Kiss se despede de BH em um espetáculo de encher os olhos
Espetáculo!!! Essa é a palavra que define o show do Kiss. Goste ou não da banda, não tem como dizer algo diferente disso: os caras são verdadeiros mestres de cerimônia! A essa altura da sua carreira, mais precisamente o fim dela, eles sabem muito bem como criar um show que até a pessoa mais avessa ao seu som, caso tivesse oportunidade de ver uma apresentação, sairia de lá com um sorriso no rosto.
Na última noite de quinta-feira, dia 20 de abril, o Kiss se apresentou em Belo Horizonte no estádio Mineirão para fazer o seu último show na capital mineira, já que esta apresentação faz parte da “End Of The Road Tour”, ou seja, a turnê de encerramento da carreira. E esse show não poderia ter sido melhor, já que o Sepultura foi escalado como banda convidada.
Às 17hrs em ponto, os portões do estádio foram abertos e os fãs que já aguardavam ansiosamente, logo correram para garantir seu lugar na grade para poderem ficar o mais próximo possível dos músicos. O Kiss estava programado para entrar às 21hrs, então para aqueles que já esperavam por essa apresentação há alguns meses desde o seu anúncio, ficar 4 horas ali na frente não seria muito difícil. A estrutura montada para o show foi grandiosa como de costume e representava muito bem a essência do que é o Kiss. Estátuas gigantescas de cada um dos quatro músicos foram posicionadas ao lado do palco (duas de cada lado) e só isso já chamava muito a atenção. O clima já estava todo preparado para recebermos uma das maiores bandas de Rock’n’Roll de todos os tempos.
Com o estádio não muito cheio ainda, precisamente às 19hrs, todas as luzes se apagaram para que o Sepultura fizesse as honras da casa. Já fazia algum tempo que a banda não se apresentava na sua terra natal e o que se observava era que uma boa parcela dos presentes estava ali não só pelo Kiss, um número considerável de pessoas ostentava suas camisetas do Sepultura. Quando a banda ingressou no palco ao som da introdução de “Isolation“, ficou nítido que Derrick Green (vocal), Andreas Kisser (guitarra), Paulo Jr. (baixo) e Eloy Casagrande (bateria) estavam felizes de voltar aos palcos de BH. Paulo estava com a camisa do seu time de coração, o Atlético Mineiro, e isso causou uma reação mista do público, enquanto alguns gritavam o nome da banda, outros celebraram gritando o nome do time.
O Sepultura alcançou o posto de uma das maiores bandas de Heavy Metal mundial não foi à toa, o que eles fazem no palco é sem precedentes. Som groovado, pesado e que ao vivo consegue tirar do chão até aquela pessoa que não se importa muito com o seu som. Já na segunda música mandaram um dos seus maiores clássicos ,“Territory”. Sem dúvidas um dos grandes destaques é o Eloy, impossível não se impressionar com a violência que ele espanca a bateria. “Means to an End” do último álbum de estúdio, o “Quadra” veio na sequência e arrancou reações bem positivas de todos. “Kairos” fez todo mundo bater cabeça em “Propaganda” uma grande roda de mosh se abriu. Derrick é um excelente frontman e agita o tempo todo.
Em “Guardians of Earth” Andreas fez a bela introdução no violão e arrancou muitos aplausos. Essa é sem dúvidas uma das melhores faixas do seu último álbum. Antes de iniciar a próxima, Andreas bateu um papo com o público, se desculpou por terem ficado tanto tempo sem visitar BH e ainda brincou com o fato do Paulo estar usando a camisa do Atlético-MG. Aí foi inevitável, nesse momento parte do público vaiou e outra parte gritava a plenos pulmões: Galooo! Essas reações são sempre muito legais, mas logo os gritos de apoio aos times mineiros deu lugar a um uníssono grito do nome da banda. E assim já emendaram “Dead Embryonic Cells” e “Agony of Defeat”.
Caminhando para o final do show, Andreas convidou ao palco seu filho Yohan Kisser para tocar “Refuse/Resist”. “Arise” veio em seguida e trouxe junto outra enorme roda de mosh. Para fechar o show Yohan retorna ao palco e executam “Ratamahatta” com imagens do vídeo clipe da música nos telões e encerram com um dos seus maiores clássicos, “Roots Bloody Roots”. A apresentação do Sepultura durou exatamente uma hora e correu sem problemas. Agora só nos restava esperar o espetáculo que estava por vir.
Próximo das 21hrs o público já preenchia praticamente todos os espaços do estádio, e o que se viam eram pessoas de todas idades, desde crianças até pessoas mais velhas. Foi lindo ver a quantidade de pessoas com caras pintadas em homenagem ao Kiss. Quando as luzes se apagaram e a música “Rock and Roll” do Led Zeppelin começou a sair dos alto falantes, todos já sabiam o que viria na sequência. E ali estávamos, todos prontos para presenciar um dos últimos shows do Kiss.
No telão, as imagens mostravam a banda deixando o camarim e se direcionando para o palco. Eram exatamente 21hrs quando a intro de “Detroit Rock City” começou a ser tocada e a enorme cortina que cobria o palco se abaixou. E ali estavam eles, Paul Stanley (voz e guitarra), Gene Simmons (voz e baixo), Tommy Thayer (guitarra) e Eric Singer (bateria) descendo em plataformas suspensas com direito a muita pirotecnia. Início de show marcante e quase insuperável.
O repertório para uma apresentação de quase duas horas de duração estava recheado de clássicos e agradou a todos aqueles que estavam presentes. Foram clássicos atrás de clássicos ao longo das 23 músicas apresentadas. E em nenhuma delas, era possível ficar parado ou não se impressionar com a performance dos mestres de cerimônia.
Assisti ao show sabendo de todas as críticas sobre a banda usar playback ou bases pré-gravadas em diversas passagens, mas posso afirmar que isso não afeta em absolutamente nada o espetáculo. A voz do Paul está bem roca, até mesmo nos momentos que ele gritava “Belo Horizonte, are you having a good time?”, era possível perceber isso. Mas a sua interação com o público e carisma fazem com que todos passem a nem se importar com os recursos utilizados para que sua voz ficasse perfeita ao vivo. O show é tão intenso que até se você assistir sem escutar nada, é possível sair de lá de boca aberta.
“Shout It Out Loud”, “Deuce”, “War Machine” e “Heaven’s on Fire” vieram na sequência sem dar tempo para o público respirar. São músicas ora dançantes, ora mais rock n´ roll impossíveis de deixar o público parado. Em “I Love it Loud”, Gene cospe fogo e leva todos à loucura.
O show continua sempre agitado e sempre com algumas inserções bem teatrais e algumas performances de brilhar os olhos, como o solo de guitarra do Tommy. O que impressiona não é necessariamente seu domínio do instrumento, mas sim todo o teatro feito em volta da sua performance. A cada momento ele se direciona para um canto do palco para derrubar um disco voador virtual. Um verdadeiro show de pirotécnica.
Para quem é familiarizado com as músicas do Kiss sabe muito bem a força que elas ganham ao serem executadas ao vivo. “Lick It Up”, “Makin’ Love” e “Calling Dr. Love” são faixas simples de uma certa forma, mas que nas apresentações da banda ganham muita força e tem boa resposta do público.
Como qualquer movimento dos músicos no palco se torna algo grandioso, imagine o solo de bateria. Ver o Eric Singer tendo sua bateria elevada por uma plataforma enquanto quebra tudo no instrumento é demais. E praticamente na sequência do solo de Eric, vem o solo do Gene. Esse certamente é uma das partes mais aguardadas por todos, pois é nesse momento que ele cospe sangue enquanto vocifera como um verdadeiro demônio. Ele já emenda sua performance com “God of Thunder” que foi certamente um dos ápices do show.
Antes de iniciarem “Love Gun” Paul conversou com o público e falou que aquela era a terceira vez do Kiss em BH, mas infelizmente a última vez que tocariam na cidade. Só nos restava aproveitar essa despedida curtindo junto com os músicos. Nesse momento Paul pega a tirolesa e vai para o elevado no meio do público, ficando por lá até o final da próxima música, a “I Was Made for Lovin’ You”.
Caminhando para o final eles executaram “Black Diamond”, se despediram e saíram do palco. Mas logo a produção apareceu carregando um piano e o posicionou no centro do palco. E assim Eric Singer tocou e cantou “Beth”, arrancando suspiros de todos. A banda tocou “Do You Love Me” e fechou com a apoteótica “Rock and Roll All Nite” com direito a chuva de confetes e fitas e Paul quebrando a sua guitarra, arrancando sorrisos e abraços de quem estava ali. Uma verdadeira festa. Ao final só se via pessoas emocionadas e muitos se abraçando em comemoração ao espetáculo que havia acabado de acontecer.
Quem já teve a oportunidade de conferir um show do Kiss sabe que tudo que acontece é grandioso. Se você já viu algum show só pela televisão, não faz ideia como é estar ali. Ficar a poucos metros do palco vendo o show acontecer é sem explicações. Quem viu, viu.
Nós aqui do site Confere Rock ficamos extremamente gratos pela oportunidade de cobrir esse show e agradecemos a Vianello Assessoria e a Opus Entretenimento pelo credenciamento que tornou essa experiência possível.
Setlist
Sepultura
- Isolation
- Territory
- Means to an End
- Kairos
- Propaganda
- Guardians of Earth
- Dead Embryonic Cells
- Agony of Defeat
- Refuse/Resist (com Yohan Kisser)
- Arise
- Ratamahatta (com Yohan Kisser)
- Roots Bloody Roots (com Yohan Kisser
Kiss
- Detroit Rock City
- Shout It Out Loud
- Deuce
- War Machine
- Heaven’s on Fire
- I Love It Loud
- Say Yeah
- Cold Gin
- Solo de guitarra
- Lick It Up
- Makin’ Love
- Calling Dr. Love
- Psycho Circus
- Solo de bateria
- 100,000 Years (trecho)
- Solo de baixo
- God of Thunder
- Love Gun
- I Was Made for Lovin’ You
- Black Diamond
Bis:
- Beth
- Do You Love Me
- Rock and Roll All Nite