali, todos, é uma engrenagem do Music Business, que você chamou de primeira linha, que seja da Live Nation, da Universal. É uma engrenagem das corporações maiores, que tem as bandas muito maiores, os artistas maiores. Então, o Megadethe está ali no meio, e tem os artistas, a equipe e tal, né? 

E você faz parte ali. Eu fiquei um tempão, foi legal demais, aprendi um monte de coisa, viajei o mundo, fiz tudo. Tem uma hora que eu achei que tipo, não precisava mais, entendeu? Porque não tinha uma expectativa de ter um álbum novo. Assim, como artista e compositor, e gostar de criar, eu não via nada acontecendo. Não tinha ninguém me impedindo de fazer um álbum solo também, que eu fiz durante o meio disso tudo, mas tem a minha família. Eu estava sentindo que estava muito longe de casa, já tinha feito muitos anos dessa vida, e eu achei que já tinha sido suficiente.”

Régis então argumenta na sequência: “Você foi lá e viu como era, né? A real, né?

Kiko continuou:

“Eu vi como é, como funciona. Vivi aquilo, legal demais. Mas tem uma hora que você fala: rotina, você fica repetindo aquilo. Aí você começa a ver: tipo, vai ser de novo. Depois, você tocou pela terceira vez em, sei lá, em Nashville, em quarta, quinta turnê, não sei o que tal. Você fala: bom, e aí? E aí, você tá tocando. Tem um lado, assim, que até eu conversei, tava conversando com o Zack Wylde sobre isso agora, né? Que é: você, tudo bem, eu fiz três composições no Dystopia, que ganhou Grammy, e tenho, eu acho que, oito das 13 músicas do The Sick…”

Régis mais uma vez acrescenta nesse ponto: “Aliás, foi a única ocasião em que o Dave Mustaine repartiu crédito de praticamente um disco inteiro, e o disco é bem legal deiga-se de passagem

O guitarrista então da continuidade:

“E então, foi muito legal participar disso. Se tivesse assim: “Ó, daqui a um ano a gente vai fazer um novo”, talvez eu tivesse me animado um pouco mais. Mas a questão é: vai, turnê, turnê. Aí você toca uma música que você participou, sabe? Uma, duas, na realidade. Você tá tocando sempre da história da banda, que faz parte disso tudo, porque é o que é, né? 

Então, assim, tem uma hora que você busca e fala: “Agora, negócio, eu tô com 52 anos.” Você fala: “Cara, que tipo, meus próximos 10 anos, que que eu quero fazer?” Entendeu? Tenho essa possibilidade, essa liberdade de poder pensar: “Ah, eu quero tocar essas mesmas 15 músicas, 20 músicas que eu já toquei nos últimos 8 anos, que alguém tocou, que alguém fez, nos meus próximos 10 anos, ou eu quero me desafiar em outras coisas?”

Lobão então acrescenta a fala de Kiko:  “Ainda mais você, sendo compositor e criador, você tem muita vontade, necessidade de criar

Kiko finaliza:

“Exatamente, é meio que tipo um alimento; você precisa criar alguma coisa, entendeu?”

O bate papo completo pode ser visto abaixo. A fala de Kiko acontece a partir de 2:15hrs.

 

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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